sábado, março 04, 2006

MÃOS

Minhas mãos te darão o mais terno carinho.
E julgarás que é o vento a soprar de mansinho.
Sussurrando canções e desfeito em desvelos.
A desmanchar de leve os teus brancos cabelos.
No meu seio, - que a uma onda talvez se pareça.
Recostarei, feliz, enfím,tua cabeça.
E nada, nenhum ruído há-de perturbar.
Meu próprio coração mais baixo há-de pulsar.
Quando o sol castigar as frondes e as raízes.
Com o meu corpo farei a sombra que precises.
E se o inverno chegar, ou sentires frio.
Em mim hás-de achar todo o calor do estio.

Não te rias, bem sei que te digo tolices.
Mas ha! se compreendesses tudo, ou sentisses.
A alegria que sinto ao falar assim.
Talvez que não te risses, meu amor, de mim...

Teu olhar é meu sol! Vivo da sua luz!
E mesmo que esse amor seja como uma cruz.
Eu o levarei comigo em meu itinerário.
E o bendirei na dor ascendendo ao calvário!
Sem ele não existo; e sem ti o meu destino.
Será vazio, assim como o bronze de um sino.
Que ficou mutilado e emudeceu seus sons.
Na orquestra matinal dos outros carrilhões!
Quero ser tua sombra até, e quando tudo.
Te abandonar na vida, e o frio, e queda, e mudo.
Encerrarem teu corpo em paz sob um lajedo.
Eu ficarei contigo a teu lado, sem medo.
E sozinha e sem medo eu descerei contigo.
Oh! meu único amor! oh! meu querido amigo !
Para que nossos corpos juntos, abraçados.
Fiquem na mesma terra em terra transformados.