quarta-feira, novembro 29, 2006

RENASCI

Vagueando desde o princípio dos tempos pela mais escura das noites, sentindo o frio mais enregelado e perseguida por uma fome e sede eternas, eis que algo em mim me indica uma direcção para onde olhar. Lá bem longe, onde a vista se esforça por tentar alcançar, nota-se o que parece ser um ténue ponto luminoso para onde me dirijo com toda a pressa que o meu cansaço permite. Entre a pressa de a atingir e a dor que nos olhos se vai agudizando pelo aproximar da luz, agora definida como tal, reparo que começo a sentir o que desde hà muito não sentia... um coração que bate, uma sofreguidão de inalar algo a que os meus pulmões aspiram, as dores musculares da passividade do nada fazer enfím um corpo que se sente.
Eis então, que a minha demanda pela luz chega ao fím...mergulho na dor do choque com a luz que me endoidece, esbracejo, tento agarrar-me a algo que me tire a loucura do sítio onde me encontro o onde acabo de chegar. Tacteio, toco, apalpo, sinto...PLATTTTTTTTTT!!!Acabo e sentir uma palmada, uma palmada que me faz gritar a plenos pulmões e enche-me os mesmos de um ar frio mas agradável. Abro os olhos e vejo a sorrir para mim uma deusa, sim, trata-se de uma deusa, de roupas brancas e quaze que transparentes e com um sorriso acolhedor que me dá esperanças de ter chegado a um bom local para deixar de ter medos e de me sentir só.
Sim, hoje renasci e apelo à protecção da deusa para que me acolha no seu seio e proteja-me do mundo onde vim parar...Aiwé Maria, aiwé...

segunda-feira, novembro 06, 2006

Acordar

Acordo no silêncio e nem é a casa, nem é da casa que brota o silêncio. O mar.
também não é do mar que vem do silêncio, não sei se bravo hoje, se atordoante ou se seguro as marés do seu colo. Mas não é do mar que vem o silêncio, de onde vem? preciso de me calar, falo de mais, tenho escrito pouco, mas não deveria escrever nada sobre árvores, homens , e sentimentos. A escrever que escreva sobre o silêncio e o seu ruído vazio. Quem faz esse silêncio que assoma? quem? o mar não é, a solidão também não. De onde vem então? calem-se, calo-me, quero ouvir de onde vem.