quinta-feira, outubro 29, 2009

Se eu chorar


Se eu chorar, não tenhas piedade, nem compaixão, porque é um sentimento lindo. É o extremo de um poeta, que seria de nós, se não tivéssemos o pranto como companheiro, a lua e o sol como rima.
E a solidão como sina?
Que seria de nós poetas, se apenas rissemos, ora, ora, rir. Todos riem, se apenas aplaudissemos, aplaudir todos aplaudem, mas poucos têm a grandiosidade de mostrar o seu pranto.
Se eu chorar sei que me ouvirás, se eu fracassar, tua mão me estenderás.
Fica comigo, aqui, quietinho, houve meu pranto como das criançinhas.
Ouve meu silêncio, sou como o pássaro que se delicia com a água do pranto do seu banho.
Sou como as aves que batem as asas felizes ao encontrarem-se.
Senta-te a meu lado, acaricia-me como a um cãozinho feliz ao chegar o seu dono.
Se eu ainda chorar.
Chora um pouco comigo, quem sabe se não é do teu pranto que tanto preciso?
Se não conseguires, não te vás, tem pelo menos a delicadeza de esperar.
Quem sabe se ao te ver, meu delirio possa acordar, e um sorriso te possa dar.
Então terá valido a pena esperar.
Mas, se eu chorar ainda mais, não fujas, fica.