Já pensaram que a existência humana é tantas vezes assim? Passamos dias, semanas, meses , a construir os nossos sonhos e, num breve instante, alguém tropeça neles e tudo se desfaz e desmorona, numa sucessão de azares impossível de travar.
Quando o meu dominó começa a cair, junto-lhe mais peças na cauda e aproveito para limpar fantasmas na enxurrada. Ao menos sofro tudo de uma vez, condenso a frustração num par de dias e fico a enxaguar a tristeza até ela secar ao sol.
Depois, com muita calma, começo a montá-lo outra vez e, aos poucos, vejo-o a crescer sózinho, como se o embate que fez cair as peças tivesse o poder de as levantar.
A esta capacidade rara de transformar problemas em soluções e encontrar novos caminhos em encruzilhadas já chamei persistência e sentido de justiça.
Sou e serei a mulher mais persistente que se cruzou no teu caminho, nunca conhecerás outra que acredite tanto na justiça dos seus sonhos e que, por isso mesmo, nunca desista deles.
Cada escravo carrega a chave da sua liberdade. A minha está perdida no fundo do mar. Do meu mar de dúvidas, de solidão, de incertezas, por detrás do meu muro de auto-suficiência onde me escondo, imaginando-me protegida por uma armadura, porque cresci sozinha num mundo que me era estranho e agora se tornou familiar, mas que não faz parte do meu passado nem combina bem com a minha herança genética. Por mais fria que eu tenha me mostrado ao crescer, entregue a mim mesma em colégios austeros de pardes escuras e raparigas fardadas a rigor, por mais fleuma portuguesa e formalidades que me tenham incutido durante esses longos e solitários anos de crescimento e aprendizagem, o meu sangue é português e foi aqui perto que eu nasci. Como acontece a todas as mulheres, Há várias dentro de mim: Há a que sonha em abraçar o mundo e há a que quer um lar e precisa de colo: Há a romântica que sabe tocar a minha alma com enorme cuidado e sensibilidade.Há a cerebral que adora o campo, onde todos pensam que o trabalho está acima de tudo, a emotiva que namora com Sintra e gosta de se perder nas suas ruas estreitas, respirando o ar do oeste, sob o sol que quaze nunca me abandona. Tantas mulheres numa só! E eu sem saber qual quero ser, sem poder escolher...É muito difícil viver assim, sobretudo com a lucidez que sempre me acompanhou, sabendo que todas são verdade, que todas vivem em mim.
A minha chave está perdida, devia tentar encontá-la...Sou assim, gosto de acreditar que tudo pode ser possível, que os meus sonhos, se forem bons para mim e o melhor para o mundo, se podem realizar.
Tenho a sorte de ter nascido um espírito livre. Ou de me ter tornado um espírito livre.
segunda-feira, maio 28, 2007
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1 comentário:
Parabens e bem vinda. Fazias falta neste espaço, já sentia saudade. Gostei muito destas palavras e tu sabes porquê. Beijinho
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