quarta-feira, setembro 22, 2004

Sombras

Para além das sombras é o sol que impera.
Superada a dor, enchugado o pranto.
Sorriu para além do medo.
Está de volta força e desejo.

Algures, para lá da região sombria.
Há sol novo.
Acredito ergo os olhos, na ansiedade do querer.
A realidade e o amor nascerá por si.
Mas, a bela colheita da semente ocasional.
Eis o que conta.E traz consigo o sínal.

segunda-feira, setembro 20, 2004

Energia

Amarmos a nós próprios é uma aventura maravilhosa, é como aprender a voar. Saí do trabalho, notei que estava febril, meus olhos ardiam, via luzes, transpirava e sentia frio. Fui buscar o carro meio tropega!... Pedindo a Deus para me proteger, para poder fazer tudo aquilo, tive que acreditar que era possível. Creio na minha ligação constante com Deus, através dessa centelha de luz ele rege a minha vida, e nas minhas fraquezas ele me ampara. Ao chegar a casa, os meus passos tremiam tinha 39º de febre - Penso que não delirava!... Vi os rostos dos meus colegas quando saí do CD. Senti os seus olhares de ternura, e de amizade, e deu para o meu coração, formar um jardim, e saber que sou feliz por trabalhar com eles. É um sinal em que o universo repara e nos compensa da falta de amor daqueles que nós amamos. Sacudo as mãos e depois esfrego uma na outra, não gosto de estar doente. Rezo e partilho a minha energia das mãos, sei que através delas sou outro ser humano, é uma tamanha honra e privilégio e é também uma coisa tão simples de fazer. Partilhar a minha energia com os meus amigos, sei que cura. O juntar das mãos quero dizer - Eu preocupo-me, estou aqui por ti amo-te.
Boa noite Senhor. Juntos podemos encontrar respostas. E assim é.

sábado, setembro 18, 2004

Acordei

Quando acordei, as persianas do meu quarto estavam em cima, o Manuel olhava para mim. Fiquei alguns minutos sem dizer nada, pronta para fechar os olhos - caso ele se virasse.
Como se percebesse o que eu pensava, ele voltou-se e olhou-me nos olhos.
- Bom dia - disse - Bom dia. Fecha as persianas, quero dormir estou cansada.
- Preciso ir tomar café - disse ele.
- Eu vou vestir-me - respondi.
E então eu levantei-me, afastei as cortinas e deixei o sol entrar. Andei alguns minutos parecia um mosquito dum lado para o outro. Entrei na casa de banho olhei-me no espelho, meu rosto estava muito branco, vi uma lágrima nos meus olhos, eu não estava feliz. Fui tomar café com ele!... Eu estava calada, porque falar era péssimo; e minha alma chorava ao mesmo tempo que ele falava. Tu pareces triste - disse ele em certa altura.Quis vir tomar café contigo, e ir contigo às compras e tu nem reparas. Penso que nem o ouvia. E voltava a repetir - Existe algum motivo para a tua tristeza. Tu és o responsável pela minha tristeza, isso eu não quero dividir contigo nem com ninguém, gosto de dividir a felicidade porque é algo que se multiplica quando se divide. - Em que é que estás a pensar? - perguntou. - Eu respondi!... Em vampiros. Nos seres da noite, trancados em si mesmos, desesperadamente à procura de companhia. Mas incapazes de amar.
Ele perguntou ? - Eu sou o actor!... Eu pensava em conseguir cravar uma estaca. O som dum carro a travar trouxe-me de volta à realidade, levantei caminhei meus passos ecoava até ao carro, não me lembro onde parei, senti minha cabeça escaldando e eu tremia de frio. Eram 7 h e 30 m da manhã, fui até aos lagos no Algueirão, olhando para a água lembrei-me das palavras dele - fechei os olhos , penso que queria dormir para sempre. O vidro do carro estava semi-aberto, senti salpicos de água no meu rosto - olhei não vi ninguém meio assustada liguei a ignição do carro e pensava. Certos lugares são assim para mim - podem ser arrasados por guerras, perseguições e indiferença. Mas permanecem sagrados. Então, alguém passou por ali, e sentiu o meu pensamento, e foi ao meu encontro e reconstrói-o. Olhei o céu dava-me uma sensação estranha - tinha a nítida impressão de que algo vindo do céu me espreitava, fiz o sinal da cruz. E fui embora.


sexta-feira, setembro 17, 2004

Esqueci

Hoje esqueci porque tanto choraram meus olhos.
Vi o Verão no fim, a terra exuberante a namorar o sol.
Ouvi perto um rouxinol, toutinho de alegria em seu gorgeio.
Viu meus olhos brilharem, vi a apoteose em flor.
Ele trepou a madressilva, a minha janela, e cantou para mim.
E tanta, tanta coisa bela!...
Talvez - pensei - um anjo, que o Senhor mandava.
Transmitir-me, palavras novas de fé de amor.
Pondo fim à minha solidão

quinta-feira, setembro 16, 2004

Luz para hoje

Hoje tive uma manhã ditosa. Saí de casa, de alma agradecida.
Era o dom de um novo dia. O nascer de um dia é dávida sem preço.
Senti os afagos do sol, fecundos e risonhos.
Vieram-me inspirar os mais dourados sonhos.
Cada alvorada é um hino de alegria. Traz-me mil ensejos de fazer o bem.
Dias como este, sabe bem viver. Ansiosa pela benção que dentro de mim contém.
Construí um arco-íris cheio de beleza, sem esperar que outro apareça.
Mudei a noite numa esplêndida alvorada, com um belo pensamento.
Sonhei que meus filhos beijava, milhões de flores aguardavam o momento.
E plantei um jardim de jasmins em pleno Inverno, com o amor que sinto por eles.
Do meu ventre os brotei para a vida, dei amor à benta luz do sol.
Gelada nas noites frias, insurge-se a razão.
Onde dei luz e coração. E eis um dia novo que amanhece.

segunda-feira, setembro 13, 2004

Brisa

Olho a terra à minha volta.
Deito-me no chão, sinto o coração do planeta a bater.
Sinto-me caminhar por montes plantados com oliveiras.
Onde a chuva cai devagarinho, o sol se esconde como uma visão de sonho.
No chão deitada, fico muito tempo sem dizer nada.
Algo me traz de volta à realidade.
E no tempo e na chuva, apenas sorrio.

É a brisa que surge, por detrás daquelas montanhas.
Que me permite, ver e sentir como uma carícia.
O sentimento de alegria que me provoca.
Eu estava imersa no sol, no campo, nas montanhas do horizonte.
Ponho-me a rezar, onde o silêncio da brisa me tranquilizou.
Fico deitada no chão. Meu coração bate fortemente.
O encanto surge!... A manhã e a brisa em perfeita união.
Oiço o ruído da brisa, dos seus passos caminhando.
A brisa me pergunta? Qual é o teu caminho.
Eu respondi!... O caminho de quem procura o amor.
A brisa pegou minha mão, conduziu-me no caminho do céu.

quarta-feira, setembro 08, 2004

Nada existe fora do agora

Eis aqui a chave: acabei com a ilusão do tempo.
Removo o tempo da minha mente e esta pára.
O futuro contém a promessa de salvação, de satisfação.
Seja sob que forma for. Ambos são ilusões.
Eu nem sequer saberia quem sou, porque o meu passado faz-me quem sou.
O passado e o futuro não são igualmente tão reais como o presente.
Nunca nada aconteceu no passado; como agora.
Nunca nada acontecerá no futuro; acontece no agora.
A vida é agora. Nunca houve tempo algum em que a minha não fosse agora.
É o meu único ponto de acesso ao reino, intemporal e sem forma de ser.
Quando penso no futuro, eu estou a pensar agora.Tal como a lua não tem luz própria.
Mas só pode reflectir a luz do sol.
Também o passado e o futuro não passam de pálidos reflexos da luz.
Do poder da realidade do sempiterno presente.
A sua realidade é "pedida emprestada" ao agora.
de repente, tudo parecerá vivo, irradiará energia, emanará o ser.

quarta-feira, setembro 01, 2004

A natureza

Cada uma destas palavras toca o meu coração, e ilumina meu espírito. Evoco, todas elas, ao vento das planícies, que a secura interior dos homens se quebre, que se possa celebrar uma aliança entre o homem e a natureza.

O homem de saber está situado no centro de si próprio.
É dentro de si que ele vê as estrelas moverem-se.
Vê o nascer e o pôr do sol.
É o eterno renascimento de todas as coisas.
As estações da terra são também as estações da alma e as do corpo.
Devo respeitá-la, agradecer-lhe o alimento e a alegria de viver.

Os dias vão-se, como as folhas de Outono arrastadas pelo vento.
Os dias voltam com o céu puro e o esplendor das florestas.
Não me deixo distrair pelo tumulto dos homens.
Pela sua busca insatisfeita e desordenada.

Levanto-me cedo de manhã, molho-me com água fria.
Ofereço uma oração muda ao sol.
O nascer do dia é um acontecimento sagrado.
Volto-me para os outros, aprendo a olhar de outro modo o mundo que me rodeia.
Experimento pensamentos harmoniosos por todas as formas de vida.
Agradeço cantando e dançando como fazem os sóis e as estrelas do céu.
Sei que as árvores falam? Falam comigo e eu sei ouvi-las.