Quando acordei, as persianas do meu quarto estavam em cima, o Manuel olhava para mim. Fiquei alguns minutos sem dizer nada, pronta para fechar os olhos - caso ele se virasse.
Como se percebesse o que eu pensava, ele voltou-se e olhou-me nos olhos.
- Bom dia - disse - Bom dia. Fecha as persianas, quero dormir estou cansada.
- Preciso ir tomar café - disse ele.
- Eu vou vestir-me - respondi.
E então eu levantei-me, afastei as cortinas e deixei o sol entrar. Andei alguns minutos parecia um mosquito dum lado para o outro. Entrei na casa de banho olhei-me no espelho, meu rosto estava muito branco, vi uma lágrima nos meus olhos, eu não estava feliz. Fui tomar café com ele!... Eu estava calada, porque falar era péssimo; e minha alma chorava ao mesmo tempo que ele falava. Tu pareces triste - disse ele em certa altura.Quis vir tomar café contigo, e ir contigo às compras e tu nem reparas. Penso que nem o ouvia. E voltava a repetir - Existe algum motivo para a tua tristeza. Tu és o responsável pela minha tristeza, isso eu não quero dividir contigo nem com ninguém, gosto de dividir a felicidade porque é algo que se multiplica quando se divide. - Em que é que estás a pensar? - perguntou. - Eu respondi!... Em vampiros. Nos seres da noite, trancados em si mesmos, desesperadamente à procura de companhia. Mas incapazes de amar.
Ele perguntou ? - Eu sou o actor!... Eu pensava em conseguir cravar uma estaca. O som dum carro a travar trouxe-me de volta à realidade, levantei caminhei meus passos ecoava até ao carro, não me lembro onde parei, senti minha cabeça escaldando e eu tremia de frio. Eram 7 h e 30 m da manhã, fui até aos lagos no Algueirão, olhando para a água lembrei-me das palavras dele - fechei os olhos , penso que queria dormir para sempre. O vidro do carro estava semi-aberto, senti salpicos de água no meu rosto - olhei não vi ninguém meio assustada liguei a ignição do carro e pensava. Certos lugares são assim para mim - podem ser arrasados por guerras, perseguições e indiferença. Mas permanecem sagrados. Então, alguém passou por ali, e sentiu o meu pensamento, e foi ao meu encontro e reconstrói-o. Olhei o céu dava-me uma sensação estranha - tinha a nítida impressão de que algo vindo do céu me espreitava, fiz o sinal da cruz. E fui embora.
sábado, setembro 18, 2004
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