Eu lembro-me daquele dia, daquele momento que um sim, e um não, podem mudar toda a nossa existência. Parece ter acontecido há tanto tempo e, no entanto, no meu coração o tempo não passa, e nele reencontro o meu espirito que vagueia no tempo, por ai!...Eu sentei e chorei - todas as minhas lágrimas formam um rio no meu espírito, muitas vezes querem correr, mas meu pranto em silêncio formam apenas a correnteza que percorre meu coração. Tinha passado a infância e a adolescência a formar castelos, de vez em quando recebia uma carta ou outra, mas isso era tudo - porque ainda hoje volto aos bosques e ás ruas sonhadas da minha infância, e nada encontro - só solidão por parte de família, onde me queriam dar um caminho!...Dinheiro.
Tinha 14 anos, meu irmão Luis entendia que me queria casar, a forma não interessava - tinha que ser rico. Mais uma vez tinha que fugir do meu predador, o mestre uma vez disse-me!...que o nosso caminho é feito no andar.Pedi a meu irmão, que espera-se mais um pouco, que me deixa-se viver mais um pouco a minha liberdade antes de me comprometer com algo tão sério. Deu-me um estalo, quaze que me rasgou a face, quem era eu para falar em liberdade ou compromisso? Ele é que percebia, eu não entendia nada dessas coisas. Ele era meu irmão mais velho, que sabia tudo, tinha percorrido o mundo e deixava crescer as suas asas - enquanto eu só procurava amor, e criar raízes.Fugi tive que me esconder, queriam que eu desse um sim - que me vendesse. A minha realidade era outra, sentada na chuva parecia um gato molhado. As pessoas que passavam olhavam e riam, mas eu nem dava conta; Estava perdida no meio do sim negado, enquanto me embrenhava de novo por entre os carros, jurando nunca mais pensar em meu irmão e esquecer o seu estalo, e as suas palavras. A água caia-me no rosto, e no corpo - eu parecia uma fonte, eu estava no meio da rua, a tentar seguir minha estrada, ou fintar o trânsito.
Posso ler nos meus olhos.Posso ler no meu coração. Não quero recordar esse dia, mas os fantasmas voltam sempre com a chuva, e quem me olha receio, que meus olhos deixem perceber
domingo, outubro 31, 2004
sábado, outubro 30, 2004
LUISINHA
Por mais que deseje , não consigo fugir de mim - nem das minhas saudades, retratos duma infancia perdida, e duma vida sem razão.
Tento ser objectiva, mas a dor é profunda maltrata e humilha, por mais que queira esconder, mas nos meus olhos só há sombras pezar e muita dor.Para quem tenta esconder a emoção, vou atráz no tempo, e a todo o momento vou para todo o lado.
Luisinha, era asim que me chamavam.
Lembro que aos oito anos, quando me viam chorar para me darem força, diziam - tu és linda o mundo é teu. Viver é maravilhoso aos oito anos de idade - porque se pode, passear no campo, apanhar flores e, sobretudo, criar sonhos. Era o meu sonho ser bailarina, sonhar que voava em bicos de pés, e podia ir além do imaginário, como se fosse uma utopia. Há poucos dias quando fui ao Bombarral, da janela do primeiro andar, olhei o campo!...
E vi uma menina - essa menina projectei-a no tempo da minha imaginação, essa menina era eu!...Fiquei mito feliz por estar a mergulhar na minha meninice, dei por mim a sorrir. Lembrei-me de José Carlos, um menino Algarvio por quem me apaixonei. Pensava - quando for grande, imaginava-me casada com ele, ele nunca soube.
Era muito giro e simpático. A jura que eu fizera aos oito anos, era como uma comunhão, era a promessa de eternidade. Pensava viver no céu com a mãe, e dizia - a vida no céu é parecida com a nossa vida aqui na terra, embora seja melhor. Aqui há carros. Lá não há. Não há poluição, não há fábricas. não deitam as porcarias no chão. Não lutam. Não trabalham, tratam da natureza, da relva e dos animais.Para se ir para o céu é preciso tratar bem as pessoas e a natureza durante toda a vida. O mundo realmente era meu, a minha inocência de criança, não podia compreender que eu vivia noutra esfera. Onde tanta vez eu pensava!...Se eu fosse milionária, arranjava casas e trabalho para todos os que não têm. Os milionários não fazem isso porque são egoistas, snobes, têm manias e, sobretudo, porque são ( Betinhos).
Tento ainda hoje ter uma ideia das pessoas e da sua beleza, e penso que a pessoa que eu vi mais bela - Foi a fotografia de minha mãe. Desci as escadas do primeiro andar e voltei à realidade, a magia tinha acabado.
Tento ser objectiva, mas a dor é profunda maltrata e humilha, por mais que queira esconder, mas nos meus olhos só há sombras pezar e muita dor.Para quem tenta esconder a emoção, vou atráz no tempo, e a todo o momento vou para todo o lado.
Luisinha, era asim que me chamavam.
Lembro que aos oito anos, quando me viam chorar para me darem força, diziam - tu és linda o mundo é teu. Viver é maravilhoso aos oito anos de idade - porque se pode, passear no campo, apanhar flores e, sobretudo, criar sonhos. Era o meu sonho ser bailarina, sonhar que voava em bicos de pés, e podia ir além do imaginário, como se fosse uma utopia. Há poucos dias quando fui ao Bombarral, da janela do primeiro andar, olhei o campo!...
E vi uma menina - essa menina projectei-a no tempo da minha imaginação, essa menina era eu!...Fiquei mito feliz por estar a mergulhar na minha meninice, dei por mim a sorrir. Lembrei-me de José Carlos, um menino Algarvio por quem me apaixonei. Pensava - quando for grande, imaginava-me casada com ele, ele nunca soube.
Era muito giro e simpático. A jura que eu fizera aos oito anos, era como uma comunhão, era a promessa de eternidade. Pensava viver no céu com a mãe, e dizia - a vida no céu é parecida com a nossa vida aqui na terra, embora seja melhor. Aqui há carros. Lá não há. Não há poluição, não há fábricas. não deitam as porcarias no chão. Não lutam. Não trabalham, tratam da natureza, da relva e dos animais.Para se ir para o céu é preciso tratar bem as pessoas e a natureza durante toda a vida. O mundo realmente era meu, a minha inocência de criança, não podia compreender que eu vivia noutra esfera. Onde tanta vez eu pensava!...Se eu fosse milionária, arranjava casas e trabalho para todos os que não têm. Os milionários não fazem isso porque são egoistas, snobes, têm manias e, sobretudo, porque são ( Betinhos).
Tento ainda hoje ter uma ideia das pessoas e da sua beleza, e penso que a pessoa que eu vi mais bela - Foi a fotografia de minha mãe. Desci as escadas do primeiro andar e voltei à realidade, a magia tinha acabado.
sábado, outubro 23, 2004
A caminho de África
1970 Desde aquele dia de Março, em que deixei preso o meu pai no tribunal da Boa Hora, para ir para África, até ao dia em que foi solto, não tive um momento de repouso.
A vontade que eu tinha de ir, era neutralizada por vezes por oposição de família. Que luta que travei entre essas duas ideias que se chocavam, mas sem decisão definitiva!... Noites terríveis sem dormir. Quando às vezes o sono se apossava dos nervos um tanto exaustos, o espírito debatia-se com pesadelos. Eu queria ir para África, mas aquela ideia fixa, aquele desejo insensato, tudo venceu. Ninguém me separaria do meu filho, era a única coisa boa que eu tinha - apesar da minha tenra idade ele era meu e também me amava. Quão caro paguei aquela aventura!... Quantas horas amargas já passadas e quantas terei que passar!... Só tarde pensei em tudo isto.
A minha gravidez de 3 meses, era uma barafunda tremenda. Eu andava cheia de nervos e sempre a vomitar, a cada momento eu me lastimava, tentava encontrar razões para não partir, mas o medo de perder meu filho por ser mãe solteira, eu andava obcecada e só via um caminho África.
O Principe Perfeito, a bordo do qual embarquei, tinha içado o sinal de partida, quando cheguei à muralha. O cais estava apinhado de gente que vinha despedir-se dos que partiam. Entre a multidão abraçada ao meu filho, ninguem se encontrava para nos dar um abraço de despedida. às 13 horas embarcamos , meus olhos marejados de lágrimas, porque eu sentia que estava só meu filho Fernando e grávida de Lourdes Maria, nunca como aquele dia, eu senti, o choque daquele momento. Encostada à amurada, a vista por vezes marejada de lágrimas, eu sentia o coração pulsar desordenadamente. Só uma coisa me preocupava naquele momento - a família. Não a que ficava, mas aquela que eu arrastava para a eventura. A comoção atinge o auge. É então que a realidade se apresenta sem rodeios. Lágrimas teimosas escaldantes pelas faces. Os que ficam começam a debandar, e para nós o primeiro dia de aventura começa.
Cheia de vida, e de fé no futuro, corria-me a esperança de melhores dias. O meu camarote em 2ª classe , o nº 36. A bordo, após três ou quatro dias todos se conhecem. Começam as confidências, e com elas a familiarização. Para mim foi o inferno, 9 dias sempre a vomitar, fiz amigos, e todos os dias logo pela manhã tinha a primeira visita era seguida de pequeno almoço e muito carinho.
Enfim, uns dias melhores outros piores lá fui suportando a cruz que a sociedade me impusera. É assim a vida. Mas duma coisa eu tinha a certeza, eu fugiria para o inferno, mas meu filho era meu - ninguém mo tirava.
Memórias de uma criança adolescente. Por razões pessoais foi obrigada a fugir com seu filho e grávida de outro para África, pelo risco de lhe tirarem os filhos, e pelo motivo de ser mãe solteira. O grave foi na época não permitirem o casamento com o pai dos seus filhos, por ter uma condição social inferior.
A vontade que eu tinha de ir, era neutralizada por vezes por oposição de família. Que luta que travei entre essas duas ideias que se chocavam, mas sem decisão definitiva!... Noites terríveis sem dormir. Quando às vezes o sono se apossava dos nervos um tanto exaustos, o espírito debatia-se com pesadelos. Eu queria ir para África, mas aquela ideia fixa, aquele desejo insensato, tudo venceu. Ninguém me separaria do meu filho, era a única coisa boa que eu tinha - apesar da minha tenra idade ele era meu e também me amava. Quão caro paguei aquela aventura!... Quantas horas amargas já passadas e quantas terei que passar!... Só tarde pensei em tudo isto.
A minha gravidez de 3 meses, era uma barafunda tremenda. Eu andava cheia de nervos e sempre a vomitar, a cada momento eu me lastimava, tentava encontrar razões para não partir, mas o medo de perder meu filho por ser mãe solteira, eu andava obcecada e só via um caminho África.
O Principe Perfeito, a bordo do qual embarquei, tinha içado o sinal de partida, quando cheguei à muralha. O cais estava apinhado de gente que vinha despedir-se dos que partiam. Entre a multidão abraçada ao meu filho, ninguem se encontrava para nos dar um abraço de despedida. às 13 horas embarcamos , meus olhos marejados de lágrimas, porque eu sentia que estava só meu filho Fernando e grávida de Lourdes Maria, nunca como aquele dia, eu senti, o choque daquele momento. Encostada à amurada, a vista por vezes marejada de lágrimas, eu sentia o coração pulsar desordenadamente. Só uma coisa me preocupava naquele momento - a família. Não a que ficava, mas aquela que eu arrastava para a eventura. A comoção atinge o auge. É então que a realidade se apresenta sem rodeios. Lágrimas teimosas escaldantes pelas faces. Os que ficam começam a debandar, e para nós o primeiro dia de aventura começa.
Cheia de vida, e de fé no futuro, corria-me a esperança de melhores dias. O meu camarote em 2ª classe , o nº 36. A bordo, após três ou quatro dias todos se conhecem. Começam as confidências, e com elas a familiarização. Para mim foi o inferno, 9 dias sempre a vomitar, fiz amigos, e todos os dias logo pela manhã tinha a primeira visita era seguida de pequeno almoço e muito carinho.
Enfim, uns dias melhores outros piores lá fui suportando a cruz que a sociedade me impusera. É assim a vida. Mas duma coisa eu tinha a certeza, eu fugiria para o inferno, mas meu filho era meu - ninguém mo tirava.
Memórias de uma criança adolescente. Por razões pessoais foi obrigada a fugir com seu filho e grávida de outro para África, pelo risco de lhe tirarem os filhos, e pelo motivo de ser mãe solteira. O grave foi na época não permitirem o casamento com o pai dos seus filhos, por ter uma condição social inferior.
sexta-feira, outubro 22, 2004
Vento
Meu espírito atravessa contigo o deserto do mundo.
Enfrentaremos juntos a intolerância e morte.
Para olhar dentro de nós, e perder o medo.
Caminhando em estradas paralelas.
Ao lado do teu amor, e dos teus passos caminharei.
Por ti deixei o mundo, meu horizonte, meus segredos.
Caminho rápida no escuro do meu expoente.
Vida minha , meu espelho, minha imagem.
Por ti abandonei os sonhos do paraíso.
Dentro de mim o dia duro, sem véu, sem luz.
Sem os fantasmas que via, dormindo despida.
E ao mistério eu chamo tempo.
Com teu amor me vestiste de seda.
E revivo o tempo sem vento!... com amor.
Tomando nas minhas entranhas a sombra escura.
E adormeci o silêncio nos meus braços.
E eu senti-me desfalecer, cair para o impossível.
E o vento passou bravo e quente, e adormeci.
Enfrentaremos juntos a intolerância e morte.
Para olhar dentro de nós, e perder o medo.
Caminhando em estradas paralelas.
Ao lado do teu amor, e dos teus passos caminharei.
Por ti deixei o mundo, meu horizonte, meus segredos.
Caminho rápida no escuro do meu expoente.
Vida minha , meu espelho, minha imagem.
Por ti abandonei os sonhos do paraíso.
Dentro de mim o dia duro, sem véu, sem luz.
Sem os fantasmas que via, dormindo despida.
E ao mistério eu chamo tempo.
Com teu amor me vestiste de seda.
E revivo o tempo sem vento!... com amor.
Tomando nas minhas entranhas a sombra escura.
E adormeci o silêncio nos meus braços.
E eu senti-me desfalecer, cair para o impossível.
E o vento passou bravo e quente, e adormeci.
sábado, outubro 16, 2004
Amor de mãe
Todos os dias procuro fingir que não me apercebo dos momentos, que sofro em silêncio. Que ontem foi igual a hoje, e será igual ao amanhã, mas sempre na esperança que aconteça o algo, o instante mágico. Todos os dias tenho uma lição de vida, junto com o sol - penso que poderia haver um momento e ser possível mudar tudo o que nos deixa infelizes. Dia dois de Outubro meu 3º filho fez 24 anos, juntos festejamos o seu aniversário na nossa casa do Bombarral. Penso que vivi mais para ele, do que para os outros, deixo bem claro o que penso e sinto: Eu dei a vida a meus filhos, por eles morreria caso fosse necessário, mas aquele nasceu numa altura em que eu estava damasiado sózinha, dei-lhe toda a força da minha alma. Ninguém será capaz de entender o que é certos sentimentos, talvez os sábios penso eu!... Os nossos sentimentos são cheios de armadilhas. Quando se quer manifestar, mostra apenas a sua luz - e não nos permite ver as sombras que essa luz provoca. Tive que pagar um preço alto para conseguir estar ao lado de meus filhos e vê-los crescer. Precisei de renunciar a tantas coisas que desejava, abrir mão de tantos caminhos que apareceram à minha frente. Sacrifiquei os meus sonhos em nome dum sonho maior - criar os meus filhos e paz de espírito. Quero acreditar em mim, e pensar que existe no universo gente como eu!!! Aos poucos enquanto escrevo choro, olho o mundo lá fora, e, fico triste com a realidade , que, me custa aceitar. Hoje estou morta, de manhã, ao acordar, pareço ter-me esquecido de tudo. E, animada, digo com os meus botões: A vida é uma ilusão, e no instante em que digo a mim mesma estas coisas, e logo a seguir tudo me volta à mente.
Aos poucos em quanto escrevo luto para controlar as minhas emoções , elas hoje estão ao rubro.
Tento não desesperar mesmo quando a realidade está contra a minha razão, quando a realidade impede de divisar uma ou qualquer fresta, um qualquer clarão de luz. Mesmo naquelas circunstâncias, mesmo na escuridão mais profunda a esperança pode nascer para mim. Penso!!! Sou criticada por razões que desconheço. O meu mundo é uma prisão, sou uma criminosa que não pesa o sentimento da injustiça, mas sim do amor da compreensão e da liberdade. Sempre disse para mim mesma!!! Prefiro viver nesta fortaleza, que é meu coração, e continuar presa até aos fins dos meus dias, e não deixar entrar o sentimento da injustiça da maldade, e rancor. E não pela súbita traição da parte de pessoas, que apenas os seus sentimentos são do seu negócio ílicito. A falta de respeito ao próximo e a si mesmo .
Hoje minha alma vagueia no tempo!... O tempo que gostaria não ter vivido, sombras apoderam-se do meu espírito, e sugam minha alma. Tento acordar e quando dou por mim!... Sentada no canto da salinha com medo, de mim!... ou do passado.
Aos poucos em quanto escrevo luto para controlar as minhas emoções , elas hoje estão ao rubro.
Tento não desesperar mesmo quando a realidade está contra a minha razão, quando a realidade impede de divisar uma ou qualquer fresta, um qualquer clarão de luz. Mesmo naquelas circunstâncias, mesmo na escuridão mais profunda a esperança pode nascer para mim. Penso!!! Sou criticada por razões que desconheço. O meu mundo é uma prisão, sou uma criminosa que não pesa o sentimento da injustiça, mas sim do amor da compreensão e da liberdade. Sempre disse para mim mesma!!! Prefiro viver nesta fortaleza, que é meu coração, e continuar presa até aos fins dos meus dias, e não deixar entrar o sentimento da injustiça da maldade, e rancor. E não pela súbita traição da parte de pessoas, que apenas os seus sentimentos são do seu negócio ílicito. A falta de respeito ao próximo e a si mesmo .
Hoje minha alma vagueia no tempo!... O tempo que gostaria não ter vivido, sombras apoderam-se do meu espírito, e sugam minha alma. Tento acordar e quando dou por mim!... Sentada no canto da salinha com medo, de mim!... ou do passado.
quinta-feira, outubro 14, 2004
MIlagre
Eu não me mexi. A minha cabeça dava voltas, sem perceber o que se estava a acontecer, naquele maldito colégio. Era melhor eu não pensar - Deus o faria por mim. E começou a tocar a Avé Maria, deviam ser seis horas da tarde, como eu odiava aquela hora!...era um castigo uma penitência, a hora em que a luz e as trevas se misturam. O som do orgão ecoava pela capela vazia, misturava-se com as pedras e as imagens cheias de histórias e de fé. Fechei os olhos e deixei a música também se misturasse comigo, lavasse a minha alma dos medos e das culpas, me fizesse recordar sempre que eu era melhor do que pensava, mais forte do que julgava ser. Senti nesse dia uma imensa vontade de rezar e de chorar - eu orava , mas as lágrimas não saiam. Embora sentada no banco, a minha alma estava ajoelhada aos pés daquela imagem que eu adorava (Santo António), meu padroeiro. O mundo exterior era desconhecido para mim - só pensava atingir os meus vinte e um anos e sair dali. Esperar dói. Esquecer dói. Mas não saber que decisão tomar é o pior dos sofrimentos. No íntimo do meu coração senti que o meu Santo ouvia o meu pedido. A casa na quinta que eu tanto amava, começou a parecer menos real, como se fizesse parte de um mundo que eu já tinha deixado para trás. Começou a hora da visita, alguém procurava por alguém, foi a vez de minha irmã ser chamada, foi á visita - era meu pai. O medo e o cíume foram substituídos pela solidão. Os anjos tinham com quem conversar e eu estava só.Não sei o que me impeliu de lhe falar, eu sabia que diria coisas á toa, e acabaria por sofrer ainda mais, a sensação de ridículo era muito grande. Alguém assistindo ao meu sofrimento, se aproximou e disse!...Tente, disse para mim mesma. Basta abrir a boca e ter a coragem de dizer o que não entende. Tente. Deus parecia ter-me ouvido, as palavras começaram a sair mais livres - e foram aos poucos perdendo o significado na medida que o meu sofrimento era maior que o amor que tinha por ele. Eu era livre de espírito, esta liberdade me levava-me ao céu - na esperança de um milagre que só o amor pode fazer.
QUERO
Quero amar a mim, e os outros também.
Quero amar a natureza, e tudo nela existente.
Quero amar e sentir a beleza das coisas.
Quero amar a arte e sentir emoção, e sem condições.
Quero amar sem restrições e sem barreiras.
Quero amar para além do entendimento.
Quero o amor presente, sem lamentos nem fonteiras.
Quero ser o próprio amor.
Quero ser correspondida, se não for não me importo.
Quero amar com loucura, e sem medo.
Quero ter o coração pulgante de paixão.
Quero amar para ser amada também!...
Quero amar!... Simplesmente porque amo.
Quero amar a natureza, e tudo nela existente.
Quero amar e sentir a beleza das coisas.
Quero amar a arte e sentir emoção, e sem condições.
Quero amar sem restrições e sem barreiras.
Quero amar para além do entendimento.
Quero o amor presente, sem lamentos nem fonteiras.
Quero ser o próprio amor.
Quero ser correspondida, se não for não me importo.
Quero amar com loucura, e sem medo.
Quero ter o coração pulgante de paixão.
Quero amar para ser amada também!...
Quero amar!... Simplesmente porque amo.
terça-feira, outubro 12, 2004
LIBERTAÇÃO
Ao chegar a casa, meu coração estava iluminado. Deitada no chão como gosto de fazer, por uns instantes fechei os olhos, imaginei o meu tejo à minha frente, meu coração estava cheio de amor e ternura, algo estava a modificar a minha vida. Por momentos esqueci todo o meu sofrimento de criança, a minha adolescência perdida, e todo o meu passado de sacrifício - vejo nas águas do tejo o espírito que me dá luz e esperãnça que minha vida será de amor e de cura. Estou feliz sondo o meu interior e ligo-me com aquela parte de mim que sabe curar. Onde sou incrivelmente capacitada, a minha consciencia - Para me libertar, tenho que aceitar o amor, tenho que me livrar dos ressentimentos, e abandonar o poço da autocomiseração. Digo muitas vezes esta palavra para tentar mostrar a mim mesma que sou forte e tenho defesas. Para libertar o passado, tenho que estar disposta a perdoar, mesmo ás vezes não saiba como fazê-lo. Perdoar significa desistir dos sentimentos que nos magoam e permitir que tudo isso se desvaneça. Não perdoar equivale a destruir qualquer coisa dentro de nós. È uma loucura estar-me a castigar hoje por uma coisa qualquer que me fizeram no passado. Hoje pela primeira vez desde à muitos anos senti algo em plenitude e agradeci ao pai, penso ainda deitada - Não perdoar alguém não molesta essa pessoa minimamente, é em nós que provoca o mal maior. A questão não está nela, está em nós. Creio no que sinto e agradeço ao Senhor meu pai, e creio na ligação da minha mente, com outra mente, A mente que é amor puro, liberdade, compreensão, compaixão, é um sentimento superior de mim , de nós, o poder que sustém, as nossas vidas. Simplesmente numa palavra universal . O amor. Obrigado
Dedico estas poucas linhas a alguém muito especial na minha vida. Esse alguém mostrou-me que o amor existe e vale a pena lutar por ele. Obrigado por existires, obrigado por me fazeres rir e tentar ser feliz, obrigado por acreditares em mim, obrigado por me fazeres viver , porque eu já estava morta, antes mesmo de falecer. Obrigado
Dedico estas poucas linhas a alguém muito especial na minha vida. Esse alguém mostrou-me que o amor existe e vale a pena lutar por ele. Obrigado por existires, obrigado por me fazeres rir e tentar ser feliz, obrigado por acreditares em mim, obrigado por me fazeres viver , porque eu já estava morta, antes mesmo de falecer. Obrigado
SUIÇA
Comecei a andar por uma imensa avenida, ladeada por campos cobertos de neve. Ao fundo, eu apercebia-me da silhueta de um imenso hospital( Neuchatell).Percorri o restante caminho a pé minhas pernas tropegas de covardia. Durante o percurso, pedi a Deus que me ajudasse a ser frontal e o amor que eu pensava sentir, pode-se transformar em amor por todos os seres humanos.: No terceiro dia de minha estadia na Suiça, meus olhos inchados de tanto chorar, embora as saudades de meus filhos fossem muito grandes, eu já tinha a certeza de que este amor se estava a transformar em caridade, orava e pedia perdão, porque a oração ajuda os necessitados.Porque vieste? porque acendeste em mim novamente este fogo?. Fez-me sentir mesquinha e eu, estava a ser com ele - e com a vida. As minhas palavras saíam confusas, trémulas. A cada minuto que passava, eu via-o mais perto de mim, e continuava irritado - Por que só me dizes isso agora, precisamente quando eu tinha esperãnças, deste cabo de mim destruiste a minha vida!...maldita sejas.-Lembro-me daquele dia, a minha intuição dizia-me que eu ia assistir a algo que nunca me esqueceria, e assim foi.A partir daquele dia fechei meu coração. As minhas culpas eram tantas, tive receio de não conseguir aguentar a tristeza da minha alma. Procurei a Igreja e contei tudo o que se passava comigo. Penso que Deus me respondeu. Sossega não tinha que ser - tenho outras coisas para ti.
domingo, outubro 10, 2004
Tempestade
Hoje vi um mundo envolto em dor e amargura, partilhando de algum modo a sua dor, aumentando meus tesouros de ternura. Os lugares por onde fui passando, deixei um vasto amor e carinho.Todo o passado é morte, e só vale na medida que é cheia, viver a vida minuto a minuto, hora a hora, não paro de fitar o longe, com ar de quem se alheia, e penso!...Horas e dias , em loucas trajectórias, vão deixando tanta coisa atráz de mim!...E antes que o sol se ponha, dou por cada dia graças ao Senhor!. Olho o mar , na sua beleza natural, com místico fervor vou orando com humildade, pergunto porquê Senhor? Tanta dor - meus olhos se enchem de lágrimas turvas, olhando uma criança de cabelos de oiro, luz, - onde escória, ódios, mau humor...onde seres iguais passam na indiferença do tempo, e ela apenas sorri.Não será isso bastante, alguem ousaria pedir mais?Olho assomando á janela, do meu carro vi seu rosto de anjo esmolando uma moeda. Calma!..quem se alvoraça é quem mais sofre e mais se encharca. Não é a vista que torna a luz possível, tal como a graça, a luz do alto favorece. Às vezes, mais, quando o invisível.No escuro vejo dissípar-se o véu da luz, a tempestade surge no meu coração, e fulgem clarões imensos pelos céus, mas meu amor cresce
Dedico , esta mensagem a todas as crianças que tem fome de amor e de pão. Hoje assisti a um drama igual, mas por medo ou covardia, caminhei no meu ritual dando apenas esmola - de moeda!...mas amor, ficou no momento do meu desespero, onde o ceu ficou torvo e escureceu.
Dedico , esta mensagem a todas as crianças que tem fome de amor e de pão. Hoje assisti a um drama igual, mas por medo ou covardia, caminhei no meu ritual dando apenas esmola - de moeda!...mas amor, ficou no momento do meu desespero, onde o ceu ficou torvo e escureceu.
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