sábado, outubro 30, 2004

LUISINHA

Por mais que deseje , não consigo fugir de mim - nem das minhas saudades, retratos duma infancia perdida, e duma vida sem razão.
Tento ser objectiva, mas a dor é profunda maltrata e humilha, por mais que queira esconder, mas nos meus olhos só há sombras pezar e muita dor.Para quem tenta esconder a emoção, vou atráz no tempo, e a todo o momento vou para todo o lado.

Luisinha, era asim que me chamavam.
Lembro que aos oito anos, quando me viam chorar para me darem força, diziam - tu és linda o mundo é teu. Viver é maravilhoso aos oito anos de idade - porque se pode, passear no campo, apanhar flores e, sobretudo, criar sonhos. Era o meu sonho ser bailarina, sonhar que voava em bicos de pés, e podia ir além do imaginário, como se fosse uma utopia. Há poucos dias quando fui ao Bombarral, da janela do primeiro andar, olhei o campo!...
E vi uma menina - essa menina projectei-a no tempo da minha imaginação, essa menina era eu!...Fiquei mito feliz por estar a mergulhar na minha meninice, dei por mim a sorrir. Lembrei-me de José Carlos, um menino Algarvio por quem me apaixonei. Pensava - quando for grande, imaginava-me casada com ele, ele nunca soube.
Era muito giro e simpático. A jura que eu fizera aos oito anos, era como uma comunhão, era a promessa de eternidade. Pensava viver no céu com a mãe, e dizia - a vida no céu é parecida com a nossa vida aqui na terra, embora seja melhor. Aqui há carros. Lá não há. Não há poluição, não há fábricas. não deitam as porcarias no chão. Não lutam. Não trabalham, tratam da natureza, da relva e dos animais.Para se ir para o céu é preciso tratar bem as pessoas e a natureza durante toda a vida. O mundo realmente era meu, a minha inocência de criança, não podia compreender que eu vivia noutra esfera. Onde tanta vez eu pensava!...Se eu fosse milionária, arranjava casas e trabalho para todos os que não têm. Os milionários não fazem isso porque são egoistas, snobes, têm manias e, sobretudo, porque são ( Betinhos).
Tento ainda hoje ter uma ideia das pessoas e da sua beleza, e penso que a pessoa que eu vi mais bela - Foi a fotografia de minha mãe. Desci as escadas do primeiro andar e voltei à realidade, a magia tinha acabado.

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