terça-feira, novembro 30, 2004

TRISTEZA

Estou aqui nesta sala, triste e pensativa, o meu pensamento é um barco sem rumo. Tento ocupar minha mente, longe de tudo aquilo que estou acostumada, penso sobre coisas às quais nunca dei muito interesse, e vagueio no tempo, onde minhas ilusões são permitidas. Durmo numa cidade onde nunca pus os pés. Posso fingir, por alguns minutos - que sou diferente. Começo a imaginar de que maneira gostaria de estar a viver neste momento. Eu gostaria de estar alegre, curiosa, feliz. A viver com intensidade cada instante, a beber com sede da água da vida. Confiar novamente nos sonhos. Capaz de lutar pelo que queria. Mudar a minha vida, ser eu e tentar ser feliz. Sim, esta era a mulher que eu gostaria de ser - e que de repente aparecia, e transformava-se em mim.

Eu olho para a mulher que tenho sido até então: fraca tentando dar a impressão de ser forte. Com medo de tudo, mas dizendo a mim própria que não é medo - é a sabedoria de quem conhece a realidade.

Construindo paredes nas janelas por onde penetra a alegria do sol- para que meus móveis velhos são fiquem desbotados.

No canto da sala tento controlar as minhas emoções, mas sinto-me frágil, cansada, desiludida. Controlando e escravizando aquilo que devia estar sempre em liberdade: meus sentimentos.

A realidade voltou!!! A outra se afastou de mim, o meu coração voltou a falar comigo. Disse-me baixinho que a brecha da janela da varanda, deixava passar uma correnteza, os ventos sopravam em todas as direcções, e eu tento ficar mais animada, porque eu ouvia o vento soprar novamente. O meu coração diz-me que eu tenho que ganhar força e continuar minha estrada. Eu levanto-me com uma lágrima bailarina tentando sair do meu olho, tento encobrir essa realidade e esboçar um sorriso que não é o meu. Abri de novo a janela e deixei os salpicos da chuva salpicarem meu rosto, a chuva que poderia inundar tudo - as montanhas no seu ritual de outono, o chão coberto de folhas secas, o rio que eu não vejo, mas que eu oiço no meu coração.

Eu estou calada, porque falar não adianta e isso é péssimo; mas minha alma tenta alegrar-se ao sentir a chuva.
Tive sempre medo. nunca cavei o poço. Estou a fazer isso agora, e não quero esquecer-me dos riscos - A chave. Eu tenho a chave.

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