segunda-feira, maio 22, 2006

BRUMAS


Madrugada sem dormir.
Espreitei pela janela.
Na bruma a lua chama-me.
Magnética e misteriosa.
Solitária como eu.

Em pensamento saio à rua.
Ao encontro da luz da lua.
Sigo o rasto por entre caminhos desertos.
Numa noite fria em que o vento murmura gemidos perdidos.

E as nuvens escuras falam de histórias inacabadas.

Caminho...lentamente e de destino escolhido.
Ao encontro das memórias de noites perdidas.
Junto ao mar e à luz da lua.
Noites partilhadas intermináveis.
Desertas de mágoa.
Plenas de silêncios e cumplicidade.

O frio na noite desperta-me.
A bruma que me envolve reconforta-me.
Porque hoje a minha alma é negra.
Plena de saudades e angústias.
E no meio da praia escura.
Onde finalmente aportei.
Sinto-me leve e solto as amarras.
Que me prendem à tristeza.

E envolvida pela luz da lua.
Renasço para lembranças.
E novamente junto-me a ti.
E sinto em mim. As tuas mãos.
No meu ouvido, os teus múrmurios.
E sei...que mesmo longe.
Estás aqui comigo.

Deito-me na areia.
Deixo o mar lavar-me a alma.
E com ele vem a calma.
Do soltar da angústia.
Do acabar do pesadelo.
E do chegar do momento.
Em que só e plena.
Me encontro connosco.

1 comentário:

Anónimo disse...

Continuas a escrever maravilhosamente. Gostei do "lavar da alma", tão necessaria a todos nós, porque limpa as duvidas e os maus sentimentos, deixando-nos apenas com o que é puro. Com o que ambos temos de melhor. BJ