A dor tem vida própria e só o tempo e a generosidade da existência a podem apagar.
Já passaram tantos anos e não sei se o tempo curou a minha tristeza, mas quero acreditar que sim, que o passado não me pode prender, que somos mais fortes do que as nossas desilusões.
Poucas pessoas tiveram na vida tanta companhia como eu; fui criada em colégios internos, ainda hoje tenho os melhores amigos do mundo que me ajudam a pensar, a lamber as feridas, a escolher novos caminhos e a crescer. Mas penso demasiado em tudo, tenho sempre coisas para dizer aos outros e sei que os outros nem sempre têm tempo ou paciência para me ouvir.
Temo que todas as palavras que escrevo não passem de fragmentos de uma confissão. Fico sempre com a sensação que falta o essencial, que o mais importante ficou por dizer.
Preciso de me sentar todos os dias ao computador e escrever, quaze compulsivamente, mesmo que não tenha um livro em mãos. Habituei-me à companhia das palavras, ao silêncio da casa, ao olhar Sintra da minha janela, aos meus discos de música clássica, únicos intrusos admitidos nos momentos de peregrinação interior, que é afinal o que tento fazer quando estou a trabalhar. Não é vontade, é necessidade. É por isso que os músicos tocam, que os pintores pintam, que os escultores esculpem, que os atletas correm: porque precisam. E eu, em criança metia conversa com toda a gente, eu falo com as árvores e com as pedras da rua, preciso de me fechar todos os dias e escrever.
Há muitos anos que não me acontecia isto, pelo menos de uma forma tão intensa e inequívoca. Talvez a minha visão seja demasiado poética, exagerada, mas a vida é isto mesmo, ou se vive sem limites, ou então não vale a pena.
Se calhar sou doida, sofro da mais antiga enfermidade do ser humano e que ainda nenhum cientista se lembrou de diagnosticar, estudar e classificar como patologia: Não sei viver com gente fingida, preciso que me amem, para viver sem me deixar engolir pela realidade, sem sentir que estou a lutar para me manter à tona.
Não sei que espécie de caminhante sou, para onde vou, não sei. Sei que há uma força estranha que me faz correr, para onde não devo.
domingo, março 04, 2007
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1 comentário:
Uma sala, um olhar, um sorriso.
Eu sou o Antonio.
Eu sou a Luisa.
Apenas um olhar, um nome e um sorriso.
Um jeito de andar.
Um nome e um sorriso......
de mulher.
Falava num tom musical
E enquanto falava,...sorria.
E sorrindo, docemente,dizia:
Eu sou a Luisa,
Eu sou a Luisa...
Feliz Dia da Mulher
BJ
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