A vida corre tranquila do lado de fora da minha janela verde; oiço os comboios, os carros, a tosse dos velhos e o riso das crianças. O sol percorre o seu caminho atravessando o céu azul de Portugal, um dos mais belos do mundo inteiro. O meu olhar apanha um pássaro e voa para o Sul. Na minha mente, vejo o estuário do Tejo, sereno e grandioso, depois o rio Sado e continuo a caminho de África, sobrevoando as planícies Alentejanas, secas pela falta de chuva, com os seus sobreiros como mãos viradas para o Criador a pedir água, paz e protecção divina. Já não quero voar para o Norte, para a cidade da luz cinzenta que te come os dias enquanto trabalhas com o coração anestesiado.
Se ficar aqui fechada, em breve serei tolhida pelo frio e pelo sentimento de vazio e de derrota que me vai invadindo as horas do dia, à medida que a noite se aproxima. Por isso escrevo como quem voa e as minhas palavras são o voo daquele pássaro que há pouco cruzou a minha janela.
Antes fugir do que ficar, porque se aqui ficar serei tomada por um langor triste que antecede o esquecimento, como o último suspiro de um pássaro que prefere a morte à imobilidade. Mas também sei que fujo porque desejo que me sigas, que me procures, que a minha ausência te faça vir a9o meu encontro. As mulheres não foram feitas para correr; se o fazem, é para serem apanhadas.
segunda-feira, novembro 12, 2007
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