sexta-feira, fevereiro 27, 2009

ALTERNATIVAS


Hoje estou sózinha.Manuel foi a um jantar, só de homens da Força Aérea, Filipe foi convidado por ser militar. Não me sinto só, na medida que aprecio o meu espaço, pouco me apetece falar, não quero ser esponja: não quero absorver a anergia que há à minha volta. Mesmo com os amigos próximos, evito a queixar-me e a compadecer-me, de tal forma que sinto que posso esgotar as pessoas próximas e acabo por causar uma rejeição generalizada.
Pessoalmente prefiro escrever, a tristeza como a alegria, contagia com facilidade. É mais fácil deixar-me contagiar pelo pessimismo reinante do que remar contra a corrente e esforçar-me por encontrar caminhos que me ajudem a superar esta crise; mas não duvido que o melhor que posso fazer com alguém que neste instante, não vê nenhuma saída é, primeiro, conseguir que se sinta ouvido, segundo, que se sinta compreendido e, terceiro, que perceba que há alternativas que não tinha visto anteriormente!
Para eu poder sair desta situação difícel, um requesito prévio é que ele acredite que há opções e isso conseguilo-ei mais facilmente a partir da esperança do que do desespero.
Mas enquanto a alegria é saúde, para mim, a tristeza quando se mantém no tempo, é um ( debilitador nato ) que mina as minhas forças e me provoca vulnerabilidade e insegurança.
Quando eu estou firmemente convencida de que sou incapaz de agir de outro modo, a coisa fica difícil. Poucas resistências são tão fortes como alguém que se sente impotente para fazer aquilo que, no fundo, sabe que é o único caminho que lhe resta, mas atormenta-se, bloqueia-se e resigna-se porque julga que nunca o conseguirá.
Seja pelo que for, recorrerei a um especialista, pelo menos não cometo os erros que mais tarde se podem voltar contra mim.

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Primaveras


Nevaram os meus cabelos.
Invernias doloridas.
Mas na alma meus sonhos belos.
São primaveras esquecidas.

Junto a ti nunca supuz.
Tal dor, e desilusão.
Só quando se extingue a luz.
Se conhece a traição.

Ao vestires a couraça.
Da traição escondida.
Depressa apanhei o coxo...
Não apanhei a mentira.

Há gente que usa os sentimentos.
Com pasmosos atropelos
É ver tantas pedras duras.
No lugar dos corações.

Jurei um dia, não perdoar traições.
O destino, a sorte traça.
Mas na hora é que se sabe.
Se é ventura ou desgraça.

As eternas madrugadas.
Escondidas da lua e das estrelas.
Jamais serão desoladas.
Porque o sol, e as primaveras.
Há-de rompê-las.

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

Não aceitar o inevitável


Há algo mais inevitável que a morte? Mas, pouco nos prepararam para enfrentá-la! Passámos quinze, vinte, trinta ou mais anos a estudar e a preparar-nos para a vida, mas quanto tempo dedicámos a preparar-nos para enfrentar a morte que vamos viver, à nossa volta e inclusive a nossa própria?
De qualquer forma, não pretendo circunscrever este capítulo apenas ao tema da morte.
Existem muitos factos inevitáveis que se sucederão ao longo da nossa vida; não aceitá-los, de um ponto de vista da saúde mental, significa, de novo embarcar num sofrimento inútil, dilacerante e, em muitas ocasiões, muito duradouro no tempo.
Sem pretender doutrinar. A luta não significa desinteresse, mas sim adaptação aos factos, que nos ferem duplamente. Penso que a grandeza do ser humano é a sua capacidade de adaptação à realidade, mas adaptação aqui não deve ser entendida como resignação, só quero perceber e agir com o máximo esforço, e não andar sempre a lamentar.
É um exemplo muito claro de como uma pessoa não aceita o inevitável. Nem tudo se pode comprar com dinheiro!
Passamos a vida a trabalhar como escravos para poder comprar coisas inúteis. Gastamos o nosso tempo indo de um sítio para o outro para, no fim, não encontrarmos o lugar que procurávamos. Não paramos de correr todo o dia para comprovarmos, ao cair da noite, que no dia seguinte teremos de continuar a correr
A realidade é muito mais simples, mais visível. Trata-se de segurarmos o ( leme) das nossas vidas. Sem que nos apercebamos, pode-nos acontecer o mesmo que ao Manuel, que não havia dia que não complicasse a sua vida de mil maneiras diferentes.
Este é com certeza um dos hábitos que mais nos custa corrigir quando está muito enraizado na nossa maneira de ser. Ainda agora estou aprendendo, a não complicar a vida desnecessáriamente preocupando-me a não sofrer de forma inútil e estéril. Para conseguir este propósito tenho que aprender a não expressar tudo o que penso. Que Deus me ajude.

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

De tudo o que vivemos




Não nos enganemos, não há nada que nos possa arrebatar o nosso presente; inclusive nas circunstâncias físicas mais duras que possamos imaginar, os nossos pensamentos sempre nos pertencerão e, com eles, as nossas emoções. Quero pensar assim , e , pedir a ajuda de Deus, para aliviar a dor , e pensamentos, que estão a destruir o meu espirito neste momento.
Sem dúvida, o presente é o nosso principal activo, e é assim porque nos pertence plenamente.
Quando olhamos à distância, com que facilidade vislumbramos as consequências do que vivemos! É como se tudo se apresentasse diante de nós para conceder-nos a oportunidade de aprender. Neste momento, pelo contrário, que difícil é ver o evidente, o que se passa neste momento diante de nós, o que estamos a viver no presente.
Manuel, adoeceu antes de Dezembro, numa queda nos degraus da nossa casa. Agravou-se com tosse, há medida que o tempo foi passando, foi piorando, fraqueza, tonturas, e, por insistência minha foi ao médico. Não quero acreditar que seja tarde; embora a situação do diagnóstico é evidente (cancro no pulmão ). E é difícil porque perdi a objectividade, estou demasiado envolvida na acção, não olho com perspectiva.
A verdade que as minhas emoções estão ao rubro, não consigo realizar um pensamento positivo, não consigo caír em algo tão evidente. Choro , no silêncio, tento dar-lhe força, quando meu Deus, estou a sangrar por dentro. A verdade é outra, e que penso um pouco, sinto-me encurralada pelas circunstâncias que me faz cambalear, e que me cega ao extremo de acreditar que, de novo, estou face a um problema de difícil solução. Ontem disse-lhe! Estou envergonhada e quero pedir-te desculpa, porque devido às minhas rachas só podes entregar metade da minha carga e só obténs metade do valor que deverias receber.
Eu sinto-me uma vasilha rachada e estou muito envergonhada da minha própria imperfeição, e sinto-me miserável, porque devo fazer tudo o que é suposto ser a minha obrigação. Ontem chorei, e disse-me com carinho: Reparaste que as flores só crescem do teu lado do caminho? Semeaste sementes de flores ao longo do teu caminho por onde passas, e todos os dias as pessoas as regam, e decoram o altar de Deus com o teu amor. Se não fosses exactamente como és, com todos os teus defeitos, não teria sido possível criar quatro filhos com a sua beleza, espíritual.
Só peço, que Deus me ajude, e, olhar com olhos de ver, e nos ajude a sair deste estado tão lamentável, que só serve para nos indicar novos caminhos que de outra forma não teríamos procurado.

sábado, fevereiro 14, 2009

A bondade


Hoje estou feliz. Estive a ver o mar, o vento morno, com os salpicos de água a bater suavemente no meu rosto. E falava com Deus.

Tu existes Senhor...moras no meu coração, no vento que não vejo, mas sinto, nas montanhas, nos mares. Tudo ao meu redor é mistério mas, sinto a tua presença. Pensava na bondade, nos corações puros, e, outros doentes que precisam do teu amor.

A bondade suprema é como a água.

A água é benéfica a todas as coisas, mas não entra em competição, fica nos sítios que outros desprezam. Está perto de Deus, portanto, a bondade não tem ego que chame o seu próprio ego; faz do ego dos outros o seu ego.

Para os bons, comporto-me com bondade; para os maus, também com bondade: Assim é alcansada a bondade. Para o fiel comporto-me com fé; assim é alcansada a fé. O sábio vive no mundo com concórdia e governa o mundo com simplicidade. Seja para onde for que os outros voltem os seus olhos e os seus ouvidos, o bondoso olha como a mãe olha para os seus filhos. Penso no meu mestre espiritual, recordo sempre os seus ensinamentos. Sempre me dizia; o grande caminho é muito plano e fácil, mas as pessoas preferem os atalhos, paga o mal com a justiça e a bondade com a bondade.

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Deixar


Pode ser bastante doloroso um dia pararmos e percebermos tudo o que perdemos na vida, porque perdemos, resume-se a falhas, a grandes ou pequenas falhas, de comunicação, de respeito e estima. Perdemos o que não era suposto levarmos connosco, o que não precisamos mais.
O que me conforta é a sensação que foi preciso abdicar do bom para obter o óptimo. E que com tudo o que fui deixando para trás tornei a minha caminhada mais leve e com mais espaço e capacidade para agarrar o novo, o tal óptimo. Eu não perdi liberdade de movimentos com o que adquiri de novo, eu ganhei liberdade de caminhar melhor. Às vezes não podemos segurar em tudo ao mesmo tempo. E às vezes carregamos fardos muito pesados para não conseguir agarrar em mais nada. Custa a deixar para trás, às vezes ainda percorremos caminho com algo preso em nós arrastando pelo caminho, mas tudo o que é suposto partir, acaba por partir. por isso não me arrependo do que deixei para trás.
Lá ficou, e a vida é um caminho sem retorno, e comigo só levei as lembranças daquilo que algum dia me pertenceram, como foi bom tê-las e porquê as deixei, e isso pesa muito pouco e é muito útil na minha caminhada

domingo, fevereiro 08, 2009

Portagem no amor


O amor conduz à felicidade, mas o privilégio do amor também tem as suas contrapartidas. Eu experimentei-o na minha própria carne, e não me arrependo, mas neste momento não posso mais, e embora apareça afectada, sinto que este amor morreu.
Não temos que ter medo da dor, e até sofrimento, quando é inevitável, porque essa dor desse amor, serão passageiros. O que não podemos pensar é que o amor e o sofrimento estão indefectivelmente unidos. É normal em que algum momento da nossa vida amorosa sintamos dor e nos preparemos para superá-la e viver o amor com naturalidade e maturidade.
Esta semana conheci uma pessoa, onde em poucas palavras, ficamos amigos. Contou -me o que se passava no seu coração
Jaime, o nome que lhe dou, empenhava-se em contar-me minuciosamente o que sentia em cada dia, e eu, pelo contrário, insistia em que não recreasse nos seus pensamentos, tão subjectivos e tão traiçoeiros neste momento, que só traziam dor e escuridão à sua vida e à sua relação com a sua Ex-companheira. Ao contrário de que muitos possam pensar, não se tratava de remexer nas feridas, porque isso teria acabado com a pouca força que tinha, tratava-se de estancar a hemorragia, de dar-lhe recursos que lhe permitissem deixar de sofrer de forma tão inútil quanto negativa.
Nada funciona na minha vida e não tenho forças para continuar a lutar, a sério, dizia-me ele, sinto que já não há nada a fazer. Perante esta confissão da sua parte, eu respondi-lhe, mais ou menos, que, não luta quem não se apercebe que tem de lutar, e que no seu caso ele era consciente que havia que fazer alguma coisa, e que isso já constituía em si um enorme progresso. Jaime, se pensasse realmente que não há nada a fazer, não estaria aqui; não terias vindo contar-me algo que guardas dentro de ti, tão em segredo. Sabes que essa sensibilidade que te fez sentir-te a pessoa mais felizarda do mundo vai agora permitir-te sair desta crise. Mas não o vais conseguir pela autocompaixão, indo-te abaixo e fomentando o teu sofrimento.
A realidade é que a felicidade está em nós. A capacidade de amarmos e sentirmo-nos amados também está dentro de nós e, acima de tudo, o amor que sempre, absolutamente sempre, estará a nosso lado será o nosso próprio amor; daí a importância vital que adquire o conceito que tenhamos de nós próprios. Sem dúvida, para aprender a amar, é bom que primeiro aprendamos a amar-nos a nós próprios pois, de contrário, dificilmente poderemos amar os que nos rodeiam e nunca, nunca, seremos donos da nossa felicidade, já que a estaríamos a colocar nas, mãos de outros.
Resumindo, nem há que pagar portagem no amor, nem a vida acaba quando acaba o amor.