sexta-feira, maio 27, 2005

Deus

A palavra escrita tem um poder enorme e a maior parte das pessoas não faz sequer ideia da sua importância. É como um ritual a esta hora da noite estar sempre sózinha. Eu e Deus.
Onde minha alma não tem limites, e Deus dita suas palavras. Eu escrevo.
Posso criar uma visão do mundo como sendo um local fantástico para se viver, com os doentes a ser curados e os sem- abrigo a ser cuidados. Vejo a doença tornar-se uma coisa do passado e os hospitais transformados em blocos de apartamentos.Observo os presidiários a aprender como amar a si próprios e a ser libertados para uma vida de cidadania responsável.
Presencio as igrejas a retirar o pecado e a culpa das suas dontrinas. Admiro-me com os governos a ocupar-se verdadeiramente das pessoas.
Saio à rua e sinto a água límpida da chuva a cair.Quando a chuva pára, contemplo o magnífico arco-íris que irrompe das nuvens. Aprecio o brilho do sol e inspiro aquele ar fresco e puro. Vejo o brilho e os reflexos da água pura nos rios, nos riachos e nos lagos e atento na vegetação luxuriante, no arvoredo, nas florestas, nas flores, na fruta, nos legumes abundantes e disponíveis em toda a parte.. Deleito-me com as pessoas a curar as doenças, a doença transformada em memória apenas.
Estou neste instante a criar esse mundo, pelo simples facto de canalizar a minha mente para esta visão de um novo mundo. Eu sou poderosa. É importante e tem muito peso. Vivo esta visão. Saio das minhas limitações e faço tudo o que está ao meu alcance para tornar esta minha visão verdadeira. Que Deus nos abençoe. E assim é.

terça-feira, maio 24, 2005

NOITE

Eu caminharei na noite entre silêncio e frio.
Grandes noites escuras me cercam.
Onde sózinha me vi agonizante perdida.
Percorro no vento que me humilha.
De grande solidão e de ecos vagabundos.
Ao lado dos meus passos caminharás.
Eu sigo a estrela que parou em cima.
Onde vejo teu rosto da cor que tem a cinza.
Em cima não vi mais nada que eu amava.
Onde não existe o brilho do sol nem da água.
Pedi às pedras do monte que falassem.
Mas como pedras se calaram.
E uma estrela serena nos cercou.
Para o país do amor nos guiava.
Do frio das montanhas eu pensei.
Minha humildade me cerca me rodeia.
E a pureza das estrelas cintilavam.
E minha solidão me pareceu coroa.
Onde eu vi chegar ao meu encontro.
O teu amor numa estrela iluminada.
Grandes brumas miragens nos mostraram.
Nos confíns desolados caminhamos.
E a estrela do ceu nos embalou.
Onde o silêncio e o medo.
O vulto das árvores, que crescem.
E abraçados caminhamos para as estrelas.
O que se passou depois. Eu não sei...

domingo, maio 22, 2005

A Luz

Olho bem fundo para o centro do meu coração. E penso ...Hoje estou doente, embora meu rosto o transmita, tento disfarçar com carinho, e descubro aquele pequenino ponto de luz brilhantemente colorida. É uma cor maravilhosa. Ela é o centro do meu amor e da minha energia que me dá luta para me curar. Contemplo a pulsação desse pequenino ponto de luz e nesse pulsar, como cresce e preenche o meu coração.Sinto essa luz expandir-se atravéz do meu corpo, desde a ponta dos cabelos à ponta dos pés e à ponta dos dedos das mãos.
O meu corpo reage com esta maravilhosa luz colorida. É o amor e a energia que cura. Entrego o meu corpo a esta vibração da luz. Digo para mim: A cada respiração sinto-me cada vez mais saudável.
Levo esta luz a cada pessoa que passa na minha vida, onde exista dor e sofrimento e que o meu amor, Luz e poder que cura, possa levar conforto a todos os que necessitam.Deixo-me penetrar no cosmos e tento suavizar os corações de todos para que sintam o amor incondicional.
Todos os dias , embora desiludida com o ser humano, guardo o momento para emitir amor e luz e a energia que cura para esse lugar específico no mundo. África do meu coração. Somos nós as pessoas. Somos nós as crianças. Nós somos o mundo e o futuro. Aquilo que damos, volta multiplicado para nós. E assim é.
Não existe força curadora mais poderosa que o amor. Todos os dias da minha vida, doente ou com saude, triste ou alegre...Abro-me ao amor. Vejo-me preenchida de uma forma criativa. Vivo em Deus, em paz e em segurança.

quarta-feira, maio 18, 2005

MILAGRE

Esta história tornou-se o que hoje é devido a duas pessoas muito especiais, e gostaria de agradecer por tudo o que fizeram. A Margarida Grossinho, e ao Calmeirão, a agente que me arrancou à obscuridade: obrigado pela amabilidade, paciência e pelas muitas horas e dias que gastaram em trabalhar no meu espírito, e encheram a minha vida com uma nova luz.
Ficarei grata para sempre por tudo e pelo carinho que ambos têm comigo. A Margarida, minha irmã , minha amiga, o meu revisor de todas as horas: Obrigado pela sabedoria, humor e bom coração. Tornaram esta narrativa, esta esperiência maravilhosa para mim . Escrever - E fico feliz por vos poder chamar meus amigos.
Quem sou eu? E como acabará esta história?
O Sol começou a desaparecer e sento-me junto a uma varanda que se embaciou com o bafo de uma careta minha. Estou triste meu filho Fábio está doente, o termómetro acusou 39 e eu fico desesperada. De noite caminhei no seu quarto, sua cabeça estalava e gemia, meu coração de mãe acelarado como um dragão de conto de fadas, eu tremia com um frio que vinha da minha alma.
A minha vida? Não é fácil de explicar. Não tem sido o percurso naturalmente esplêndido que eu imaginara um dia, mas penso que tenho sido contemplada por Deus. O amor dos meus filhos, e das pessoas que me amam. O tempo, felizmente, vai tornando as coisas mais fáceis. O caminho continua recto como sempre, mas o tempo se encarregou de juntar pedras e cascalho que se foram acumulando ao longo de uma vida.
Estava-se no princípio de Março de 1974, eu observava o Sol desvanecente a mergulhar a mais baixo a partir da varanda que circundava a casa ao estilo de plantação Africana. Gostava de me sentar ali nos fíns da tarde, Especialmente depois de trabalhar na terra onde semeava sebolinho , alface e muitas outras coisas, sem deixar os pensamentos deambular sem um prepósito consciente. Era assim que eu me descontraía, um truque que eu aprendera com o mestre.
Gostava especialmente de olhar as árvores e os seus reflexos no rio. As árvores em África são muito belas em pleno verão: verdes, amarelos, vermelhos, laranjas e todas as tonalidades intermédias. As cores assombrosas brilham com o Sol.
O crepúsculo passava, continuando muito quente, e agradável. Eu ficava a ouvir os grilos e o roçar das folhas, pensando que os sons da natureza eram música para os meus ouvidos.
Passo as mãos pelo meu cabelo e olho o relógio, 5h da tarde levanto-me, e olho mais uma vez as montanhas de Sintra. É estranho ...O poder que essas montanhas exercem sobre a minha pessoa, o mistícismo que cerca meu coração. Pensar nestas coisas faz-me sentir nas nuvens, sei que devo partir para o real, mas o milagre está sempre presente, e penso no que poderia ter acontecido, se tivesse ficado em África?
Raios, murmuro , o que é que estou aqui a fazer? não devia estar aqui. Vou para a cozinha, onde tenho um encontro com o jantar.

segunda-feira, maio 16, 2005

FILÓSOFA

Em casa, sou nomeada por filósofa. Mesmo a dormir recito filosofia. Poderia ficar chocada, ou admirada, mas preciso da minha filosofia para compreender os dois lados do ser humano...Compreender o meu espiríto, as minhas atítudes, os meus desvaneios.
Sei que existem pessoas que passam muito tempo a fantasiar, a imaginar que vivem num mundo completamente diferente, refugiando-se na sua própria fantasia como quem se abriga num jardim encantado e no qual está a salvo da dor. Fiz isso um dia quando perdi uma pessoa amada, minha irmã. A todo o momento eu a sentia por perto, falando-lhe e preenchendo a minha própria vida com a presença imaginária da figura dela, quaze enlouqueci.
Talvez mesmo de uma forma mais intensa, me apercebi de quanto a amava. Refugiava-me no escuro, para saboriar a importância de certos permenores: de um gesto, de um sorriso, o tom de voz, os movimentos do corpo, a harmonia de estar junto- permitindo-me descobrir a importância do Paraíso Terrestre perdido.
Mas, pensei melhor no assunto, também aquelas fantasias consoladoras para mim eram como se fossem o futuro: estava sempre presente o futuro, o projecto. O diálogo com a minha irmã que eu amava, e desapareceu, para mim foi a antecipação de um novo encontro com a vida. A recordação , e o sonho de amor oculto, era a esperança de um dia poder encontrá-la. Porém, destingui as pessoas em quem prevalece o retiro do mundo, daquelas mais propensas à acção.
Hoje eu penso...Existirá na verdade uma grande diferença entre pensar e sonhar acordado? Em certos casos sim! Vejo e sinto que existem sonhos de evasão mesmo quando estou acordada , com as quais evito fazer frente à realidade para evitar sofrer. Mas existem outros em que a fantasia é um instrumento do pensamento e da planificação. O que fazer quando enfrento um problema, quando planeio uma acção? Imagino situações possíveis, situações futuras que desejo atingir, e exploro com o pensamento e a minha filosofia de vida os caminhos para conseguir chegar-lhes.. Se não tivésse a esperança de alcançar a meta, não começaria sequer a procura.
Eu penso no possível, na minha filosofia na esperança dum mundo melhor. A esperança é o alicerce do pensamento, da justiça , da razão , do amor.
Acreditem que tudo vale a pena. O valor conta por si próprio. É uma meta que merece ser perseguida, mesmo quando sabemos que , pessoalmente, não teremos êxito. Porque não diz respeito apenas a nós, mas sim a muitos outros.

segunda-feira, maio 09, 2005

Minha Mãe

Tomei nas minhas mãos a sombra escura.
E embalei teu rosto no silêncio nos meus braços.
Na minha ilusão estás viva.
A minha ânsia carregada de impossível.
Contra tuas formas perfeitas do invisível.
Enquanto olho as estrelas e a água a cair.
Murmuro as palavras num gesto dum impulso.
procuro-te docemente a sonhar entre flores.
Onde te encontras distante e inatingível.
Onde a noite é solitária e pura.

Calaram-se os meus sonhos perdidos.
Entre caminhos num ir lento.
Onde oiço o teu livre e luminoso chamamento.
Tua voz se quebra e sobe onde o vento corre.
Onde encontro tuas mãos onde a terra é escura.
Não resignada olho as leis de Deus.
Tentando obedecer aos princípios da execusão.
Onde minha súplica prevista na lei.
Onde momentos de amor e saudade.
Serás sempre um milagre criado só para mim.
Onde minha súplica murmura baixinho.

Minha mãe. Minha mãe.

sábado, maio 07, 2005

Saber amar

Hoje , alguem me perguntou se eu não era meio criança!...Dentro de nós estará sempre a criança. Poderia ofender-me, mas meditei no assunto. Não podemos amar e aceitar-nos uns aos outros enquanto não amarmos e aceitarmos a criança perdida dentro de nós. Que idade tem essa criança perdida? Três, quatro , cinco? Normalmente, a criança tem menos de cinco anos, porque é por essa altura, por uma questão de sobrevivência, que a criança se desliga. O amor é a maior borracha que eu conheço. O amor apaga as memórias mais profundas e as mais dolorosas, na falta dele, seremos perseguidos para o resto da vida. O amor consegue ir mais fundo que tudo o mais.Aceito ser criança, mas também sei que vivo rodeada de pessoas que se julga adulta e não aceita a criança que há em si, como poderá compreender esse facto em si, ou nos outros. Se as minhas imagens do passado são tão fortes e continuo a pensar" A culpa foi toda deles", então estou bloqueada. O que quero? Uma vida de dor ou de alegria? A escolha e o poder está dentro de mim. Olho para os meus olhos e sinto amor por mim e pela criança dentro de mim. Essa criança existe sim...Ela me transmite amor e pureza todos os dias. Não importa como tenha sido a minha infância, a melhor ou a pior, eu, e apenas eu, sou responsável pela minha vida agora.
dentro de nós existe também um adolescente. Temos que desejar as boas vindas ao adolescente. Estas são...As nossas múltiplas partes. Há que saber ser feliz com elas...Resolver esses tempos e tranformá-los em bons momentos, para quando a meio da noite a criança que está em nós se sentir só ou tiver medo, ter alguém para abraçar.

quinta-feira, maio 05, 2005

Amigo

Quando estamos num grande perigo, quando estamos a enfrentar uma crise, um amigo não chega ao pé de nós e diz-nos, dá-me isto, dá-me aquilo. Não vem para exigir um direito seu. Não vem para se auto-elogiar, para nos pedir um emprego. Não nos põe condições, não faz intrigas contra nós para daí tirar vantagens, não nos faz qualquer tipo de chantagens. No momento em que enfrentamos uma crise e estamos em perigo, um amigo verdadeiro pergunta-nos apenas do que precisamos, como é que ele pode ser-nos útil, o que pode fazer por nós.. Procura compreender o nosso problema para melhor encontrar solução. Melhor, do nosso ponto de vista, não do seu.
porque nas sítuações de crise, de perigo, estamos enfraquecidos, frágeis, duvidosos. Temos uma necessidade absoluta de pessoas em quem confiar, com que possamos contar. De pessoas que intervenham no momento em que nós não o podemos fazer, que nos defendam nos pontos em que nós estamos mais debilitados, que não desapareçam nos momentos cruciais. A amizade é um sentimento moral.
A catástrofe mais grave da amizade é a traição. Apercebermo-nos que a pessoa com que contávamos cegamente, mentiu, acusou-nos injustamente, é como se um abismo se abrisse repentinamente por debaixo dos nossos pés. A traição é vivida como terror, uma total insegurança de existir como ser humano. Se o amigo nos trai, em quem é que posso confiar.
A amizade, ou até o amor tem que ser tolerante e suave, mas moralmente exigente. Enquanto podemos ficar apaixonados por alguém que nos maltrata, que se comporta connosco injustamente, só podemos ser amigos de quem nos trata com afecto, honestidade e justiça. Se o amigo nos engana ou abandona no momento de necessidade, o amor e a amizade rompe-se e nunca mais recupera. Podemos até perdoar-lhe, mas o amor e a amizade acabou.

quarta-feira, maio 04, 2005

Desânimo

Resposta a Livia Viera
Na vida temos constantes motivos de desânimo. Poucas são as vezes em que tudo acontece como queremos.É evidente que ficamos felizes quando passamos num exame, quando fazemos um bom negócio, quando somos correspondidos no amor, quando encontramos amigos que nos são queridos. Mas, ao lado destas situações agradáveis, existem muitíssimas outras desagradáveis, tristes. Os insucessos profíssionais, a maldade dos colegas ou dos superiores, a ingratidão dos que foram beneficiados, as doenças, as traições dos amigos ou de quem amamos. Não é fácil suportar estes golpes quando eles, em conjunto, se abatem sobre nós. Primeiramente lutamos, debatemo-nos, protestamos, esgotamos todos os nossos recursos de confiança, de optimismo. Em seguida, qualquer coisa dentro de nós sucumbe e tornamo-nos presa fácil do desânimo.
O desãnimo é um grau mais ligeiro do desespero. Não perdemos toda a confiança, toda a esperança, mas ficamos abatidos, tristes, cansados de lutar. Desejamos parar, abandonar-nos a um canto qualquer, não pensar em mais nada.
O desânimo é uma solução perigosa porque nos empurra para a inactividade, para o abandono, e deixa-nos desarmados diante das adversidades.
Às vezes o desânimo força-nos a tomar consciência de uma realidade que teríamos preferido ignorar. Leva-nos a procurar um equilíbrio diferente, um modo de vida alternativo. A nossa vida é feita de buscas que se vão alargando.Não somos apenas os nossos êxitos amorosos, ou profissionais. Somos sempre mais do que aquilo que fizemos e fazemos. Nós somos dominados pela nossa sofreguidão de bens, pelo nosso egoismo, pela nossa vaidade. Se a frustação, a derrota e a dor nos ajudam a libertar deles, então, isso não consttitui uma perda, mas sim um ganho. se conseguirmos desapegar-nos dos bens, se conseguimos superar a amargura da renúncia, se passamos a ser capazes de agir, não em favor de nós próprios, mas dos outros, tornamo-nos mais livres.
devemos, por conseguinte, considerar o desânimo como um momento de pausa antes da cura, um momento de reflexão para corrigir os nossos erros, uma ajuda para renunciar algumas das nossas pretensões e para aprender a fazer apenas aquilo que é essencial, o que, a título de conclusão, faz dele um novo ponto de partida.
O domínio da própria ansiedade é uma qualidade essencial do professor. Ai dele se fizer transparecer a sua ansiedade, o seu receio: os alunos entram em pãnico e tudo o que querem aprender vai contra os rochedos. Como boa mestra não deixes que isso aconteça, as consequência são sempre negativas.