quarta-feira, maio 18, 2005

MILAGRE

Esta história tornou-se o que hoje é devido a duas pessoas muito especiais, e gostaria de agradecer por tudo o que fizeram. A Margarida Grossinho, e ao Calmeirão, a agente que me arrancou à obscuridade: obrigado pela amabilidade, paciência e pelas muitas horas e dias que gastaram em trabalhar no meu espírito, e encheram a minha vida com uma nova luz.
Ficarei grata para sempre por tudo e pelo carinho que ambos têm comigo. A Margarida, minha irmã , minha amiga, o meu revisor de todas as horas: Obrigado pela sabedoria, humor e bom coração. Tornaram esta narrativa, esta esperiência maravilhosa para mim . Escrever - E fico feliz por vos poder chamar meus amigos.
Quem sou eu? E como acabará esta história?
O Sol começou a desaparecer e sento-me junto a uma varanda que se embaciou com o bafo de uma careta minha. Estou triste meu filho Fábio está doente, o termómetro acusou 39 e eu fico desesperada. De noite caminhei no seu quarto, sua cabeça estalava e gemia, meu coração de mãe acelarado como um dragão de conto de fadas, eu tremia com um frio que vinha da minha alma.
A minha vida? Não é fácil de explicar. Não tem sido o percurso naturalmente esplêndido que eu imaginara um dia, mas penso que tenho sido contemplada por Deus. O amor dos meus filhos, e das pessoas que me amam. O tempo, felizmente, vai tornando as coisas mais fáceis. O caminho continua recto como sempre, mas o tempo se encarregou de juntar pedras e cascalho que se foram acumulando ao longo de uma vida.
Estava-se no princípio de Março de 1974, eu observava o Sol desvanecente a mergulhar a mais baixo a partir da varanda que circundava a casa ao estilo de plantação Africana. Gostava de me sentar ali nos fíns da tarde, Especialmente depois de trabalhar na terra onde semeava sebolinho , alface e muitas outras coisas, sem deixar os pensamentos deambular sem um prepósito consciente. Era assim que eu me descontraía, um truque que eu aprendera com o mestre.
Gostava especialmente de olhar as árvores e os seus reflexos no rio. As árvores em África são muito belas em pleno verão: verdes, amarelos, vermelhos, laranjas e todas as tonalidades intermédias. As cores assombrosas brilham com o Sol.
O crepúsculo passava, continuando muito quente, e agradável. Eu ficava a ouvir os grilos e o roçar das folhas, pensando que os sons da natureza eram música para os meus ouvidos.
Passo as mãos pelo meu cabelo e olho o relógio, 5h da tarde levanto-me, e olho mais uma vez as montanhas de Sintra. É estranho ...O poder que essas montanhas exercem sobre a minha pessoa, o mistícismo que cerca meu coração. Pensar nestas coisas faz-me sentir nas nuvens, sei que devo partir para o real, mas o milagre está sempre presente, e penso no que poderia ter acontecido, se tivesse ficado em África?
Raios, murmuro , o que é que estou aqui a fazer? não devia estar aqui. Vou para a cozinha, onde tenho um encontro com o jantar.

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