Anos 50... A menina já nascera diferente, resultado talvez de alteração genética que a ciência ainda não explica, ou, quem é que sabe? Um enigma que somente pela fé se pode decifrar. Espírito de luz de volta ao planeta, energia um dia desfeita e agora refeita sem perda da grandeza de gerações passadas. Pequenina, já indaga sobre os seres do Universo. E extrapola: se olha uma estrela, vê galáxias.Na areia da ampulheta, vê desertos, o desfilar de camelos no ondulado das areias, oásis, Tâmaras ao sol, beduínos...O comum é incabível na sua pequenina mente privilegiada.
A vida transcorre sem pressa, o tempo flui preguiçoso, quaze só presente, sem antes, sem depois, entre descobertas, o cão e as matrafonas, a tristeza existindo. Cão gordo à sombra das figueiras, ouvindo silencioso as histórias da menina, sempre divagando, perguntando, mas os olhos do cão são dois faróis baixíssimos, se perdem entre as palavras e o sono irresistível...São tantas as perguntas sem respostas...Vê a lagarta virando borboleta, a nuvem se tornando chuva...E vê um dia a mãe enregelada partindo para sempre...Quer explicações. Mas vive agora apenas com o cão e a matrafona na casa imensa entre a quinta e as árvores do pomar. E sorrindo, mastiga as pétalas das flores silvestres, que ela chama cicuta.
Lentamente, o tempo ganha algum passado, o cão gordo já não dorme à sombra das figueiras, na quinta agora crescem margaridas brancas, mas a menina perscruta o céu entre as galáxias, procura , no deserto, entre camelos, no oásis, nas estrelas, junto aos forasteiros...O cão não está em canto nenhum.
E o vento da madrugada traz muito frio...É Natal seu coração continua chorando, continua sem abrigo. Mas muita gente, precisam das mãos duma menina pra alisar os pêlos, contar histórias como as que o cão gordo ouvia.
As mesmas leis regem o suceder das estações, da noite e do dia, do calor e do frio, da tempestade e da bonança...Também os seres vivos, cães e humanos incluídos. Um determinismo de que ninguem escapa.A Natureza se transforma. Sempre. O processo é eterno. O cão se transformou em margaridas... Por momentos o coração da menina não chorou. É Natal a alegria da menina vai voltar, promete.
sexta-feira, dezembro 23, 2005
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1 comentário:
O sonho da menina é eterno e todas as meninas sonharão, no minimo uma vez, com estrelas e galaxias, com amor e Natal. Que este seja o melhor de todos os teus natais, e que o sonho e a esperança não morram nunca no teu espirito. BJ AT.
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