quinta-feira, agosto 02, 2007
Pouco mais há a dizer
Pouco mais há a dizer.Caminho largando os últimos resíduos da memória. Fragmentos de noite escritos com o coração a pressentir as catástrofes do mundo. A grande solidão é um lugar branco povoado de mitos, de tristezas e de alegrias. Mas estou quaze sempre triste. Vejo algumas fotografias minhas do passado, revelam-me que noutros lugares já estivera triste. Por exemplo, no fundo deste poço vi inclinar-se a sombra adolescente que fui.Água lunar, canaviais, luminosos escaravelhos. Este sol queimando a pele das plantas. Caminho pelos textos e reparo em tudo isto. O que começo deixo inacabado, como deixarei a vida, tenho a certeza, inacabada. O mundo pertenceu-me, a memória revela-me essa herança, esse bem . Hoje, apenas sinto o vento reacender feridas, nada possuo, nem sequer sofrimento. Outra memória vai tomando forma, assusta-me, ainda quaze nada aconteceu e já envelheci um pouco. Um jogo de estilhaços é tudo o que possuo, a memória que vem ainda não tem a dor dentro dela. As fotografias e os textos, teu rosto, poderiam projectar-me para um futuro mais feliz, ou contarem-me os desastres dos recomeçados regressos. Mas, quando mais tarde conseguir reparar que a vida vibrou em mim. Um instante, terei a certeza de que nada daquilo me pertenceu. Nem mesmo a vida, nenhuma morte. na mesma posição, reclinada sobre o meu frágil corpo, recomeço a escrever. Estou de novo ocupada em esquecer-me. A escrita é precária morada para o vaguear do coração. Resta-me a perturbação de ter atravessado os dias, humildemente, sem queixumes. Anoitece ou amanhece, tanto faz.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)

1 comentário:
Apenas uma alegria:- Ver palavras escritas por ti, finalmente. Tristes, é certo. Mas sei que são resultado de um factor e da data em ke aconteceu. Só. Mas tinha de ser assim.....SÓ. O tempo...ah!!! o tempo, trará a realidade, o carinho, o amor....!!! E acima de tudo o apoio, a ternura e tudo parecerá mais lindo. Porque é realmente mais lindo. Com um pouco de cor, de carinho, de amor e o Sol a brilhar. ATMT
Enviar um comentário