Hoje, conheci uma pessoa simpática.Foi bom conversar com ele, por momentos pensei que nossos pensamentos estavam em síntonia. É bom conhecer alguém que conhece nosso espírito logo ás primeiras palavras. É estranho , mas desde há muito tempo que não me sentia tão bem.
Quando deixamos de conversar por medo há um vazio inesperado - o vazio é sempre igual - , mas é justamente nesse vazio que a dor é diferente. Tudo o que não se disse nesse espaço se materializa e se dilata, e continua a dilatar-se. É um vazio sem portas, sem janelas, sem saídas. O que lá fica suspenso fica para sempre, está na nossa cabeça, contigo , à tua volta, envolve-nos e confunde-nos como uma neblina espessa. Olhei o relógio, dezoito horas, está sol e o calor começa abrandar. Fui à janela como procurar algo, no relvado em frente da casa aparecem manchas de relva amarela. Meu olhar parou no horizonte e minhas lembranças voaram como por magia. Tentei desistir dos meus pensamentos, mas não quero fugir à dor. Só a dor faz crescer, dizia, mas a dor deve ser enfrentada cara a cara, quem foge ou se compadece de si próprio está destinado a perder.
Vencer, perder, os termos guerreiros que empregava serviam para descrever uma luta silenciosa, interior. Segundo penso, o coração do homem é como a terra, metade iluminado pelo sol e metade na sombra. Nem mesmo os santos têm luz em todo o lado, como o corpo existe, penso eu, estamos na sombra, somos anfíbios, como as râs, uma parte de nós vive cá em baixo e a outra tende para as alturas. Viver é apenas ter consciência disso, sabê-lo, lutar para que a luz não desapareça, vencida pela sombra. Com estes pensamentos de Domingo, assumo os dias da semana de outra forma, de repente parece haver um caminho de luz à minha frente, já não me parece impossível percorrê-lo. O reino de Deus está dentro de nós, lembra-te? Digo várias vezes esta frase para me impressionar e, tentar viver feliz. O que cresce dentro de mim é apenas uma serena consciência de existir.
domingo, julho 10, 2005
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