terça-feira, outubro 11, 2005

BUSCA

Despertei esta manhã, após uma noite pouco descansada ( a causa serão as dores de dentes e os soníferos, que me repousam?). Desperto esta manhã, como nunca mais me tinha acontecido, desperto na alegria, convencida de que este mundo esplêndido nos é dado realmente por Deus!...Mas ao cabo de alguns momentos, vem de novo a angústia...Ou se não é de todo a angústia, é uma melancolia cinzenta. Não, não será mesmo angústia, porque a minha angústia é pavorosa, dela morro dez vezes por dia, dela morro cem vezes por dia.Ontem, abracei meu irmão, com um carinho infínito, suavemente, como acariciar sua alma. Para longe, muito longe fugiu o arraial do mundo, o Astro da vida. E fico num estado de pequena angústia ou de ansiedade, a habitual, a que se conhece, a normal. Enquanto escrevo meus olhos deixam passar sem querer algumas lágrimas, e vou pensando..Caminhamos rápidos para o Outono das nossas vidas. Neste mês de Outubro, o tempo tem estado bonito, olho para a rua, Sintra com a sua cerca imensa, e de um esplendor que, paradoxalmente, me tranquiliza e intristece ao mesmo tempo, ou alternadamente, o estado de espírito muda, torna a mudar, depois muda de novo. Esta cerca imensa de Sintra são de um verão da eternidade. Aquela eternidade de que todos participaremos. Depois deixamos de acreditar. Esta paisagem dá desse modo a impressão de ser a prova da ilusão que é este mundo, o meu mundo, o meu universo. O céu volta a dar-me alento. depois , estranhamente, revela-se ainda mais o nada que somos, e que ele descobre aparecendo o contraste com o nosso espírito, a nossa alma.
Depois o que aparece novamente reaparece como luz cintilante, promessa de alegria definitiva, incorruptível, para que uma vez mais se caia na mágoa e na desesperança, e isto, tudo se alterna de um momento para o outro. Não posso firmar-me nem na alegria, no equilíbrio, nem na angústia que esta paisagem do mundo alternadamente me dá. Não consigo prever o que nem como serei de um momento para o outro. Assim será até ao fím. Será de facto assim até ao fím? Instabilidade suprema dos sinais!
Brutalmente, o luminoso recanto do céu, o segundo da paz que me tinha sido dado, que por vezes se pode possuir, desaparece, ensombra-se, a luz divina apaga-se na noite do homem. Num instante busco a esperança em que se possa crer ( estupidamente? ) que o céu ama o homem; que os homens se amam uns aos outros.

Em suma , esta realidade é a minha busca.

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