sábado, abril 23, 2005

CREPÚSCULO

O crepúsculo passou, continua frio, mas agradável. Eu abro a varanda olho o céu e sinto-me tocar nas estrelas, oiço os grilos na noite. Na noite os sons da natureza são mais reais e me suscitam muitas emoções, do que objectos como carros e aviões. As coisas da natureza dão mais do que tiram e os seus sons levam-me sempre de volta para aquilo que é suposto ser real. Havia alturas, em África, depois de uma noite mal dormida, em que pensava muitas vezes nestes sons simples.Impedia-me de ficar louca.Para mim era a música de Deus, que me trazia á realidade.
E às vezes, como agora nos momentos imediatamente anteriores à chegada do sono, pergunto-me se estarei destinada a ficar para sempre só. E digo baixinho. Esta é a tua hora, o teu voo livre adentro do indizível, longe dos livros, da arte, do dia apagado, as lições feitas. Emerges e avanças totalmente, silenciosa, observando, ponderando nos temas que mais gostas. A noite, o sono, a morte e as estrelas. Fecho os olhos - sussurro, ponho as mãos no rosto e oiço o vento, enquanto ele se dirige para longe das montanhas.
Vagueio a noite toda na minha visão,...Inclino-me de olhos abertos sobre os olhos cerrados dos que dormem.
Vagueando confusa, perdida para mim, desamparada, contraditória. esperando, olhando, inclinando-me, e parando para que o sono me leve. sorrio - Faz-me ter menos medo - Sim confirmo.

1 comentário:

Anónimo disse...

Que lindo!! Nem tanto o conteudo...mas a forma!! Que lindo