Hoje, sinto um conflito interior entre dois extremos. Quero deixar passar algumas lágrimas para me sentir melhor, simplesmente não saem. Assim que as recordações ameaçam invadir-me, mobilizo todas as minhas forças para as apagar, para as impedir de passar.Tenho de desenvolver um método artesanal para me livrar delas: respirar profundamente desde o estômago e concentrar-me apenas na respiração. Deixo que as imagens apareçam. Enquadro-as, desfazendo-me do que se mexe à volta delas. Pisco os olhos até as tornar desfocadas. Depois, fixo uma delas. Olho para ela durante muito tempo até que a imagem se imobiliza. Não vejo outra coisa senão essa imagem. Respiro profundamente pensando que o que estou a ver não passa de uma imagem que tem de desaparecer. Com o pensamento, introduzo outra pessoa no meu lugar. Tenho de me convencer que não tenho nada a ver com aquela imagem. Repito várias vezes: esta recordação não me pertence. Trata-se de um erro . Não tenho passado, portanto não tenho memória. Os meus sonhos são férteis. Visitam-me amiúde. Passam uma parte da noite comigo, depois desaparecem e deixam no fundo da minha memória restos da vida diurna.
Não sonhava com a libertação, nem com o tempo anterior a ter sido enclausurada. Sonhava com um tempo ideal, um tempo suspenso entre os ramos de uma árvore celeste. Se no medo é a criança em nós que acorda, neste caso era a doida e o sábio em mim que se debatiam arduamente para ver quem me levaria até mais longe de mim mesma. E eu, impassível, assistia com um sorriso nos lábios a esse conflito entre dois extremos.
No outro dia enquanto dormia gritei, minha cabeça pesava, não conseguia perceber se dormia ou sonhava. Acordei, senti-me enlouquecer, falo baixinho para não adormecer. Por vezes sinto frio e dores horríveis nas minhas artículações ficam todas bloqueadas, o medo apodera-se de mim. Os monstros não me deixam.
Nessa noite não consegui dormir. Embrulhei-me no lençol que me protegia e tapei a cabeça com medo do escuro. No dia seguinte, meio tonta fui para o trabalho e fiz o que precisava para lutar contra os fantasmas.
Antes de ir para a cama medito, percebo que há véus que caem uns a seguir aos outros até as trevas se tornarem menos opacas, até se poder entrever um pequeno raio de luz. Talvez seja invenção minha, fruto da minha imaginação. Mas convenço-me daquilo que vejo. O silêncio é uma via, um caminho para voltar a mim. Eu sou silêncio. A minha repiração, o bater do meu coração passam a ser silêncio.A minha nudez interior é o meu segredo. Não tenho necessidade de a exibir nem de a celebrar na solidão, que por vezes cheira a mofo.
Depois de algum tempo de grande lucidez, volto a cair no moinho que roda ao ralenti
Não sonhava com a libertação, nem com o tempo anterior a ter sido enclausurada. Sonhava com um tempo ideal, um tempo suspenso entre os ramos de uma árvore celeste. Se no medo é a criança em nós que acorda, neste caso era a doida e o sábio em mim que se debatiam arduamente para ver quem me levaria até mais longe de mim mesma. E eu, impassível, assistia com um sorriso nos lábios a esse conflito entre dois extremos.
No outro dia enquanto dormia gritei, minha cabeça pesava, não conseguia perceber se dormia ou sonhava. Acordei, senti-me enlouquecer, falo baixinho para não adormecer. Por vezes sinto frio e dores horríveis nas minhas artículações ficam todas bloqueadas, o medo apodera-se de mim. Os monstros não me deixam.
Nessa noite não consegui dormir. Embrulhei-me no lençol que me protegia e tapei a cabeça com medo do escuro. No dia seguinte, meio tonta fui para o trabalho e fiz o que precisava para lutar contra os fantasmas.
Antes de ir para a cama medito, percebo que há véus que caem uns a seguir aos outros até as trevas se tornarem menos opacas, até se poder entrever um pequeno raio de luz. Talvez seja invenção minha, fruto da minha imaginação. Mas convenço-me daquilo que vejo. O silêncio é uma via, um caminho para voltar a mim. Eu sou silêncio. A minha repiração, o bater do meu coração passam a ser silêncio.A minha nudez interior é o meu segredo. Não tenho necessidade de a exibir nem de a celebrar na solidão, que por vezes cheira a mofo.
Depois de algum tempo de grande lucidez, volto a cair no moinho que roda ao ralenti

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