Bastou apenas cinco minutos de conversa para verifícar que tudo continuava na mesma, o meu sofrimento duma vida não tinha fím. Eu estou afectada física e psicologicamente, meu lar é uma instítuição, onde o chefe comanda, onde o síndrome do pânico se apodera de mim. Estou a ficar grávemente doente com a doença recem-admitida nos anais da psiquiatria universal. Acontece que as pessoas afectadas com esta doença costumam escondê-la, com medo de serem confundidas com loucos. É apenas um desequilíbrio químico no organismo, como é o caso da depressão. Estou confusa , tensa, irritada comigo mesma, aprendi desde muito cedo a controlar as minhas emoções, manter um ar frio, distante, fazer com que tivesse vergonha, medo, raiva, hoje tenho vontade de matá-los, feri-los com palavras que não ousava dizer. Tomo comprimidos, estou a tornar-me numa mulher demasiado frágil cansada, muitas vezes tento abandonar os meus pensamentos para não tomar atítudes. Preciso de me sentir gente, saber reagir com ironia, ou então ter a coragem de desejar a morte. Fui para a rua andar um pouco, deixando que o frio entrasse no meu corpo, e acalmasse o sangue desesperado que corre depressa , acalmar meu coração que batia rápido de mais. Enquanto andava pensava que a minha vida já não tinha importãncia, tinha que acabar por aceitar o que a vida me tinha imposto. Na meninice e na adolescência, não pensava que era demasiado cedo para escolher; agora, na minha idade, era tarde de mais para mudar, só poderá eventualmente ter uma saída. Essa eu tenho a chave. Sacrifiquei muitos dos meus desejos, para que meus filhos me continuassem a amar como me amavam em crianças, embora sabendo que o verdadeiro amor se modifica com o tempo, e cresce, e descobre novas maneiras de se expressar. Quantos sonhos eu tive, sonhava casar com um homem que fosse díferente, que ganhasse apenas o sufíciente para sustentar a família, que gostasse de ópera de bailado, que desse atenção aos meus poemas, que não me amasse, mas gostasse de mim. Poder olhar as montanhas ver as flores crescendo, poder contemplar o céu e dizer que há estrelas. Em casa é como combater o inimigo - e depois ter que aguentar consequências imprevisíveis, como vingança. Nunca vou conseguir o que desejava na vida , chego á conclusão que a minha existência não tem sentido, porque todos os dias são iguais. É como morrer todos os dias um bocadinho. Adaptar-me à rotina imposta pela casa: acordar cedo, café da manhã, ir para o trabalho, almoço, trabalho, ir para casa, jantar televisão e cama. Obedecer às ordens e regulamentos do Sr. X. A minha única saída é afastar-me de tudo e de todos, tentar de todas as maneiras conquistar o que nunca tive. Respeito por mim mesma.
Seja como a fonte que transborda e não como o tanque que contém sempre a mesma água.
terça-feira, março 01, 2005
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