Aquele era um tempo sem amor, a terra estava aberta a futuros, como uma folha branca em mão de criança!... a criança que eu era. Meu pai era apenas o nome. Homem desamarrado insensível e desumano. O riso dele gravado na minha memória, são máscaras debutadas pelas lágrimas da minha alma. Ao morrer minha mãe, ele possuia as mulheres sem excepção, ele as desfrutava na mesma cama, sobre o mesmo lençol. Onde eu pequena tantas vezes esses mesmo eu lavava com mãos geladas a sangrar. Ter um pai assim, era ter o inimigo em casa. Muitas vezes chamava pai, respondia!... não te conheço. não me chames de pai. Passei anos a tentar compreender estas palavras. Lembra-me quando era mais miúda, quando ainda vivia com ele, prendeu-me a mão
com a corda grossa que eu saltava bateu!... bateu, minhas pernas em sangue eu não chorava, mas gemia. Amava aquela casinha fazia-me lembrar minha mãe, nada restava dela para sentir seu afago debaixo dessa cama eu me escondia e adormecia. Quando o via chegar meu medo nem quero lembrar, eu entrava em agonia. Desse tempo recordo o Adeus de minha mãe:
a quinta onde eu brincava, os ares das tardes de verão, as cores do céu, o precoce despertar da lua. Minha casinha, minha lua, minha mãe, tudo se foi embora!... o tempo também.
Meu vazio continua até quando chegar a minha hora.
terça-feira, agosto 10, 2004
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