segunda-feira, agosto 30, 2004

Um tempo chamado rio

Sentada à beira rio choveu. Enquanto a chuva escorria pelo meu corpo chorei. Chorei e chorei sem parar enquanto chovia até que já nada me doia. A chuva tinha lavado, os céus tinham-me retirado saudades e silêncios. Na minha actual existência, eu já não tenho ideias. Só lembranças. Sobre aquelas chuvas intensas nenhum cristo andou. O vento sopra forte contra mim, e me devolve ao meu próprio pensamento. Por alguns instantes, não pensei em nada. A claridade do luar à beira rio era suficiente para que eu pudesse ver o meu vulto. Senti frio. Dentro de mim saiu. Eu amo-te - estou aprender a amar-te. Eu sabia do que eu estava a pensar. E continuei na beira rio sentada, os meus pensamentos, naquele momento, de nada valiam. O amor descobre-se através da prática do amor.
Um ser humano dividido não consegue enfrentar a vida com dignidade. Comecei a imaginar de que maneira de estar a viver naquele momento. Eu gostaria de estar alegre, curiosa, feliz.
A viver intensanente cada minuto, a beber com sede da água da vida. Amar o homem que me amava. Confiar novamente nos sonhos. Sim esta era a mulher que eu gostaria de ser. E que de repente aparecia, e transformava-se em mim.
Parou de chover, uma parte de mim deixava meu corpo. E eu olhava a mulher que ia nas águas do rio, a outra caminhava frágil, cansada, desiludida. Tentando julgar o amor futuro pelo sofrimento passado. O amor é sempre novo. E então levantei-me abri a janela do meu coração e deixei entrar o sol.

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