segunda-feira, dezembro 27, 2004

GRITO

Ah...se o destino no amanhã permitir.
Eu sumir de todos os cantos do mundo.
Deixar de sentir um amor tão forte e profundo.
Chegar ao meu tejo extasiada e nua.
Poder me unir ao rio, ao vento e á lua.

Contemplo a terra os montes e as estrelas.
Que meu coração se encha de perfumes, e não de angustia.
Que o rio me traga o que procuro.
A exaltação das ondas, no rio profundo.
Descendo suas aguas com os astros.
E meu grito sumindo, meu espírito no fundo.

domingo, dezembro 26, 2004

PAIXÃO

Abro meu espírito...solto um gemido.
E deixo transparecer o que sinto...por onde for.
Quando chego ...onde estarás.
Impetuosa melâncolia encontra paz.

Força agonizante de querer , e não querer.
E o quanto te quero, não é pouco.
Declaro, por ti meu gostar louco.
É paraíso de sentimentos, emoção bastante.

Calada no espaço, chegando mais perto.
Sonhos sentidos, envolvidos do tempo.
Teu é o meu sentir de coração aberto.
Sentimentos, carinhos lances de momento.

Tua pele transpira, meu corpo adere.
Sedução no amor é tentador.
Deslizo minhas mãos, na loucura do desejo.
Provocam emoções , alcançam beijos.

Chão de estrelas, caminho no meu jardim.
Sob tempestades de pétalas macias.
Em cenário de amor pintado.
Son de harpas é por amantes, absorvido.

segunda-feira, dezembro 13, 2004

NATAL

Abri a porta e caminhei, na nitidez da magia do real.
A mesa do banquete era coroado de rosas e de mirto.
no canto eu estava memorando os meus dias.
E da magia daquela noite, minhas lágrimas celebrava.
Estava consciente e não dormia, das mãos finas meu pranto escorria.
Enquanto as imagens degastadas pelo tempo da minha mente.
Quaze cansei de esperar por ti!...pois lá não estavas.

Natal, quando se ergue o canto.
E minha memória sequiosa das desventuras.
Querendo vir à tona, em procura da parte que não tive.
E no meu triste instante, e vi a noite estrelada, calada.
Eu estava sentada olhando a luz divina, era o meu delírio.
Nunca destingui o vivido do não vivido do Natal.

Era o desfilar real dos meus sonhos e dias.
A linha musical do encatamento surgiu.
E a árvore era o meu alimento e tua luz.
E da pausa mágica da noite, eu celebrava o Natal.
No desejo de sufrir anos de distãncia em horas de harmonia.
E em redor da mesa celebrei a festa.
Do instante que meus olhos brilhavam entre rostos.
E a luz da vela se apagou, e se foi a magia com o novo dia.


Hoje transitei em sentimentos em andanças, derramadas no meu corpo e minha alma...ardentes emoções, e entre sussurros envolventes...minha pele se arrepia, ao captar amor em todos os movimentos, e esquecer o passado de muitos Natais.

NINA

NINA, aprendeu a facilitar as coisas, chorava em silêncio para ninguem ouvir. Se tinha fome dizia que não, se tinha dores apenas esboçava um sorriso, facilitava as coisas para ela mesma e para os outros.

Aprendeu a sorrir, a achar graça nas coisas que a magoavam. Assim superou o sofrimento e resolveu olhar a vida, e as pessoas e os problemas com mais serenidade, e amor.

Comemorava com alegria, as suas façanhas, por menor que elas fossem, sentia-se todo o dia uma guerreira, e sabia e acreditava que a vida seria cheia de espinhos, mas tudo o que ela precisava para ser feliz estava junto com ela.

Por amor a Deus, e às pessoas, fazia tudo o que podia, pois tinha a certeza que Deus completaria o seu trabalho com muito amor. Foi crescendo, e sabia que tinha que ser ponderada, e cheia de pausas para uma reflexão e para comunhão. Ela sentia que fora criada no universo, para compreender a vida e as pessoas, e que a sua vida era um passaporte para uma vida muito melhor, teria que perdoar, compreender sem julgar. E se necessário ir até aos impossíveis.

Seu sofrimento e suas lágrimas seriam pétalas do seu coração, era assim que ela queria viver, para ser feliz.


quarta-feira, dezembro 01, 2004

ROSTOS

Com paredes vazias, silêncios e penunbras.
Lembro rosto de gente e de paciência sofrida.
que a miséria contida longamente desenhou.
E pelos seus rostos iguais ao sol e ao vento.
Quebro meu rosto e vejo-me a mim.

Vejo rostos que o coração já não bate.
O tempo é escuro cheio de sangue e saudade.
Onde minha alma se compadeça.
de mim do meu chorar e do meu canto.
pela cor e pelo peso das minhas palavras.
Donde se erguem imagens do silêncio deslumbradas.
Me dói o espírito, me rouca o mar.
Pela nudez das palavras machucadas.

terça-feira, novembro 30, 2004

TRISTEZA

Estou aqui nesta sala, triste e pensativa, o meu pensamento é um barco sem rumo. Tento ocupar minha mente, longe de tudo aquilo que estou acostumada, penso sobre coisas às quais nunca dei muito interesse, e vagueio no tempo, onde minhas ilusões são permitidas. Durmo numa cidade onde nunca pus os pés. Posso fingir, por alguns minutos - que sou diferente. Começo a imaginar de que maneira gostaria de estar a viver neste momento. Eu gostaria de estar alegre, curiosa, feliz. A viver com intensidade cada instante, a beber com sede da água da vida. Confiar novamente nos sonhos. Capaz de lutar pelo que queria. Mudar a minha vida, ser eu e tentar ser feliz. Sim, esta era a mulher que eu gostaria de ser - e que de repente aparecia, e transformava-se em mim.

Eu olho para a mulher que tenho sido até então: fraca tentando dar a impressão de ser forte. Com medo de tudo, mas dizendo a mim própria que não é medo - é a sabedoria de quem conhece a realidade.

Construindo paredes nas janelas por onde penetra a alegria do sol- para que meus móveis velhos são fiquem desbotados.

No canto da sala tento controlar as minhas emoções, mas sinto-me frágil, cansada, desiludida. Controlando e escravizando aquilo que devia estar sempre em liberdade: meus sentimentos.

A realidade voltou!!! A outra se afastou de mim, o meu coração voltou a falar comigo. Disse-me baixinho que a brecha da janela da varanda, deixava passar uma correnteza, os ventos sopravam em todas as direcções, e eu tento ficar mais animada, porque eu ouvia o vento soprar novamente. O meu coração diz-me que eu tenho que ganhar força e continuar minha estrada. Eu levanto-me com uma lágrima bailarina tentando sair do meu olho, tento encobrir essa realidade e esboçar um sorriso que não é o meu. Abri de novo a janela e deixei os salpicos da chuva salpicarem meu rosto, a chuva que poderia inundar tudo - as montanhas no seu ritual de outono, o chão coberto de folhas secas, o rio que eu não vejo, mas que eu oiço no meu coração.

Eu estou calada, porque falar não adianta e isso é péssimo; mas minha alma tenta alegrar-se ao sentir a chuva.
Tive sempre medo. nunca cavei o poço. Estou a fazer isso agora, e não quero esquecer-me dos riscos - A chave. Eu tenho a chave.

segunda-feira, novembro 29, 2004

MUNDO

Atravessei o mundo solitária perdida.
Correndo em busca de paz pelos caminhos da vida.
Tentando encontrar minha origem desvanecida.
E poder acordar dos meus escombros.
Unir meu espírito, nos meus sonhos sepultados.

Ó mundo inquietante!... onde sou solidária e sonhadora.
Onde eu deveria acordar do meu profundo sono.
E dar forma primitiva aos meus anseios puros.
Sem me deixar penetrar nos meus segredos.
E dar ânsia aos meus sentimentos do impossível.
E alcansar o meu grande êxtase perdido.

Segui o mundo secreto e vi bailar o meu sonho.
Sonho não percorrido, da ilusão de estar só.
Que momentos há que eu suponho.
De viver no mundo, e seres um milagre criado só para mim.
Ó exaltação de todas as esperas.
Num mundo de pobreza, e amargo dos poentes.
Regressei de longe onde a direito o amor e o vento corre.
À luz crepuscular do meu instinto

sábado, novembro 27, 2004

Caminho

Hoje, caminhei, entre as árvores densas e caladas.
Olhei o céu vermelho, meus olhos brilhavam.
Lutei com o mistério do caminho.
Onde meus passos sem rumo, na poeira da estrada.
Serena segurei meu rosto, onde minha alma mudava.
Era o canto das aves, a sua música me embalava.
Perdida sem saber onde caminhava.
Vi luz no caminho, enchendo o céu de sol e de saudade.
Nada me deteve no caminho do amor, que me levava.

Caminhei livre no eco da lua e da estrada.
E das árvores, recebi seus carinhos, no momento presente.
Na estrada fui eu!!..E recordei tudo o que amei.
Dancei nua, nos longos caminhos.
Onde meus cabelos doirados brilhavam.
Eu era a musa, puro espaço e lúcida unidade.
Olhei o tempo apaixonadamente, com suspiros - sem ais.
Na penumbra vi meu amor chegando.
Onde os caminhos tombaram num abraço.
Tomando nossos corpos e almas .
Em realidade... permanente.
Lado a lado... indefinidamente.

terça-feira, novembro 23, 2004

Aceita-me

Aceita-me da maneira que eu sou.
Eu cheguei de mansinho assim.
Por isso não tenho nódoas.
Sou uma pessoa igual a tantas outras.
Tenho o dom do amor.
E tenho também todas as imperfeições dum ser humano.
Sou humilde, conheço meus limites.
Sei o que quero e onde posso chegar.

Eu sou alguém que vive dentro de si.
Que sonha, que procura caminhos de felicidade e de amor.
Sou alguém, que sofre, que luta, que chora.
Mas, sou também alguém, que dá alegria e sorrisos.
É assim que eu sou, como vim ao mundo.
Sou menina, mulher, que procura por mim mesma.

Se tu me procurares dentro de mim.
Verás que sou poetiza amor e devoção.
Olha nos meus olhos, descobrirás a dor da humanidade.
A vida está dentro de mim, e vivo essas vidas.
Um amigo espera meu gesto.
Um faminto espera o meu pão.
Posso ajudar a curar um doente.
Só quero que me ames apenas.

Verás que sou toda coração.
Aceita-me!!! Apenas.

sábado, novembro 20, 2004

AMANHÃ

Desejo um amanhã diferente.
E dando tempo ao tempo.
Vivendo... momento presente.
Em realidade permanente.
Multiplicando meu anseio somente.

E assim... ser feliz tento.
Dar todo o meu amor que eu sinto no presente.
Sensação envolvente com ternura cativa.
A terra o sol o vento o mar.
São minha biografia, são meu rosto e minha alma.

E entre quatro paredes brancas.
De profunda e devorada inquietude.
Alguém seu próprio ser mostrará.
Com o amanhã, no tempo da minha ilusão.

E amanhã irei ao teu encontro.
Onde as planícies do silêncio me confrontarão.
Mas o teu rosto está para além do amanhã.
Onde eu habito os jardins do teu silêncio.
porque tu és o ausente...Presente.

Num amanhã no deserto te esperarei... Nesse lugar penso.

terça-feira, novembro 16, 2004

Ausência

Há várias maneiras de atingir um coração de quem ama. Qual a mais dolorosa.
Parece ser aquela que estou a sentir de momento. Tento esquecer o passado e dar valor aos amigos, e às pessoas que realmente amo mas, a ausência de alguem que gostamos muito, provoca dor e sofrimento.

Não há como mensurar esta espécie de dor. Recordo seus olhos doces, sua voz que entra em mim, a todo o momento, espero que ele venha depressa. Mais depressa que o próprio tempo, mais depressa que a bondade dos homens.

Vou superar a dor, pelo motivo da sua ausência, tenho que perceber a beleza de cada momento que passamos juntos.

Não vou permitir, que meus olhos, turvem quando penso nele. Quero ser otimista e confiar no seu regresso, sem desespero nem revolta. Quero que ele volte para mim, mais depressa que a estrela fugitiva que mal poisa no céu.

Hoje, foi a rotina, ninguem notou a dor que me invadia o peito, da sua ausência

segunda-feira, novembro 15, 2004

ESCUTO

Escuto o silêncio, não sei.
Se o que oiço é o teu respirar.
A música do ser, que me dá morada.
E de um tempo justo, e recomeço a busca.

Palavras sentidas, não as oiço.
Com harpas de areia cantarei no deserto.
de muito longe venho, pelo teu chamamento.
e escuto a música do tempo.
Às paredes da alma, onde o silêncio é ouvinte.


À noite escuto!...O vento que se dispersa e divide.
E agora de mim, não me separa nada.
Nostalgia, caminhante desordenada.
Eis que morro e não escuto.
O limite do meu amor, da minha vontade

sábado, novembro 13, 2004

TE AMO

Te amo, como a onda ama o mar.
Te amo, como o nascer da aurora.
Te amo, como a luz secreta do meu coração.
Te amo, como semente florescendo.
Te amo, no meu mundo perdido.
Te amo, no silêncio da montanha.
Te amo, no silêncio amedrontado.
Te amo, entre as sombra que ficaram para tráz.
Te amo, onde meu pensamento é triste.
Te amo, onde minha paz encontrarei dentro de ti.
Te amo, onde Deus colocou um pedacinho de ti.
Te amo, respirando fundo, porque és a minha alma.

sábado, novembro 06, 2004

ASSIM

O amor é algo assim.
Uma dor dentro do peito.
Que chora, e entra em mim.
Amor é assim.É um rio que corre.
Para junto do mar, é como uma ilusão.
Dum pássaro sem poder voar.

Assim é o amor.
Como a rosa sem perfume.
Que ninguem gosta de cheirar.
Me deixa assim, neste pranto.
De sempre te poder encontrar.
Assim!..Assim.

DEUS

Há momentos na vida que a nostalgia toma conta de nós. Há momentos que gostariamos de ser outra pessoa, mas tudo o que habita em nós, estará sempre presente em nossas vidas, e, em todos os momentos. Portanto seremos sempre nós , e não os outros que gostariamos de ser. Preciso muitas vezes enchergar essa relidade, para me poder forlalecer e, agradecer a Deus por ser como sou.

Este pequeno conto ilustra o que penso às vezes quando estou zangada com Deus.
Às vezes acho que Deus é o culpado de tudo de errado que acontece em minha vida. Quando acordo pela manhã, e não consigo selecionar os problemas do dia anterior, tudo me parece ruim, e nada dá certo. E digo!...Por que eu , meu Deus? Por que nada de bom acontece comigo. De repente enquanto penso isso, sinto uma enorme mão em cima da minha cabeça acariciando meus cabelos.
Depois, ele me guia atravéz de seu espiríto, me socorre nas horas difíceis, me refresca com o calor do seu amor quando o mundo me sufoca. E aquece-me quando minha alma gela da indiferênça e da maldade do mundo e do sofrimento que muitas vezes me tira a paz.
Tento andar com Deus, porque assim talvêz não fique imune aos problemas, mas tenho a certeza que ele me dá algumas flores, e me tira os espinhos do caminho. Tenho a garantia que ao terminar o dia não estarei só, e dormirei com ele na minha cama, dentro do meu espírito. E digo antes de adormecer!...Obrigado pelas tuas bençãos, obrigado pelo teu amor e pela protecção que dás às pessoas que eu amo, obrigado por estares comigo, por me fazeres conhecer o caminho do amor, da liberdade, e do perdão. Obrigado por seres meu pai, e estares sempre a meu lado, e afagares meus cabelos quando não consigo dormir.
obrigado!...porque fizeste-me conhecer o amor e os caminhos da vida.

Obrigado, Senhor, pela tua presença

domingo, outubro 31, 2004

Chuva

Eu lembro-me daquele dia, daquele momento que um sim, e um não, podem mudar toda a nossa existência. Parece ter acontecido há tanto tempo e, no entanto, no meu coração o tempo não passa, e nele reencontro o meu espirito que vagueia no tempo, por ai!...Eu sentei e chorei - todas as minhas lágrimas formam um rio no meu espírito, muitas vezes querem correr, mas meu pranto em silêncio formam apenas a correnteza que percorre meu coração. Tinha passado a infância e a adolescência a formar castelos, de vez em quando recebia uma carta ou outra, mas isso era tudo - porque ainda hoje volto aos bosques e ás ruas sonhadas da minha infância, e nada encontro - só solidão por parte de família, onde me queriam dar um caminho!...Dinheiro.
Tinha 14 anos, meu irmão Luis entendia que me queria casar, a forma não interessava - tinha que ser rico. Mais uma vez tinha que fugir do meu predador, o mestre uma vez disse-me!...que o nosso caminho é feito no andar.Pedi a meu irmão, que espera-se mais um pouco, que me deixa-se viver mais um pouco a minha liberdade antes de me comprometer com algo tão sério. Deu-me um estalo, quaze que me rasgou a face, quem era eu para falar em liberdade ou compromisso? Ele é que percebia, eu não entendia nada dessas coisas. Ele era meu irmão mais velho, que sabia tudo, tinha percorrido o mundo e deixava crescer as suas asas - enquanto eu só procurava amor, e criar raízes.Fugi tive que me esconder, queriam que eu desse um sim - que me vendesse. A minha realidade era outra, sentada na chuva parecia um gato molhado. As pessoas que passavam olhavam e riam, mas eu nem dava conta; Estava perdida no meio do sim negado, enquanto me embrenhava de novo por entre os carros, jurando nunca mais pensar em meu irmão e esquecer o seu estalo, e as suas palavras. A água caia-me no rosto, e no corpo - eu parecia uma fonte, eu estava no meio da rua, a tentar seguir minha estrada, ou fintar o trânsito.
Posso ler nos meus olhos.Posso ler no meu coração. Não quero recordar esse dia, mas os fantasmas voltam sempre com a chuva, e quem me olha receio, que meus olhos deixem perceber

sábado, outubro 30, 2004

LUISINHA

Por mais que deseje , não consigo fugir de mim - nem das minhas saudades, retratos duma infancia perdida, e duma vida sem razão.
Tento ser objectiva, mas a dor é profunda maltrata e humilha, por mais que queira esconder, mas nos meus olhos só há sombras pezar e muita dor.Para quem tenta esconder a emoção, vou atráz no tempo, e a todo o momento vou para todo o lado.

Luisinha, era asim que me chamavam.
Lembro que aos oito anos, quando me viam chorar para me darem força, diziam - tu és linda o mundo é teu. Viver é maravilhoso aos oito anos de idade - porque se pode, passear no campo, apanhar flores e, sobretudo, criar sonhos. Era o meu sonho ser bailarina, sonhar que voava em bicos de pés, e podia ir além do imaginário, como se fosse uma utopia. Há poucos dias quando fui ao Bombarral, da janela do primeiro andar, olhei o campo!...
E vi uma menina - essa menina projectei-a no tempo da minha imaginação, essa menina era eu!...Fiquei mito feliz por estar a mergulhar na minha meninice, dei por mim a sorrir. Lembrei-me de José Carlos, um menino Algarvio por quem me apaixonei. Pensava - quando for grande, imaginava-me casada com ele, ele nunca soube.
Era muito giro e simpático. A jura que eu fizera aos oito anos, era como uma comunhão, era a promessa de eternidade. Pensava viver no céu com a mãe, e dizia - a vida no céu é parecida com a nossa vida aqui na terra, embora seja melhor. Aqui há carros. Lá não há. Não há poluição, não há fábricas. não deitam as porcarias no chão. Não lutam. Não trabalham, tratam da natureza, da relva e dos animais.Para se ir para o céu é preciso tratar bem as pessoas e a natureza durante toda a vida. O mundo realmente era meu, a minha inocência de criança, não podia compreender que eu vivia noutra esfera. Onde tanta vez eu pensava!...Se eu fosse milionária, arranjava casas e trabalho para todos os que não têm. Os milionários não fazem isso porque são egoistas, snobes, têm manias e, sobretudo, porque são ( Betinhos).
Tento ainda hoje ter uma ideia das pessoas e da sua beleza, e penso que a pessoa que eu vi mais bela - Foi a fotografia de minha mãe. Desci as escadas do primeiro andar e voltei à realidade, a magia tinha acabado.

sábado, outubro 23, 2004

A caminho de África

1970 Desde aquele dia de Março, em que deixei preso o meu pai no tribunal da Boa Hora, para ir para África, até ao dia em que foi solto, não tive um momento de repouso.
A vontade que eu tinha de ir, era neutralizada por vezes por oposição de família. Que luta que travei entre essas duas ideias que se chocavam, mas sem decisão definitiva!... Noites terríveis sem dormir. Quando às vezes o sono se apossava dos nervos um tanto exaustos, o espírito debatia-se com pesadelos. Eu queria ir para África, mas aquela ideia fixa, aquele desejo insensato, tudo venceu. Ninguém me separaria do meu filho, era a única coisa boa que eu tinha - apesar da minha tenra idade ele era meu e também me amava. Quão caro paguei aquela aventura!... Quantas horas amargas já passadas e quantas terei que passar!... Só tarde pensei em tudo isto.

A minha gravidez de 3 meses, era uma barafunda tremenda. Eu andava cheia de nervos e sempre a vomitar, a cada momento eu me lastimava, tentava encontrar razões para não partir, mas o medo de perder meu filho por ser mãe solteira, eu andava obcecada e só via um caminho África.

O Principe Perfeito, a bordo do qual embarquei, tinha içado o sinal de partida, quando cheguei à muralha. O cais estava apinhado de gente que vinha despedir-se dos que partiam. Entre a multidão abraçada ao meu filho, ninguem se encontrava para nos dar um abraço de despedida. às 13 horas embarcamos , meus olhos marejados de lágrimas, porque eu sentia que estava só meu filho Fernando e grávida de Lourdes Maria, nunca como aquele dia, eu senti, o choque daquele momento. Encostada à amurada, a vista por vezes marejada de lágrimas, eu sentia o coração pulsar desordenadamente. Só uma coisa me preocupava naquele momento - a família. Não a que ficava, mas aquela que eu arrastava para a eventura. A comoção atinge o auge. É então que a realidade se apresenta sem rodeios. Lágrimas teimosas escaldantes pelas faces. Os que ficam começam a debandar, e para nós o primeiro dia de aventura começa.

Cheia de vida, e de fé no futuro, corria-me a esperança de melhores dias. O meu camarote em 2ª classe , o nº 36. A bordo, após três ou quatro dias todos se conhecem. Começam as confidências, e com elas a familiarização. Para mim foi o inferno, 9 dias sempre a vomitar, fiz amigos, e todos os dias logo pela manhã tinha a primeira visita era seguida de pequeno almoço e muito carinho.
Enfim, uns dias melhores outros piores lá fui suportando a cruz que a sociedade me impusera. É assim a vida. Mas duma coisa eu tinha a certeza, eu fugiria para o inferno, mas meu filho era meu - ninguém mo tirava.

Memórias de uma criança adolescente. Por razões pessoais foi obrigada a fugir com seu filho e grávida de outro para África, pelo risco de lhe tirarem os filhos, e pelo motivo de ser mãe solteira. O grave foi na época não permitirem o casamento com o pai dos seus filhos, por ter uma condição social inferior.

sexta-feira, outubro 22, 2004

Vento

Meu espírito atravessa contigo o deserto do mundo.
Enfrentaremos juntos a intolerância e morte.
Para olhar dentro de nós, e perder o medo.
Caminhando em estradas paralelas.
Ao lado do teu amor, e dos teus passos caminharei.

Por ti deixei o mundo, meu horizonte, meus segredos.
Caminho rápida no escuro do meu expoente.
Vida minha , meu espelho, minha imagem.
Por ti abandonei os sonhos do paraíso.

Dentro de mim o dia duro, sem véu, sem luz.
Sem os fantasmas que via, dormindo despida.
E ao mistério eu chamo tempo.
Com teu amor me vestiste de seda.
E revivo o tempo sem vento!... com amor.
Tomando nas minhas entranhas a sombra escura.
E adormeci o silêncio nos meus braços.
E eu senti-me desfalecer, cair para o impossível.
E o vento passou bravo e quente, e adormeci.

sábado, outubro 16, 2004

Amor de mãe

Todos os dias procuro fingir que não me apercebo dos momentos, que sofro em silêncio. Que ontem foi igual a hoje, e será igual ao amanhã, mas sempre na esperança que aconteça o algo, o instante mágico. Todos os dias tenho uma lição de vida, junto com o sol - penso que poderia haver um momento e ser possível mudar tudo o que nos deixa infelizes. Dia dois de Outubro meu 3º filho fez 24 anos, juntos festejamos o seu aniversário na nossa casa do Bombarral. Penso que vivi mais para ele, do que para os outros, deixo bem claro o que penso e sinto: Eu dei a vida a meus filhos, por eles morreria caso fosse necessário, mas aquele nasceu numa altura em que eu estava damasiado sózinha, dei-lhe toda a força da minha alma. Ninguém será capaz de entender o que é certos sentimentos, talvez os sábios penso eu!... Os nossos sentimentos são cheios de armadilhas. Quando se quer manifestar, mostra apenas a sua luz - e não nos permite ver as sombras que essa luz provoca. Tive que pagar um preço alto para conseguir estar ao lado de meus filhos e vê-los crescer. Precisei de renunciar a tantas coisas que desejava, abrir mão de tantos caminhos que apareceram à minha frente. Sacrifiquei os meus sonhos em nome dum sonho maior - criar os meus filhos e paz de espírito. Quero acreditar em mim, e pensar que existe no universo gente como eu!!! Aos poucos enquanto escrevo choro, olho o mundo lá fora, e, fico triste com a realidade , que, me custa aceitar. Hoje estou morta, de manhã, ao acordar, pareço ter-me esquecido de tudo. E, animada, digo com os meus botões: A vida é uma ilusão, e no instante em que digo a mim mesma estas coisas, e logo a seguir tudo me volta à mente.
Aos poucos em quanto escrevo luto para controlar as minhas emoções , elas hoje estão ao rubro.
Tento não desesperar mesmo quando a realidade está contra a minha razão, quando a realidade impede de divisar uma ou qualquer fresta, um qualquer clarão de luz. Mesmo naquelas circunstâncias, mesmo na escuridão mais profunda a esperança pode nascer para mim. Penso!!! Sou criticada por razões que desconheço. O meu mundo é uma prisão, sou uma criminosa que não pesa o sentimento da injustiça, mas sim do amor da compreensão e da liberdade. Sempre disse para mim mesma!!! Prefiro viver nesta fortaleza, que é meu coração, e continuar presa até aos fins dos meus dias, e não deixar entrar o sentimento da injustiça da maldade, e rancor. E não pela súbita traição da parte de pessoas, que apenas os seus sentimentos são do seu negócio ílicito. A falta de respeito ao próximo e a si mesmo .

Hoje minha alma vagueia no tempo!... O tempo que gostaria não ter vivido, sombras apoderam-se do meu espírito, e sugam minha alma. Tento acordar e quando dou por mim!... Sentada no canto da salinha com medo, de mim!... ou do passado.

quinta-feira, outubro 14, 2004

MIlagre

Eu não me mexi. A minha cabeça dava voltas, sem perceber o que se estava a acontecer, naquele maldito colégio. Era melhor eu não pensar - Deus o faria por mim. E começou a tocar a Avé Maria, deviam ser seis horas da tarde, como eu odiava aquela hora!...era um castigo uma penitência, a hora em que a luz e as trevas se misturam. O som do orgão ecoava pela capela vazia, misturava-se com as pedras e as imagens cheias de histórias e de fé. Fechei os olhos e deixei a música também se misturasse comigo, lavasse a minha alma dos medos e das culpas, me fizesse recordar sempre que eu era melhor do que pensava, mais forte do que julgava ser. Senti nesse dia uma imensa vontade de rezar e de chorar - eu orava , mas as lágrimas não saiam. Embora sentada no banco, a minha alma estava ajoelhada aos pés daquela imagem que eu adorava (Santo António), meu padroeiro. O mundo exterior era desconhecido para mim - só pensava atingir os meus vinte e um anos e sair dali. Esperar dói. Esquecer dói. Mas não saber que decisão tomar é o pior dos sofrimentos. No íntimo do meu coração senti que o meu Santo ouvia o meu pedido. A casa na quinta que eu tanto amava, começou a parecer menos real, como se fizesse parte de um mundo que eu já tinha deixado para trás. Começou a hora da visita, alguém procurava por alguém, foi a vez de minha irmã ser chamada, foi á visita - era meu pai. O medo e o cíume foram substituídos pela solidão. Os anjos tinham com quem conversar e eu estava só.Não sei o que me impeliu de lhe falar, eu sabia que diria coisas á toa, e acabaria por sofrer ainda mais, a sensação de ridículo era muito grande. Alguém assistindo ao meu sofrimento, se aproximou e disse!...Tente, disse para mim mesma. Basta abrir a boca e ter a coragem de dizer o que não entende. Tente. Deus parecia ter-me ouvido, as palavras começaram a sair mais livres - e foram aos poucos perdendo o significado na medida que o meu sofrimento era maior que o amor que tinha por ele. Eu era livre de espírito, esta liberdade me levava-me ao céu - na esperança de um milagre que só o amor pode fazer.

QUERO

Quero amar a mim, e os outros também.
Quero amar a natureza, e tudo nela existente.
Quero amar e sentir a beleza das coisas.
Quero amar a arte e sentir emoção, e sem condições.
Quero amar sem restrições e sem barreiras.
Quero amar para além do entendimento.
Quero o amor presente, sem lamentos nem fonteiras.

Quero ser o próprio amor.
Quero ser correspondida, se não for não me importo.
Quero amar com loucura, e sem medo.
Quero ter o coração pulgante de paixão.
Quero amar para ser amada também!...
Quero amar!... Simplesmente porque amo.

terça-feira, outubro 12, 2004

LIBERTAÇÃO

Ao chegar a casa, meu coração estava iluminado. Deitada no chão como gosto de fazer, por uns instantes fechei os olhos, imaginei o meu tejo à minha frente, meu coração estava cheio de amor e ternura, algo estava a modificar a minha vida. Por momentos esqueci todo o meu sofrimento de criança, a minha adolescência perdida, e todo o meu passado de sacrifício - vejo nas águas do tejo o espírito que me dá luz e esperãnça que minha vida será de amor e de cura. Estou feliz sondo o meu interior e ligo-me com aquela parte de mim que sabe curar. Onde sou incrivelmente capacitada, a minha consciencia - Para me libertar, tenho que aceitar o amor, tenho que me livrar dos ressentimentos, e abandonar o poço da autocomiseração. Digo muitas vezes esta palavra para tentar mostrar a mim mesma que sou forte e tenho defesas. Para libertar o passado, tenho que estar disposta a perdoar, mesmo ás vezes não saiba como fazê-lo. Perdoar significa desistir dos sentimentos que nos magoam e permitir que tudo isso se desvaneça. Não perdoar equivale a destruir qualquer coisa dentro de nós. È uma loucura estar-me a castigar hoje por uma coisa qualquer que me fizeram no passado. Hoje pela primeira vez desde à muitos anos senti algo em plenitude e agradeci ao pai, penso ainda deitada - Não perdoar alguém não molesta essa pessoa minimamente, é em nós que provoca o mal maior. A questão não está nela, está em nós. Creio no que sinto e agradeço ao Senhor meu pai, e creio na ligação da minha mente, com outra mente, A mente que é amor puro, liberdade, compreensão, compaixão, é um sentimento superior de mim , de nós, o poder que sustém, as nossas vidas. Simplesmente numa palavra universal . O amor. Obrigado


Dedico estas poucas linhas a alguém muito especial na minha vida. Esse alguém mostrou-me que o amor existe e vale a pena lutar por ele. Obrigado por existires, obrigado por me fazeres rir e tentar ser feliz, obrigado por acreditares em mim, obrigado por me fazeres viver , porque eu já estava morta, antes mesmo de falecer. Obrigado

SUIÇA

Comecei a andar por uma imensa avenida, ladeada por campos cobertos de neve. Ao fundo, eu apercebia-me da silhueta de um imenso hospital( Neuchatell).Percorri o restante caminho a pé minhas pernas tropegas de covardia. Durante o percurso, pedi a Deus que me ajudasse a ser frontal e o amor que eu pensava sentir, pode-se transformar em amor por todos os seres humanos.: No terceiro dia de minha estadia na Suiça, meus olhos inchados de tanto chorar, embora as saudades de meus filhos fossem muito grandes, eu já tinha a certeza de que este amor se estava a transformar em caridade, orava e pedia perdão, porque a oração ajuda os necessitados.Porque vieste? porque acendeste em mim novamente este fogo?. Fez-me sentir mesquinha e eu, estava a ser com ele - e com a vida. As minhas palavras saíam confusas, trémulas. A cada minuto que passava, eu via-o mais perto de mim, e continuava irritado - Por que só me dizes isso agora, precisamente quando eu tinha esperãnças, deste cabo de mim destruiste a minha vida!...maldita sejas.-Lembro-me daquele dia, a minha intuição dizia-me que eu ia assistir a algo que nunca me esqueceria, e assim foi.A partir daquele dia fechei meu coração. As minhas culpas eram tantas, tive receio de não conseguir aguentar a tristeza da minha alma. Procurei a Igreja e contei tudo o que se passava comigo. Penso que Deus me respondeu. Sossega não tinha que ser - tenho outras coisas para ti.

domingo, outubro 10, 2004

Tempestade

Hoje vi um mundo envolto em dor e amargura, partilhando de algum modo a sua dor, aumentando meus tesouros de ternura. Os lugares por onde fui passando, deixei um vasto amor e carinho.Todo o passado é morte, e só vale na medida que é cheia, viver a vida minuto a minuto, hora a hora, não paro de fitar o longe, com ar de quem se alheia, e penso!...Horas e dias , em loucas trajectórias, vão deixando tanta coisa atráz de mim!...E antes que o sol se ponha, dou por cada dia graças ao Senhor!. Olho o mar , na sua beleza natural, com místico fervor vou orando com humildade, pergunto porquê Senhor? Tanta dor - meus olhos se enchem de lágrimas turvas, olhando uma criança de cabelos de oiro, luz, - onde escória, ódios, mau humor...onde seres iguais passam na indiferença do tempo, e ela apenas sorri.Não será isso bastante, alguem ousaria pedir mais?Olho assomando á janela, do meu carro vi seu rosto de anjo esmolando uma moeda. Calma!..quem se alvoraça é quem mais sofre e mais se encharca. Não é a vista que torna a luz possível, tal como a graça, a luz do alto favorece. Às vezes, mais, quando o invisível.No escuro vejo dissípar-se o véu da luz, a tempestade surge no meu coração, e fulgem clarões imensos pelos céus, mas meu amor cresce



Dedico , esta mensagem a todas as crianças que tem fome de amor e de pão. Hoje assisti a um drama igual, mas por medo ou covardia, caminhei no meu ritual dando apenas esmola - de moeda!...mas amor, ficou no momento do meu desespero, onde o ceu ficou torvo e escureceu.

quarta-feira, setembro 22, 2004

Sombras

Para além das sombras é o sol que impera.
Superada a dor, enchugado o pranto.
Sorriu para além do medo.
Está de volta força e desejo.

Algures, para lá da região sombria.
Há sol novo.
Acredito ergo os olhos, na ansiedade do querer.
A realidade e o amor nascerá por si.
Mas, a bela colheita da semente ocasional.
Eis o que conta.E traz consigo o sínal.

segunda-feira, setembro 20, 2004

Energia

Amarmos a nós próprios é uma aventura maravilhosa, é como aprender a voar. Saí do trabalho, notei que estava febril, meus olhos ardiam, via luzes, transpirava e sentia frio. Fui buscar o carro meio tropega!... Pedindo a Deus para me proteger, para poder fazer tudo aquilo, tive que acreditar que era possível. Creio na minha ligação constante com Deus, através dessa centelha de luz ele rege a minha vida, e nas minhas fraquezas ele me ampara. Ao chegar a casa, os meus passos tremiam tinha 39º de febre - Penso que não delirava!... Vi os rostos dos meus colegas quando saí do CD. Senti os seus olhares de ternura, e de amizade, e deu para o meu coração, formar um jardim, e saber que sou feliz por trabalhar com eles. É um sinal em que o universo repara e nos compensa da falta de amor daqueles que nós amamos. Sacudo as mãos e depois esfrego uma na outra, não gosto de estar doente. Rezo e partilho a minha energia das mãos, sei que através delas sou outro ser humano, é uma tamanha honra e privilégio e é também uma coisa tão simples de fazer. Partilhar a minha energia com os meus amigos, sei que cura. O juntar das mãos quero dizer - Eu preocupo-me, estou aqui por ti amo-te.
Boa noite Senhor. Juntos podemos encontrar respostas. E assim é.

sábado, setembro 18, 2004

Acordei

Quando acordei, as persianas do meu quarto estavam em cima, o Manuel olhava para mim. Fiquei alguns minutos sem dizer nada, pronta para fechar os olhos - caso ele se virasse.
Como se percebesse o que eu pensava, ele voltou-se e olhou-me nos olhos.
- Bom dia - disse - Bom dia. Fecha as persianas, quero dormir estou cansada.
- Preciso ir tomar café - disse ele.
- Eu vou vestir-me - respondi.
E então eu levantei-me, afastei as cortinas e deixei o sol entrar. Andei alguns minutos parecia um mosquito dum lado para o outro. Entrei na casa de banho olhei-me no espelho, meu rosto estava muito branco, vi uma lágrima nos meus olhos, eu não estava feliz. Fui tomar café com ele!... Eu estava calada, porque falar era péssimo; e minha alma chorava ao mesmo tempo que ele falava. Tu pareces triste - disse ele em certa altura.Quis vir tomar café contigo, e ir contigo às compras e tu nem reparas. Penso que nem o ouvia. E voltava a repetir - Existe algum motivo para a tua tristeza. Tu és o responsável pela minha tristeza, isso eu não quero dividir contigo nem com ninguém, gosto de dividir a felicidade porque é algo que se multiplica quando se divide. - Em que é que estás a pensar? - perguntou. - Eu respondi!... Em vampiros. Nos seres da noite, trancados em si mesmos, desesperadamente à procura de companhia. Mas incapazes de amar.
Ele perguntou ? - Eu sou o actor!... Eu pensava em conseguir cravar uma estaca. O som dum carro a travar trouxe-me de volta à realidade, levantei caminhei meus passos ecoava até ao carro, não me lembro onde parei, senti minha cabeça escaldando e eu tremia de frio. Eram 7 h e 30 m da manhã, fui até aos lagos no Algueirão, olhando para a água lembrei-me das palavras dele - fechei os olhos , penso que queria dormir para sempre. O vidro do carro estava semi-aberto, senti salpicos de água no meu rosto - olhei não vi ninguém meio assustada liguei a ignição do carro e pensava. Certos lugares são assim para mim - podem ser arrasados por guerras, perseguições e indiferença. Mas permanecem sagrados. Então, alguém passou por ali, e sentiu o meu pensamento, e foi ao meu encontro e reconstrói-o. Olhei o céu dava-me uma sensação estranha - tinha a nítida impressão de que algo vindo do céu me espreitava, fiz o sinal da cruz. E fui embora.


sexta-feira, setembro 17, 2004

Esqueci

Hoje esqueci porque tanto choraram meus olhos.
Vi o Verão no fim, a terra exuberante a namorar o sol.
Ouvi perto um rouxinol, toutinho de alegria em seu gorgeio.
Viu meus olhos brilharem, vi a apoteose em flor.
Ele trepou a madressilva, a minha janela, e cantou para mim.
E tanta, tanta coisa bela!...
Talvez - pensei - um anjo, que o Senhor mandava.
Transmitir-me, palavras novas de fé de amor.
Pondo fim à minha solidão

quinta-feira, setembro 16, 2004

Luz para hoje

Hoje tive uma manhã ditosa. Saí de casa, de alma agradecida.
Era o dom de um novo dia. O nascer de um dia é dávida sem preço.
Senti os afagos do sol, fecundos e risonhos.
Vieram-me inspirar os mais dourados sonhos.
Cada alvorada é um hino de alegria. Traz-me mil ensejos de fazer o bem.
Dias como este, sabe bem viver. Ansiosa pela benção que dentro de mim contém.
Construí um arco-íris cheio de beleza, sem esperar que outro apareça.
Mudei a noite numa esplêndida alvorada, com um belo pensamento.
Sonhei que meus filhos beijava, milhões de flores aguardavam o momento.
E plantei um jardim de jasmins em pleno Inverno, com o amor que sinto por eles.
Do meu ventre os brotei para a vida, dei amor à benta luz do sol.
Gelada nas noites frias, insurge-se a razão.
Onde dei luz e coração. E eis um dia novo que amanhece.

segunda-feira, setembro 13, 2004

Brisa

Olho a terra à minha volta.
Deito-me no chão, sinto o coração do planeta a bater.
Sinto-me caminhar por montes plantados com oliveiras.
Onde a chuva cai devagarinho, o sol se esconde como uma visão de sonho.
No chão deitada, fico muito tempo sem dizer nada.
Algo me traz de volta à realidade.
E no tempo e na chuva, apenas sorrio.

É a brisa que surge, por detrás daquelas montanhas.
Que me permite, ver e sentir como uma carícia.
O sentimento de alegria que me provoca.
Eu estava imersa no sol, no campo, nas montanhas do horizonte.
Ponho-me a rezar, onde o silêncio da brisa me tranquilizou.
Fico deitada no chão. Meu coração bate fortemente.
O encanto surge!... A manhã e a brisa em perfeita união.
Oiço o ruído da brisa, dos seus passos caminhando.
A brisa me pergunta? Qual é o teu caminho.
Eu respondi!... O caminho de quem procura o amor.
A brisa pegou minha mão, conduziu-me no caminho do céu.

quarta-feira, setembro 08, 2004

Nada existe fora do agora

Eis aqui a chave: acabei com a ilusão do tempo.
Removo o tempo da minha mente e esta pára.
O futuro contém a promessa de salvação, de satisfação.
Seja sob que forma for. Ambos são ilusões.
Eu nem sequer saberia quem sou, porque o meu passado faz-me quem sou.
O passado e o futuro não são igualmente tão reais como o presente.
Nunca nada aconteceu no passado; como agora.
Nunca nada acontecerá no futuro; acontece no agora.
A vida é agora. Nunca houve tempo algum em que a minha não fosse agora.
É o meu único ponto de acesso ao reino, intemporal e sem forma de ser.
Quando penso no futuro, eu estou a pensar agora.Tal como a lua não tem luz própria.
Mas só pode reflectir a luz do sol.
Também o passado e o futuro não passam de pálidos reflexos da luz.
Do poder da realidade do sempiterno presente.
A sua realidade é "pedida emprestada" ao agora.
de repente, tudo parecerá vivo, irradiará energia, emanará o ser.

quarta-feira, setembro 01, 2004

A natureza

Cada uma destas palavras toca o meu coração, e ilumina meu espírito. Evoco, todas elas, ao vento das planícies, que a secura interior dos homens se quebre, que se possa celebrar uma aliança entre o homem e a natureza.

O homem de saber está situado no centro de si próprio.
É dentro de si que ele vê as estrelas moverem-se.
Vê o nascer e o pôr do sol.
É o eterno renascimento de todas as coisas.
As estações da terra são também as estações da alma e as do corpo.
Devo respeitá-la, agradecer-lhe o alimento e a alegria de viver.

Os dias vão-se, como as folhas de Outono arrastadas pelo vento.
Os dias voltam com o céu puro e o esplendor das florestas.
Não me deixo distrair pelo tumulto dos homens.
Pela sua busca insatisfeita e desordenada.

Levanto-me cedo de manhã, molho-me com água fria.
Ofereço uma oração muda ao sol.
O nascer do dia é um acontecimento sagrado.
Volto-me para os outros, aprendo a olhar de outro modo o mundo que me rodeia.
Experimento pensamentos harmoniosos por todas as formas de vida.
Agradeço cantando e dançando como fazem os sóis e as estrelas do céu.
Sei que as árvores falam? Falam comigo e eu sei ouvi-las.

segunda-feira, agosto 30, 2004

Um tempo chamado rio

Sentada à beira rio choveu. Enquanto a chuva escorria pelo meu corpo chorei. Chorei e chorei sem parar enquanto chovia até que já nada me doia. A chuva tinha lavado, os céus tinham-me retirado saudades e silêncios. Na minha actual existência, eu já não tenho ideias. Só lembranças. Sobre aquelas chuvas intensas nenhum cristo andou. O vento sopra forte contra mim, e me devolve ao meu próprio pensamento. Por alguns instantes, não pensei em nada. A claridade do luar à beira rio era suficiente para que eu pudesse ver o meu vulto. Senti frio. Dentro de mim saiu. Eu amo-te - estou aprender a amar-te. Eu sabia do que eu estava a pensar. E continuei na beira rio sentada, os meus pensamentos, naquele momento, de nada valiam. O amor descobre-se através da prática do amor.
Um ser humano dividido não consegue enfrentar a vida com dignidade. Comecei a imaginar de que maneira de estar a viver naquele momento. Eu gostaria de estar alegre, curiosa, feliz.
A viver intensanente cada minuto, a beber com sede da água da vida. Amar o homem que me amava. Confiar novamente nos sonhos. Sim esta era a mulher que eu gostaria de ser. E que de repente aparecia, e transformava-se em mim.
Parou de chover, uma parte de mim deixava meu corpo. E eu olhava a mulher que ia nas águas do rio, a outra caminhava frágil, cansada, desiludida. Tentando julgar o amor futuro pelo sofrimento passado. O amor é sempre novo. E então levantei-me abri a janela do meu coração e deixei entrar o sol.

Passeando

Passeando à beira mar, penso. Raramente nos damos conta que estamos cercados pelo extraordinário. Os milagres acontecem à nossa volta, os sinais de Deus mostram-nos o caminho.
Todos nós já o experimentámos na vida, todos nós em algum momento, já dissemos entre lágrimas!... Estou a sofrer por amor que não vale a pena. Sofremos porque achamos que damos mais do que recebemos. Sofremos porque o nosso amor não é reconhecido. Sofremos porque não conseguimos impor as nossas regras. Enquanto caminho penso e sofro à toa: porque no amor está a semente do meu crescimento. Quanto mais amo, mais próxima estou da experiência espiritual e falo comigo mesma ( Santa Loucura).
Caminho olhando o mar ao longe, saltitando na água como as crianças, meus olhos estavam alegres - pensava quem ama vence o mundo, não tem medo de perder nada.O verdadeiro amor é um acto de entrega total. É preciso correr riscos, e só agora percebo isso, o amor é o milagre da vida quando deixei que o inesperado acontecesse. Esta é a minha herança: a certeza de que não desperdicei a minha vida.

domingo, agosto 15, 2004

Só Deus sabe porque choro

Do lado de fora da janela o céu está coberto de estrelas, com uma lua linda que sobe por trás das montanhas de Sintra. Os poetas gostam da lua, escrevem milhares de versos sobre ela.
Quero expandir encher de luz todo o meu coração, mas antes dou por mim numa inevitável decadência. Estou separada do meu desejo de ser feliz, existe um muro que não consigo transpor. São as minhas imagens que não saem da minha cabeça. Por isso é que estou a chorar.
Quando tomei os comprimidos, eu queria matar alguém que eu detestava. Não sabia o que existia dentro de mim, outras Luísas que eu queria amar. -O que faz uma pessoa detestar-se a si mesma? -Talvez a covardia. Ou o eterno medo de estar errada, de não fazer o que os outros esperam. Há alguns minutos estava alegre, depois veio à minha cabeça a minha sentença de morte. Fecho-me sózinha apago as luzes, aconchego-me no canto do sofá, o meu tremor transforma-se em soluços baixos, tímidos, contidos, e penso porque é que uma miúda de 13 anos bonita, jovem, que tem a vida pela frente, resolve-se matar.
-A sala de estar é isolada o meu choro não perturba ninguém, preciso de me controlar. Sou alguém que leva até ao fim qualquer coisa que decida fazer. Consigo dar a aparênciada mulher independente, quando sou simplesmente um ser derrotado pelos meus fantasmas, e necessito desesperadamente de carinho. O amor que dou e não peço nada em troca consegue encher-me de culpa. Oiço uma noite com Mozart, amanhã nascerá o sol e quero ver alguem que me enche o coração.

Além da vida

A vida não me pertence, embora faça parte de mim.
Tudo o que sou a Deus devo.
Ele me criou, para que eu me possa dividir. Para todos que entram na minha vida.
Ninguem se cruza comigo por acaso, e sem nenhuma razão.
Tenho muito que dar e receber; e muito que aprender, com a vida, com as pessoas, tudo o que acontece comigo é com uma razão precisa. Não deverei lamentar-me, além de não servir de nada, tudo vai servir para me vendar os olhos e ver o caminho. Quando não consigo tirar da cabeça alguém que me feriu, estou somente a tornar essa ferida maior, e sofrer sem sentido. Muitas vezes bem sei que as pessoas não me ferem voluntariamente, e a pessoa nem se apercebeu; mas só que me sinto decepcionada, porque aquela pessoa não correspondeu às minhas expectativas. Tenho que acreditar quando alguém me disser que não me magoou com intenção. Tenho que perdoar e nunca negar ajuda a essa pessoa e fazer o que está ao meu alcance. Deus não vem em pessoa para me abençoar, ele sabe que estou cá para cumprir a sua missão. Todos nós podemos ser seus mensageiros. A vida para além da vida está nas mãos de todos nós. Tenho que viver de maneira que quando me for embora, muito de mim ainda fique naqueles que tiveram a boa ventura de me encontrar, e eu de os encontrar também.

quinta-feira, agosto 12, 2004

Colégio Interno

Eu volto para a camarata no convento. Tento ler um livro, por baixo da luz do silêncio, minha cabeça começava a doer, e meus olhos a chorar. Toca o silêncio, tudo deixava!... o que restava apenas a minha liberdade do meu pensamento que voava. Toca a alvorada, exactamente à mesma hora, repito mecanicamente as tarefas nas oficinas que me são confiadas. Depois volto ao trabalho, sempre os mesmos comentários sobre quem vai embora para a família, quem sofre, algumas têm inveja de mim dizem que sou uma privilegiada. Olho para dentro de mim, sou ruínas mais nada. Por exemplo, estou há anos aqui fechada, estou presa, sem família, que fiz eu!... nada.
Penso estou viva, todos pensavam que eu era uma menina feliz, só porque não me queixava nem chorava, e ninguem sabia o que existia de solidão, de amargura, de renúncia, atrás de toda aparência de felicidade, gastei toda a minha energia a lutar contra mim mesma.
O melhor era aceitar, a vida como ela era na realidade. Eu queria morrer, a pouco e pouco ia cortando os laços com o mundo, sempre era julgada por uma lógica absurda não tinha importância, julgamento (onde o mais experiente vencia o ingénuo) e castigo. Hoje olho-me no espelho sou uma réstia do que me fizeram, tentei odiar o mundo. Mas o mundo não odiei, olho sempre em frente tentando amar as pessoas, porque Deus me ama a mim.

Eco

Subi a montanha para reencontrar as vozes secretas da natureza.
E dentro de mim!... Vi as estrelas moverem-se vi o nascer do sol.
Ao subir no mesmo movimento de amor e de adoração
Vi o eterno renascimento de todas as coisas.
O eco respondeu em sintonia ao meu grito.
É assim que a roda gira, levando vivos e mortos.
O sol e a chuva, a noite e o dia, na dança do regresso eterno.
O eco dançou porque a terra é sua antepassada, é sagrada.

Quanto mais subia, aprendia a contemplar a magia da montanha.
E as águas dos rios envenenadas, mas o sol nasce todos os dias.
Aprendi a contemplar o que não muda, à minha volta.
O eco respondeu ao meu grito.
Todas as manhãs, deves ter um pensamento para que nasça o sol.
Aprende a permanecer livre. A criação recomeça contigo.

Gritei com a força da minha alma!... O eco respondeu.
Aprende a interrogar o silêncio!... Ele é a terra interior.
O espaço sagrado onde se enraíza o teu espírito.
Deixa-te caminhar na beleza, e faz com que os teus olhos distingam o amor.
Mesmo calada, o eco falava como uma carícia.

Ao descer a montanha vinha em silêncio, o eco pouco dizia.
Meu espírito alerta permanecia!... o eco de vez em quando respondia.
Aprende a orar se quiseres ajudar os outros.
Mergulha dentro de ti mesmo e transforma-te em teu próprio curandeiro.
Quanto mais descia! O eco quase adormecia.
Mas eu ouvia sua voz ao longe que dizia.
Observa a flor que treme sob a violência do vento.
É dentro de ti que se situa o lugar do maior amor.
Então teu espírito abrir-se-á como uma flor para o eco.
O eco revelar-te-á a sua beleza e o amor da tua vida.
O eco se calará, e ficará atento como o primeiro sol da manhã.

Duas Metades

Quando me olhas meu amor!.. sinto teu olhar perguntar, Quem és?
Sou o vento forte que te ama, tu a bonança que me amanhece.
Nem eu sei quem sou!,, Nem tu sabes para que vou.
Só sei que metade de mim são os meus sonhos, neles te encontrei.
A outra metade é uma longa estrada percorrida, sempre caída.
É o escuro são pesadelos duma vida chorada e rejeitada
Não me conheço, sou o que sou, nunca soube a resposta.
Metade de mim é o amor e desejo.
A outra metade é renúncia é a dor, dum rumo sem fim.

Caminho na estrada preciso fazer o fim da caminhada
Metade de mim é o tudo!... A outra metade é o meu nada.
Pergunto ao vento a resposta! não diz nada.
Parte de mim é o emotivo, a outra parte é o que me foi predestinado.
Luto pela vida querendo saber quem sou.
Sou espirito que veio ao acaso, se reencarnou.
Minha metade tem garra é valente, a outra parte simplesmente se acomodou.

Busco por mim, onde poderei me encontrar.
Sou ponte partida, sem laço para consertar.
A chuva diz ao vento, o sol ao céu para me amar.
A tempestade avança querendo me cuidar.
Vejo-me no tempo decrescente.
Sou pó no túnel da vida que não brilha.
Minha metade avança para a esperança.
A outra esmorece, e cai sem vida.

Eu sou metade do tempo que fascina as gente.
A outra é o poente longo e triste e inconveniente.
Procuro o tempo que não tenho, o tempo vem ao meu encontro.
eu sou humildade, triste , mas contente.
metade de mim é amor, a outra metade também.

terça-feira, agosto 10, 2004

Tempo

Aquele era um tempo sem amor, a terra estava aberta a futuros, como uma folha branca em mão de criança!... a criança que eu era. Meu pai era apenas o nome. Homem desamarrado insensível e desumano. O riso dele gravado na minha memória, são máscaras debutadas pelas lágrimas da minha alma. Ao morrer minha mãe, ele possuia as mulheres sem excepção, ele as desfrutava na mesma cama, sobre o mesmo lençol. Onde eu pequena tantas vezes esses mesmo eu lavava com mãos geladas a sangrar. Ter um pai assim, era ter o inimigo em casa. Muitas vezes chamava pai, respondia!... não te conheço. não me chames de pai. Passei anos a tentar compreender estas palavras. Lembra-me quando era mais miúda, quando ainda vivia com ele, prendeu-me a mão
com a corda grossa que eu saltava bateu!... bateu, minhas pernas em sangue eu não chorava, mas gemia. Amava aquela casinha fazia-me lembrar minha mãe, nada restava dela para sentir seu afago debaixo dessa cama eu me escondia e adormecia. Quando o via chegar meu medo nem quero lembrar, eu entrava em agonia. Desse tempo recordo o Adeus de minha mãe:
a quinta onde eu brincava, os ares das tardes de verão, as cores do céu, o precoce despertar da lua. Minha casinha, minha lua, minha mãe, tudo se foi embora!... o tempo também.
Meu vazio continua até quando chegar a minha hora.

segunda-feira, agosto 09, 2004

Ele esteve sempre lá

Quando a lentidão dos dias acomoda a minha vontade.
sinto a sua essência, como presente.
Quando o vazio instala-se no meu peito.
Meu coração entra em angústia e esgotamento.
Não há mais nada a ser dito, fico muda e silenciosa.

Quando sinto o coração doendo.
É como se estivesse condenada a não ver mais a luz do dia.
Ele não soube abrir os olhos!...não soube ver o que tinha à frente.
Como posso encontrar compreensão para o meu estado.
Tenho que encontrar a alegria do ser e estar.
Resignar-me!...ou ouvir o meu próprio silêncio.

Preciso conduzir-me nestes momentos.
Ouvir a voz do coração.
Tudo pode ser mudado, mas a minha dor, a minha dignidade não.
Tenho que confiar em mim, porque acredito na existência da luz.
Dói!... como dói, nunca pensei em descobrir-me em tal estado.
Ele esteve sempre presente!... ele estava lá, era só abrir os olhos...

sábado, agosto 07, 2004

DECEPÇÃO

Uma decepção pode diminuir o tamanho do amor que parecia grande.
Nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de acções e reacções, de expectativas e frustrações.
Ontem alguém que eu gosto mesmo muito, transferiu para a minha alma mágoas que podem se tornar em profundas cicatrizes. Contei a verdade sobre um acto que tinha acontecido, além de não acreditar!... teve a indecência de insinuar actos maldosos. Além de não me deixar falar, não me deixou defender.
A decepção, fere, destrói, afasta.
Temos que ter cuidado antes de proferir qualquer palavra no sentido de julgar, muitas vezes a sentença com que condenamos, será a mesma com que seremos condenados. É muito fácil rotular uma pessoa, às vezes perdemos amizades, e amores sólidos, pela dura sentença de um julgamento. Quando tenho consciência dos meus erros para com alguém, tenho humildade suficiente e peço perdão, porque todos somos seres imperfeitos. Agora julgada, e injuriada, e condenada, de maneira nenhuma posso dar a outra face. O que há de mais importante entre duas pessoas: A amizade, o respeito, o carinho, o zelo e até mesmo o amor.
Uma pessoa é pequena quando busca palavras ofensivas, e se deixa reger por comportamentos
clichês.
Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande... É a sua sensibilidade sem tamanho.
Estou muito triste.

quinta-feira, agosto 05, 2004

Aparição

No inverno de 1992 - por alturado do Natal, ocorreu na minha vida um fenómeno extraordinário.
Foi durante um período em que me sentia muito infeliz pessoal, profissional e emocionalmente
e a minha vida parecia-me um fracasso a todos os níveis.
Quando seguia o percurso habitual no meu carro!... sempre falava com Deus através do sentimento que é a linguagem da alma. Numa manhã indo eu entrar às 8h, eu como sempre falava com Deus. E pensava!... como é que Deus fala e se manifesta.
De repente vi uma luz no vidro da frente do carro. Pensei ser ilusão ou reflexos das luzes da rua, intrigada e receosa olhei para trás, reparei que não havia luzes!... tentei parar o carro, mas era cedo demais e não havia gente a passar. Sem me dar conta, dessa luz surgiu uma imagem branca desfocada, apoderou-se de mim uma força invisível. Queria tentar acalmar-me, e na altura, eu não fazia a mínima ideia do que os meus olhos viam,e meus ouvidos ouviam. Parei o carro já no Cacém junto do portão da Ferreira Dias. Ouvi um voz doce como melodia!... Luisinha dou-te estas palavras como orientação:

1 - O pensamento mais sublime é aquele que contém alegria.
2 - As palavras mais grandiosas são as que contém verdade.
3 - O sentimento mais profundo é aquele que se chama amor.
4 - Alegria, Verdade, Amor.
São as três, intermutáveis e um conduz sempre aos outros. Não importa a ordem em que estão dispostas. Esta é a minha mensagem para ti!...
Desde esse dia sinto uma presença constante em minha vida. Só sei que algo protege os que amo, e também me protege.
Esta mensagem passo a todos os que tem falta de fé e de amor. Todas as pessoas são especiais
e todos os momentos são preciosos. Com amor.

A Noiva e o Rio

De longe olho as suas águas!... recordo e procuro viver.
Libertando-me desta obsessão que me consome.
A realidade é que se torna difícil, quando alguém se transforma numa personagem.
O rio corre mais abaixo!... onde um vestido de noiva jaz no fundo.
Olhando as suas águas, parecem apagar o fogo que arde no meu peito.

Penso!.. para os outros já não sou somente uma pessoa.
Sou duas eu e a minha personagem.
Para mim vou quebrar o silêncio, vou quebrar o muro.
É tarde minha mente cansada, suspiro!..
Transformo minha tristeza em saudade, essa mesma saudade que acolhe a solidão.
E a solidão em lembranças.

Setembro, 1988 segundo sábado três da manhã.
Acordo afogada num mar de suor.
Acendo a luz!... reparo num vestido branco.
Era o meu casamento religioso ao meio dia.
Meus passos trémulos!...encaminhavam-se não sei para onde.
Olhei para o vestido branco comprido.
Entrei em agonia!... meus pensamentos e lágrimas corriam para o meu rio.
Só tinha uma saída!..

Eu movia-me como por magia para o vestido.
O tempo era pouco eu ia dizer sim!..
Meu corpo tremendo entrou no vestido branco.
Olhei o espelho o que vi!..
Eu estava linda de véu e grinalda... Senti-me uma Deusa!
Mas minha alma chorava ia dizer sim ao homem que já não amava.
O encanto se perdeu, uma luz apareceu!..

Desci as escadas, entrei no meu carro.
Estava louca pouco importava, o tempo correu não dei por nada.
Vestida de noiva entrei no meu rio frio e descalça.
Tapei o nariz e não lembro mais nada.

Era madrugada!... minha vida se afogava!... alguém arrastou meus cabelos na areia molhada.
Enquanto desmaiada!... viajava no tempo.
Mas o mundo era grande demais para ser percorrido.
Quando acordei!... queria acreditar em milagres.
Vi rostos chorando!.. .agarrados a mim chamando mãe.
Meus olhos sorriram e voltaram a brilhar.
Era o começo o contacto com a vida.

Meu vestido de noiva mandei ao rio.
Com ele foi o sim que eu não diria.
Sonhando acordo transpirada e fria.
Alguém me agarra obrigando dizer o sim.
É um pesadelo onde correntes me prendem.
Onde dois braços fortes me arrastam.
Me cortam as asas impedindo de voar, me tirando a liberdade e a vida.

África

O sol bateu nos meus seios.
Iluminou meu corpo nu, eu não sentia frio.
O calor me consumia era o calor do meu coração.
A chama que ardia no meu peito era a fogueira.
Que se transforma no incêndio impossível de controlar.
Eu sabia que a partir daquele dia, iria conhecer os céus e os infernos.
A alegria e a dor, o sonho e o desespero.
Não podia conter mais os ventos que sopravam dos cantos escondidos da alma.

Eu sabia que a partir daquela manhã o amor ia guiar-me.
Vi rostos marcados pelo sofrimento e dor.
O amor estava presente no meu coração desde a minha infância.
África fez aumentar esse amor ,desde que a pisei pela primeira vez.
Senti dentro de mim, era um amor difícil, com fronteiras que eu queria dar.

Dias e anos se passaram, abria a janela do coração.
O sol inundou meu coração.
O amor ao próximo inundou minha alma.
A minha felicidade era tanta que todos sorriam ao ver-me passar.

Estava diante de um altar de nossa Senhora.
Maria com seu filho ao colo dava-me uma sensação estranha.
Quando olhei e reparei no dedo do menino Jesus
Ele me guiava onde eu queria chegar.
Já tinha procurado Deus pelos quatro cantos da terra.
Era a minha verdade, sempre presente.
Estava ali a fé- conheci Budistas, Hindus, Muçulmanos.
Meu caminho era trabalhar para Deus.
Eu estava impregnada dos mistérios de África.

A virgem sorria!... onde eu ia acender minha própria chama.
Pensei!... seja feita a tua vontade.
O órgão ficou em silêncio e o sol escondeu-se atrás das montanhas.
A minha prece fora atendida. Eu abria os olhos.
A luz daquela única vela iluminou as minhas lágrimas e o meu sorriso.
Trabalhei sem parar!... minha alma estava em paz.
Todos os caminhos me levavam aos meus amores.
A face de cristo estava em cada soldado doente.
E no mato ouvi Deus através dum raio de sol.
Esse é o teu destino; só quem ama pode espalhar felicidade.
E apenas sorri.

HOJE

Minha nostalgia é ardente como o sal em ferida.
Hoje amanheceu muito cedo!!! o sol não abriu.
Meu despertar foi trôpego, na saudade não finda.
Abri a janela... nada vi!! apenas nuvens dentro de mim.
O relógio não para- o tempo dispara, tudo recomeça
Vi árvores se despindo vendo seu outono chegar perto.
Então eu tremi!... a saudade veio ao meu encontro, ficou em mim.
Hoje. ontem amanhã, a saudade é efémera.
O tempo recomeça na ordem decrescente, tudo gira.
Hoje eu voei ao encontro da saudade!... ela voou até a mim.

quarta-feira, agosto 04, 2004

Vida

I

Ontem!... meus olhos choraram de emoção.
Encontrei um anjo!... noutro perdido.
Ergui meus olhos marejados de lágrimas.
Para um rosto lindo!... adormecido.


II

Olhei sua mãe dormitando exausta.
Serena, linda como uma musa encantada.
Seus olhos negros lindos se abriram!...
Duas lágrimas caíram !..como pérolas prateadas


III

Seu cabelo é um manto negro.
Seus caracóis, são ondas do mar.
Sua pele é seda, é luz!... é amor sem igual.


IV

Olhei o céu vi luz!... vi estrelas a brilhar.
Vi pétalas caindo do céu.
Vi rostos sorrindo!... eram anjos que anunciavam, o amor nascendo.
Era o sol que se abria para a vida.
Era o mundo renovando meus sonhos esquecidos.
Vi Deus !... me abrindo os seus braços. Embalando minha alma, numa paz esquecida.

Sonho Meu

Tanto sonhei, dormindo!... acordei
Manhã enevoada, descalça , amargurada
Gritos ouvi mesmo distantes, gente arrogante mal-humorada
Vida vazia!... chorada mal amada
Um gemido de dor constante, amores perdidos e adormecidos
Madrugadas vazias o sono não vem!... um arrepio cortante.
Fecho os olhos lembrando!...sonho que foste, saudade frustante


Sonho!...será vida...ou morrendo esquecendo, na luta perdida do tempo
Meus olhos ,minha alma choram o silêncio cortante da noite.
Ó sonho meu por onde andas!...não me abandones.
Sonhando amei nos braços de alguém que não conheço.
Acordada nos vales do sonho despertei .onde o amor morreu.
Amando outra vez vou sonhando!... acordada num mundo só meu.
Sonho meu não me acordes!...deixa-me dormir para o infinito.
Onde a solidão não volte mais, onde meus olhos não chorem
Fica comigo!...faz de mim tua presa...mas deixa-me dormir.

Uma Só Vida

Tempos passaram, vida se arrastou
nasceu de quem!... de outro...não sei
vagueio no meu pranto, do meu nascer.
Nem sei quem sou!... Nem para onde vou.
Sou semente deitada á terra que ninguém cuidou
Sou o rio que corre ao mar !..mas me afogo no seu leito.

Dei vida esperança e amor.
Minha dor, minha alma quem se importou.
Choro no escuro do meu silencio
Meu rumo, meu vazio, minha estrada terá luz!
Nada brilha...meu eco se repete!...quem liga.
Sou amor que divido e transformo.
Sou caminhante numa estrada vazia.

Meus horizontes se curvaram em agonia
meus poemas se transformam em luz
Meu barco navega em alto mar. Onde meus fantasmas dançam.
Dançam o ritual implorando o esquecimento do passado.
Que esse mesmo, navegue nas profundezas desse mar.
que meu espirito encontre rumo nos sonhos esquecidos.
Que o amores de uma vida se multipliquem.
Acorda vida!...dá-me vida!...sossega meu pranto.
Enxuga minhas lágrimas que só deram amor...mas renunciei há vida.

Nascimento

Hoje estou feliz!. Poderei a nível futuro escrever meus poemas, meus pensamentos, minhas criatividades. Esta página será o meu diário onde ele será confrontado com o meu ego.
Obrigado Uchôa por me ajudar nesta expectativa.