Por vezes existe como uma mágoa secreta que nos persegue, e que vai espalhando as suas raízes na nossa profundidade interior, perturbando-nos e retirando-nos a serenidade, devido a algum ressentimento aguardado, alguma ofensa engolida, alguma perda sofrida que não fomos capazes de superar.
Muitas vezes as nossas ansiedades tranformam-se em medos ou fobias, em preocupações ou frustrações, em traumas e inseguranças, geradoras de mal estar, que desequilibram emocional e afectivamente. Por isso sentimo-nos desgastados, vulneráveis, fragilizados...sem energia e, por vezes, até mesmo escravizados.
Só na medida em que formos capazes de amar a realidade que nos feriu, atravéz de um vivo sentimento de perdão, seremos capazes de voltar ao estado de paz original, que saudosamente recordamos, em vezes de remoermos o que nos aconteceu, o que leva à magoa.
O perdão é libertador e tem um poder terapêutico enorme, capaz de fazer experimentar o gosto da alegria de nos sentirmos libertos, autónomos, autênticos, assertivos e, por isso, felizes. Não podemos permitir que os nossos males passados nos continuem a deixar prostrados e nos roubem o entusiasmo pela vida, tornando-nos pessoas azedas e frias, quando temos uma vida para nos fazer apaixonar.
Devemos apaixonar-nos por cada instante do quotidiano, pelo brilho do sol, ou pelas ondas do mar, pelo encanto das manhãs radiosas, ou pelo mais belo pôr-do -sol...pelo sorriso ou pelo toque que partilhamos, pela palavra que escutamos ou dizemos, pelo abraço que nos faz sentir bem, pela ternura que sentimos e fazemos sentir...
A vida tem que ser acolhida, recebida, criada e recriada em cada instante, de forma a torná-la mais completa e saudável, cultivando a sua aceitação, através de uma apredizagem feita de avanços e recuos, valorizando sempre o aqui e agora. A aceitação dos factos inevitáveis não nos deixa gastar energias inutilmente e permite-nos agradecer o que a vida dá tornando-a mais fluida e positiva, olhando e valorizando o que temos e não desejando o que é dos outros.
O perdão libertador, nascido num coração que sabe amar verdadeiramente, é tanto mais fácil e autêntico, quanto maior a capacidade de amar e mantém aberta a porta por estar, dando graças.
Esta gratidão pelo dom da vida que gratuitamente, nos foi dado por Deus, abre-nos as portas ao principio da partilha dos nossos talentos, postos render em nosso serviço e ao serviço dos outros.
Aqui escrevo o que realmente me vai na alma. Que todos possam ser felizes para todo o sempre, porque o ontem não voltará, e o amanhã talvez não chegará.
Dedico estes pensamentos, a alguém muito especial. Alguém que não está entre os vivos, mas seu espírito anda sempre por perto. Sua protecção , seu carinho e amor, fazem-me sentir uma pessoa especial. Essa pessoa é minha mãe...estes pensamentos eram os dela.
sexta-feira, dezembro 22, 2006
terça-feira, dezembro 19, 2006
Os melhores momentos
É Natal. Estamos chegando a um começo de um novo ano. Abro a minha caixa dourada, onde leio as minhas palavras escritas durante o ano, quando falo com Deus?Cada frase escrita representa um dia, e tudo o que desejo nesse mesmo ano.
-Rir até doer a barriga.
-Encontrar milhares de mails dos amigos.
-Passear por algum lugar lindo.
-Escutar a canção favorita da radio.
-Deitar na cama e ouvir a chuva lá fora.
-Sair do duche e ter a toalha quente.
-Receber uma chamada de alguém que não vejo hà muito tempo.
-Uma boa conversa.
-Encontrar dinheiro nos livros que não leio há muito tempo.
-Rir de mim mesma.
-Rir sem motivos.
-Escutar acidentalmente que alguém fala bem de mim.
-Acordar e dar conta que ainda posso dormir um par de horas.
-Escutar a canção que me recorda"aquela pessoa especial".
-Fazer parte de uma boa equipa.
-O primeiro beijo.
-A primeira vez de algo signifcativo.
-Fazer novos e bons amigos.
-Sentir cócegas na barriga cada vêz que vejo a tal " pessoa".
-Passar um bocado com os melhores amigos.
-Ver felizes as pessoas que amo.
-Sentir o perfume da pessoa que amo.
-Ver um velho amigo e sentir que as coisas mudaram.
-Olhar um pôr do sol.
-Ter alguém que me diga todos os dias que me ama.
O dinheiro ajuda , mas não traz felicidade. Como explicar o amor.
Ele está dentro da minha caixa dourada? Dentro do meu coração.
quinta-feira, dezembro 07, 2006
PERGUNTAS
Quando regresso mentalmente à casa, vejo-a suspensa na luz da madrugada. É ainda Outono porque, o sob a tepidez dos primeiros raios, o solo começa a fumegar e a neblina vai subindo. Vejo-a sempre de cima e de longe, como um pássaro em voo; aproximo-me lentamente e observo as janelas - quando estão abertas, quando estão fechadas - , verifico o estado do jardim, o arame da roupa, a ferrugem do portão da quinta; não tenho pressa de descer, é como se quizesse confirmar que aquela casa é realmente a minha casa, que aquela história é a minha história.
Por que razão havia duas coisas na natureza que se assemelhavam de uma forma tão impressionante? Por que é que uma coisa remetia para outra? Seria uma lei do universo, ou apenas uma loucura, um instante de distracção não controlada?
O chão à minha volta estava coberto de nozes, as chuvas abundantes tinham transformado a casca verde de Junho numa papa escura; bastava esfregá-la com o polegar para ver aparecer a casca. Dura, mas não o bastante para escapar às patas rosadas dos esquilos, aos seus dentes de marfim, ao bico das gralhas cinzentas, dos corvos, das pegas, dos gaios; dura, mas não o bastante para se esquivar às minhas perguntas.
Porque aquela nogueira - que existia e deixara de existir - era o meu espelho, o primeiro espelho da minha vida. De joelhos na terra ferida, debruçada para aquela cova, imersa na luz sinistra da Lua, com uma semente na mão e o coração aparentemente vazio, percebi de repente que ao longo dos meus dias não construiria palácios, nem fortunas, mas sim constituiria família.
Enquanto uma pinha de cedro caía com estrondo no chão ao meu lado, vi nitidamente que o caminho que se abria à minha frente era o caminho intransitável e permanentemente solitário das perguntas.
Por que razão havia duas coisas na natureza que se assemelhavam de uma forma tão impressionante? Por que é que uma coisa remetia para outra? Seria uma lei do universo, ou apenas uma loucura, um instante de distracção não controlada?
O chão à minha volta estava coberto de nozes, as chuvas abundantes tinham transformado a casca verde de Junho numa papa escura; bastava esfregá-la com o polegar para ver aparecer a casca. Dura, mas não o bastante para escapar às patas rosadas dos esquilos, aos seus dentes de marfim, ao bico das gralhas cinzentas, dos corvos, das pegas, dos gaios; dura, mas não o bastante para se esquivar às minhas perguntas.
Porque aquela nogueira - que existia e deixara de existir - era o meu espelho, o primeiro espelho da minha vida. De joelhos na terra ferida, debruçada para aquela cova, imersa na luz sinistra da Lua, com uma semente na mão e o coração aparentemente vazio, percebi de repente que ao longo dos meus dias não construiria palácios, nem fortunas, mas sim constituiria família.Enquanto uma pinha de cedro caía com estrondo no chão ao meu lado, vi nitidamente que o caminho que se abria à minha frente era o caminho intransitável e permanentemente solitário das perguntas.
quarta-feira, dezembro 06, 2006
IMAGEM
Enquanto empurrava o carrinho do supermercado, olhava para os rostos esbranquiçados sob as lâmpadas de néon e pensava: que tipo de vida tem sentido? qual é o sentido da vida? comer? sobreviver? reproduzirmo-nos? É o que fazem os animais. Nesse caso, porque é que andamos sobre duas patas e nos servimos das mãos? Porque escrevemos poemas, pintamos quadros, compomos sinfonias? Só para dizer que a barriga está cheia e copulámos o suficiente para garantir descendência.
Nenhum ser humano deseja vir ao mundo. Um belo dia, sem termos sido interpolados, damos por nós em cima do palco, alguns conseguem o papel de protagonistas, outros são meros comparsas, outros ainda saem de cena antes do fínal do acto, ou preferem descer do palco e assistir ao espectáculo na plateia - preferem rir, chorar ou aborrecer-se, de acordo com o programa do dia.
Apesar dessa violência evidente, uma vez nascidos, ninguém quer sair deste mundo. Porquê? parece-me um paradoxo: não peço para vir ao mundo, mas uma vez no mundo, não quero ir-me embora. Qual será então o sentido da responsabilidade individual? sou eu que escolho, ou souescolhida?
Nenhum ser humano deseja vir ao mundo. Um belo dia, sem termos sido interpolados, damos por nós em cima do palco, alguns conseguem o papel de protagonistas, outros são meros comparsas, outros ainda saem de cena antes do fínal do acto, ou preferem descer do palco e assistir ao espectáculo na plateia - preferem rir, chorar ou aborrecer-se, de acordo com o programa do dia.
Apesar dessa violência evidente, uma vez nascidos, ninguém quer sair deste mundo. Porquê? parece-me um paradoxo: não peço para vir ao mundo, mas uma vez no mundo, não quero ir-me embora. Qual será então o sentido da responsabilidade individual? sou eu que escolho, ou souescolhida?
Por conseguinte, o verdadeiro acto de vontade - aquele que eleva o homem e o distingue dos animais - será a decisão de se ir embora? Não escolho vir ao mundo, mas posso escolher o momento de dizer adeus. Não foi da minha vontade descer, mas é da minha vontade subir.
Mas descer de onde e subir para onde? Haverá um em cima e um em baixo? Ou haverá apenas um vazio total e pneumático?
Depois da tua morte, a imagem que mais me vinha à ideia, a respeito da casa, era a de uma concha. Ainda eu não tinha quatro anos, deste-me uma, ainda me lembro da tua voz quando a encostaste ao meu ouvido: Estás a ouvir? É o ruído do mar...
Por uns instantes, fiquei a ouvir, mas, de repente, desatei num daqueles choros excessivos e infindáveis que te assustavam e irritavam. - Porque choras? O que foi? - repetias-me.
Não conseguia responder-te, não podia dizer-te que o que estava dentro da concha não era o mar, mas o gemido dos mortos, aquele sopro insólito era a sua voz, uma voz que me chegava aos ouvidos com toda a violência do que não se exprime, e depois passava para o coração e o comprimia até o fazer explodir.
Os habitantes da minha casa tinham tido o mesmo destino: tinham morrido quaze todos e o vento passara, polindo-lhes a memória. E eu andava, sózinha, por entre as curvas em espiral, e havia momentos em que me parecia estar a perder-me num labirinto. Outras vezes, porém, percebia que só lá dentro, só procurando, cavando e escutando, é que eu poderia compreender quem eu era realmente.
O vento também era uma voz, transportava os suspiros dos mortos, os seus passos e as coisas que entre eles não tinham sido ditas.
Sozinha naquela casa de paredes cada vez mais lisas, cada vez mais transparentes, comecei a pensar na jovem mulher da fotografia, envolta numa nuvem de fumo. Tentava lembrar-me do tom da sua voz ou do calor da sua mão, de qualquer coisa que nos pudesse ter unido antes do seu desaparecimento.
Gostaria de saber tudo acerca dela, mas já não tinha ninguém a quem fazer perguntas. Todos se fechavam como ostras.
Como era, quem era, que gostos tinha e, sobretudo, porque me tinha trazido a este mundo?
Comecei a chamar por ela , vagueando pelo quarto dela vazio. Tinha vergonha de prenunciar aquele nome, parecia-me uma espécie de traição para com ela: Durante trinta e longos anos tinha dito "Cândida" e agora, de repente, queria dizer apenas "mãe".
Mas descer de onde e subir para onde? Haverá um em cima e um em baixo? Ou haverá apenas um vazio total e pneumático?
Depois da tua morte, a imagem que mais me vinha à ideia, a respeito da casa, era a de uma concha. Ainda eu não tinha quatro anos, deste-me uma, ainda me lembro da tua voz quando a encostaste ao meu ouvido: Estás a ouvir? É o ruído do mar...
Por uns instantes, fiquei a ouvir, mas, de repente, desatei num daqueles choros excessivos e infindáveis que te assustavam e irritavam. - Porque choras? O que foi? - repetias-me.
Não conseguia responder-te, não podia dizer-te que o que estava dentro da concha não era o mar, mas o gemido dos mortos, aquele sopro insólito era a sua voz, uma voz que me chegava aos ouvidos com toda a violência do que não se exprime, e depois passava para o coração e o comprimia até o fazer explodir.
Os habitantes da minha casa tinham tido o mesmo destino: tinham morrido quaze todos e o vento passara, polindo-lhes a memória. E eu andava, sózinha, por entre as curvas em espiral, e havia momentos em que me parecia estar a perder-me num labirinto. Outras vezes, porém, percebia que só lá dentro, só procurando, cavando e escutando, é que eu poderia compreender quem eu era realmente.
O vento também era uma voz, transportava os suspiros dos mortos, os seus passos e as coisas que entre eles não tinham sido ditas.
Sozinha naquela casa de paredes cada vez mais lisas, cada vez mais transparentes, comecei a pensar na jovem mulher da fotografia, envolta numa nuvem de fumo. Tentava lembrar-me do tom da sua voz ou do calor da sua mão, de qualquer coisa que nos pudesse ter unido antes do seu desaparecimento.
Gostaria de saber tudo acerca dela, mas já não tinha ninguém a quem fazer perguntas. Todos se fechavam como ostras.
Como era, quem era, que gostos tinha e, sobretudo, porque me tinha trazido a este mundo?
Comecei a chamar por ela , vagueando pelo quarto dela vazio. Tinha vergonha de prenunciar aquele nome, parecia-me uma espécie de traição para com ela: Durante trinta e longos anos tinha dito "Cândida" e agora, de repente, queria dizer apenas "mãe".
quarta-feira, novembro 29, 2006
RENASCI
Vagueando desde o princípio dos tempos pela mais escura das noites, sentindo o frio mais enregelado e perseguida por uma fome e sede eternas, eis que algo em mim me indica uma direcção para onde olhar. Lá bem longe, onde a vista se esforça por tentar alcançar, nota-se o que parece ser um ténue ponto luminoso para onde me dirijo com toda a pressa que o meu cansaço permite. Entre a pressa de a atingir e a dor que nos olhos se vai agudizando pelo aproximar da luz, agora definida como tal, reparo que começo a sentir o que desde hà muito não sentia... um coração que bate, uma sofreguidão de inalar algo a que os meus pulmões aspiram, as dores musculares da passividade do nada fazer enfím um corpo que se sente. 
Eis então, que a minha demanda pela luz chega ao fím...mergulho na dor do choque com a luz que me endoidece, esbracejo, tento agarrar-me a algo que me tire a loucura do sítio onde me encontro o onde acabo de chegar. Tacteio, toco, apalpo, sinto...PLATTTTTTTTTT!!!Acabo e sentir uma palmada, uma palmada que me faz gritar a plenos pulmões e enche-me os mesmos de um ar frio mas agradável. Abro os olhos e vejo a sorrir para mim uma deusa, sim, trata-se de uma deusa, de roupas brancas e quaze que transparentes e com um sorriso acolhedor que me dá esperanças de ter chegado a um bom local para deixar de ter medos e de me sentir só.
Sim, hoje renasci e apelo à protecção da deusa para que me acolha no seu seio e proteja-me do mundo onde vim parar...Aiwé Maria, aiwé...

Eis então, que a minha demanda pela luz chega ao fím...mergulho na dor do choque com a luz que me endoidece, esbracejo, tento agarrar-me a algo que me tire a loucura do sítio onde me encontro o onde acabo de chegar. Tacteio, toco, apalpo, sinto...PLATTTTTTTTTT!!!Acabo e sentir uma palmada, uma palmada que me faz gritar a plenos pulmões e enche-me os mesmos de um ar frio mas agradável. Abro os olhos e vejo a sorrir para mim uma deusa, sim, trata-se de uma deusa, de roupas brancas e quaze que transparentes e com um sorriso acolhedor que me dá esperanças de ter chegado a um bom local para deixar de ter medos e de me sentir só.
Sim, hoje renasci e apelo à protecção da deusa para que me acolha no seu seio e proteja-me do mundo onde vim parar...Aiwé Maria, aiwé...
segunda-feira, novembro 06, 2006
Acordar
Acordo no silêncio e nem é a casa, nem é da casa que brota o silêncio. O mar.também não é do mar que vem do silêncio, não sei se bravo hoje, se atordoante ou se seguro as marés do seu colo. Mas não é do mar que vem o silêncio, de onde vem? preciso de me calar, falo de mais, tenho escrito pouco, mas não deveria escrever nada sobre árvores, homens , e sentimentos. A escrever que escreva sobre o silêncio e o seu ruído vazio. Quem faz esse silêncio que assoma? quem? o mar não é, a solidão também não. De onde vem então? calem-se, calo-me, quero ouvir de onde vem.
terça-feira, outubro 03, 2006
Acima das desilusões
Acima das desilusões. Na vida todos nós enfrentamos desilusões. Nos decepcionamos com amigos, parentes, e até com nós mesmo.Nos desiludimos quando vemos um sonho se tranformar em pesadelo, um alvo transformar-se numa miragem bem distante, um desejo desaparecer como uma neblina. A desilusão dói, como um ferimento. Atinge a qualquer um, sem acepção.
Mas o importante é saber que novos caminhos podem ser sonhados, e que um dia certamente amanhecerá.
Fomos feitos com a capacidade de sair das cinzas para a glória, do nada para o tudo, da derrota para a vitória.
Como a águia, temos dentro de nós o desejo de voar grandes alturas, portanto também acima das desilusões.
Cada desilusão é um convite a um novo sonho, a uma nova visão de vida.
É um convite a um novo desafio, a um novo caminho...
sexta-feira, setembro 29, 2006
Depois de algum tempo
Depois de algum tempo, eu aprendi a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar a minha alma.Eu aprendi que amar não signifíca apoiar-me, e que companhia nem sempre significa segurança. E começo aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. E começo aceitar minhas derrotas com a cabeça erguida e os olhos adiante com a graça de um adulto, e não com a tristeza de uma criança.
E aprendo a construir todas as minhas estradas hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair no meio do vôo.
Portanto, plantei meu jardim e decorei minha alma, em vez de esperar que alguém me traga flores.
E aprendi que realmente posso suportar...
Que realmente sou forte e que realmente tenho valor.
Fomos criados por Deus com a incrível capacidade de nos recuperarmos.
domingo, setembro 24, 2006
Uma manhã de domingo
Era o ultimo domingo de Setembro, um dia claro, mas prometia chuva. É frequente nesta altura do ano o esplendor do Verão concentrar-se solenemente uma última vez, as cores do outono comecem a refulgir. As noites arrefecem, o que torna as madrugadas orvalhosas e as manhãs amenas e agradáveis. A folhagem das árvores escureceu, destacando-se contra o céu como cinzelada. Também nas cidades fica mais frio, invade-as uma aragem de luxo e de euforia.Dentro de casa no Bombarral estava mais fresco, as ruas tinham acabado de ser lavadas pela chuva. A água escorria ainda pelas bermas dos passeios. A vila parecia mais vazia e, por isso mais solene; grande parte das pessoas estavam dentro de casa, ou no café dos arredores. Este passeio na chuva despertavam em mim uma grande ternura. Estava triste, mas afinada como uma corda de um instrumento em repouso que quase não precisa de uma mão - uma brisa, um raio de sol bastariam para fazer-me vibrar. As coisas intactas envolviam-me como um clarão, visível mesmo aos olhos mais embotados .
Fora agradável caminhar pelo lado sombreado do Sobral, um cavalheiro de idade, que avançava lentamente, passou por mim e aflorou-me com o olhar. Ia a prosseguir o seu caminho, mas como se lhe ocorresse uma lembraça, deu meia volta e, levando cortesmente a mão ao chapéu, disse - Então a senhora, anda à chuva, o que a traz a esta hora por aqui, no Sobral.
Embora receie que a minha companhia lhe vá ser maçadora. Por amor de Deus , não se preocupe com isso - tranquilizei-o, ao mesmo tempo que acenava com a mão, e subia em direcção a casa.
Assim se explica que eu na minha simplicidade não tenha sido prejudicada pelos estragos do meu estilo de vida O caminho percorrido com este espírito mostra-me mais uma vez que não se pode perseverar no refinamento.
Coisas de Domingo.
quinta-feira, agosto 24, 2006
DEUS E EU

Cada dia me fazes andar mais por fé.
Pela confiança em Ti.
Cada vez caminho de forma mais livre, sabendo que nada me pode arrebatar de Ti.
Dia a dia vou aprendendo a conhecer-te.
E o mais maravilhoso de tudo isso, é que a grande maioria das vezes, és tu quem toma a iniciativa de o fazer, de me mostrares.
Quantas vezes eu não te busco como deveria, no tempo que Tu merecias.
Mas mesmo assim, tu estás sempre e sempre presente. Tu és sempre fiel.
Saber que me escolheste, que tudo fizeste para me resgatares para Ti.
Faz-me andar nesta terra alegre...uma alegria que não tem nada a ver com as circunstâncias externas. Se fossem por elas, eu andaria triste.
Mas verdadeiramente posso experimentar que a Tua alegria é a minha força!
Obrigado Pai!
Por me escolheres, por me amares, por fazeres de mim um ser livre.
ANOMALIA
sexta-feira, agosto 18, 2006
O que é a paixão
Um sentimento muito especial. Contraditório, eterno enquanto dure, forte e frágil. A paixão simplesmente acontece! E nos deixa vulneráveis e indefesos.Os cientistas a descrevem como uma descarga bioquímica que transporta no interior de nosso ser um misto de adrenalina e outras substâncias secretas, que produzem uma confusão inebriante e nos deixa embriagados de amor.
Sentimos uma sensação maravilhosa, a felicidade fica explícita e nos transpõe, o mundo se transforma num colorido especial e tudo parece possível e alcançável.
As variáveis são enormes, possibilitando ainda alusão a caprichos do inconsciente, que buscam na paixão a realização de um desejo não realizado, uma situação desconhecida, evocada num passado distante e, muitas vezes, negado, não importando como, o sentimento é único.
Com aspectos positivos como durante o torpor da visão de um mundo maravilhoso, a sensação de felicidade nos invade e parece realmente não ter fim.
Se for a pessoa que fará da nossa vida um sonho, é como tirar a sorte grande, buscando a intimidade ideal no desabrochar do verdadeiro amor.
Os aspectos negativos aparecem quando, ao findar da mágica, só nos resta a sensação de um sentimento que não se renova, no momento que temos a exacta medida do resultado zero e da verdade do amor cego, que era muito bonito, mas que, quando se torna real, não consegue vislumbrar nenhum atractivo.
A recuperação muitas vezes, é uma das mais perversas e pode necessitar até de acompanhamento psicológico para salvar o que ficou.
O amor se transforma e precisa de cuidados para que o sentimento seja sempre resgatado e possa manter o relacionamento como uma síntese de desejo e afeição.
A paixão, ao contrário do amor, dura intensamente por um tempo muito curto e a estabelização no amor acontece na medida em que os amantes passam a ter uma visão real da verdade do outro.
A maturidade do envolvimento afectivo consegue suportar a frustração de não conseguir ver no outro aquela perfeição ambulante. A difículdade a ser superada se dá quando este sentimento não consegue se reorganizar e o ajuste de um novo relacionamento terá que contar com a realidade mascarada.
Todos nós queremos viver um grande amor e com uma paixão ainda melhor, nem que seja uma única vez...

Valiosos os relacionamentos que, de uma grande paixão, vão caminhando, lentamente se solidificando, sem a dimensão conquista e nem sentimento furacão, mas sólidos e intensos, que como diluindo a paixão a tornam eterna.
Amor e paixão são sentimentos diferentes se definirmos amor como um interesse sincero por uma outra pessoa e paixão como um forte desejo que pretendemos satisfazer.
O amor autêntico dirige-se à outra pessoa. Se necessário, estamos disponíveis a sacrificar o nosso bem estar para fazer com que o outro seja mais feliz. . Enquanto que a paixão pode ser simplesmente uma satisfação egoísta. Portanto se o que uma pessoa sente é paixão, não deve esperar amor em contrapartida.
Estar bem estar carentes, sentir paixão intensa: o importante é não confundir esses dois sentimentos com amor.
quarta-feira, agosto 16, 2006
MADRUGADA
Já alguma vez se encontraram com a madrugada? É aquele instante em que o sono nos abandona...nesses momentos perco-me entre a realidade e o sonho, num desvaneio louco de nunca me saber dormecida ou acordada... é então que passam por mim, pensamentos curiosos com um sem número de ilusões, retratos, pinturas, que as brumas da mentira desfilam numa tentativa inútil de me acalmar a alma...essa...oscila entre uma paz que não existe e o eterno desconforto da amargura dolorosa mas tranquila...Lentamente a luz do dia beija-me os olhos desvelados e a partir desse instante, conto com o acaso e o poente no horizonte para me acalentar, manhãs e tardes observando a vida... na noite, lua, estrelas e nuvens fazem-me companhia numa presença solidária desenhando um novo dia para mim.
Nessas ausências, sei que há uma ligação entre o paraíso e a terra, sinto que se encontrar essa ligação, descobrirei o significado de tudo, incluindo a morte... não a encontrar, fará com que tudo pareça insignificante inclusive a vida...Agora consigo olhar as estrelas, são tão delicadas como as flores e igualmente próximas... as colinas são teias de sombras tecidas mansamente no horizonte... no meu pensamento nenhuma folha solta ou isolada tudo se insere num todo, até ao tempo na sua infinidade, não consegue roubar as asas ao pássaro porque o pássaro e as asas caiem juntas... sei que um dia vou encontrar essa ligação e nesse instante, acompanharei o pássaro no seu voo final...
segunda-feira, agosto 14, 2006
Para onde vamos
Eu aqui fechada nos meus pensamentos, envolta em sentimentos, começo a divagar...Que saudades do tempo que teima em não voltar, que saudades dos dias caminhando à beira mar, que saudades do azul do céu ao entardecer. Fecho os olhos e pelas recordações começo a voar...as noites passadas ao luar, as histórias contadas à lua, as promessas feitas às estrelas, as confidencias feitas ao mar, momentos de encantar. São recordações que hoje teimam em não me abandonar, verão de tardes quentes, povoados de olhares, de palavras sussurradas, de emoções guardadas, de recordações pelo vento levadas. E deixo-me levar. Levar, e o vento com a sua melodia vem ao meu ouvido cantar, eu deixo-me levar e voo para perto do mar, onde os sonhos andam soltos numa história de encantar!...
E penso, para onde nos leva a vida? Que caminhos devemos seguir? que opções devemos tomar? Deveremos ser conduzidos, ou antes não nos deixar levar.
Tantas são as perguntas e tão poucas são as respostas...vivemos muitas vezes numa dúvida indefinida, numa dimensão perdida. Sentimos, ouvimos, lutamos por causas perdidas. Recusamos olhar em volta, vivemos trancados num mundo injusto, e acomodados, levamos a existência agarrados ao ontem, temendo o amanhã! Seria mais fácil abrir o coração, dizer adeus á submição, sonhar com a criação e deixar de temer e sofrer por algo sem razão? Tantas são as escolhas, tantas são as falhas, tantas as injustiças, tantas são as lutas que diarimente temos que travar, e para quê? Preciso de tudo isto para me encontrar? No final, para trás vou olhar e dizer: os sonhos que consegui realizar?
A vida nem sempre é fácil, a estrada nem sempre é a direito, o caminho nem sempre se mostra...mas se ouvirmos o coração, se continuarmos a sonhar, se aprendermos a amar, talvez consigamos, mesmo com duvidas, avançar!
Ás vezes basta tão pouco...Ás vezes basta olhar...Ás vezes basta amar!
segunda-feira, agosto 07, 2006
Sobral do Parelhão
Que dizer sobre as flores amarelas que crescem na berma da estrada e dos arbustos que rompem a terra aqui e ali sem que ninguém os tenha semeado a não ser o vento? Que dizer da água fulgurante que desliza com ruídos pelos balados abrindo sulcos na terra castanha, húmida fértil.Vivo na pátria exuberante onde os olhos tropeçam a todo o instante com formas excessivas, verdes, vivas, coloridas. Nenhum lugar existe para descansar o olhar. Ao ritmo da oferta ostensiva e intensa da natureza, os pensamentos fervem, borbulham, explodem, As mãos vervilham em vontade de fazer. O coração bate, sufoca, estoura.
A casa é um lugar donde se avistam as estrelas. A sala de estar onde se escutam gargalhadas e vozes. Não me estranhem em todo o meu excesso, é daqui que eu sou. Sabendo que ser daqui, assim intensamente, me retira muitas vezes a paz de me encontar comigo no silencio
sexta-feira, agosto 04, 2006
Sózinha no meu mundo
Ontem encontrei alguns textos no meu antigo caderno, datado de 31 de Abril de 1975. Sim, estava sózinha, embora o meu ventre se encontrasse grávido do meu filho Paulo, com oito meses de gestação- Estava sózinha no meu mundo, sentia-me perdida e abandonada. Meus pensamentos tinham que ser positivos, e sabia que tinha Deus a meu lado. E pensava enquanto rezava...Ser feliz não é ter a vida isenta de perdas e frustações. É ser alegre, mesmo se vier a chorar, é viver intensamente, mesmo no leito de um hospital. É nunca deixar de sonhar, mesmo se tiver pesadelos, é dialogar comigo mesma, ainda que a solidão me cerque. É ser jovem, mesmo que os meus cabelos possam embranquecerem, É contar histórias para os meus filhos, mesmo se eles não compreenderem, é agradecer muito, mesmo se as coisa derem para o errado. É transformar os erros em lições de vida.Para mim ser feliz, é sentir o sabor da água, a brisa no rosto, o cheiro da terra molhada, é extrair das pequenas coisas, grandes emoções, é encontrar todos os dias motivos para sorrir, mesmo que não existam grandes factos. É rir das minhas próprias tolices, é não desistir de quem se ama, mesmo se houver decepções. É ter amigos para repartir as lágrimas e dividir as alegrias. Como sempre a irmã Maria da Luz, estava sempre por perto .É ser amiga do dia e uma amante da noite. É agradecer a Deus pelo espetáculo da vida...
Ao recordar este pequeno memorando, deu-me vontade de o projectar para o meu blog, na medida que recordar é viver, mas o que me fez postar isto de novo, é que este pequeno rascunho, tem tudo a ver com o que estou a sentir neste preciso momento.
Hoje...Sei que estou extremamente sensível...Agitada, querendo entender-me melhor, a minha vida e tudo o que me rodeia.
E com certeza, a felicidade é um ponto alto desta minha angústia...estou numa fase de buscas...Busco meus sonhos, meus ideais, minhas conquistas, minha felicidade. E tenho aprendido muito a cultivar todas essas buscas nestes últimos meses. Ás vezes sinto-me perdida, as vezes acho-me, as vezes penso que estou a enlouquecer. Acho que no momento sou um poço de emoções descoordenadas. Ás vezes parece que nada disto faz muito sentido.
quarta-feira, agosto 02, 2006
IDENTIDADE
Há muito tempo, quando consegui alcançar a liberdade de olhar para o meu corpo, de alcançar o meu interior, percebi quem eu era.Foram momentos de intensas lutas - segundos que me pareceram séculos! A dor, dilacerando o físico, fortalecia o espírito, e a consciência. A luta permanente pareciam-me triste e enfadonha. No entanto, fui compreendendo que sempre, depois de grandes crises, renovava-me.
Que interessante: ao me desfazer de tudo, parecia que tudo possuía, negando, afirmava-me; sofrendo, aprendia a ser feliz, sentindo dor, conseguia caminhar no mais profundo do meu próprio ser.
Não sei por que, nem quando, nem quantas pessoas me ajudaram, nem quantas eu ajudei. Algumas vezes, as relações foram pacíficas; outras vezes, violentas e arbitrárias. Sempre que ficava sózinha conseguia alcansar a minha identidade, e, naqueles segundos, depreendia o quanto precisava de me transformar. Quando voltava ao caminho da existência, saindo do meu interior, sofria as consequências, de ter-me indagado, o dia ficava noite; a noite punha-me medo; os amigos cresciam, criticavam; os inimigos apedrejavam. Que contradição! Tudo parecia-me desmontado, no entanto, eu estava inteira, forte para recomeçar. Confesso: às vezes não queria recomeçar - mas era impossível renunciar à vida.
Tudo pulsava, tudo falava, alguns eu entendia, outros eu negava, neste processo, num extraordinário empenho de equílibrio, caí, levantei-me, amei, fui a força do meu próprio ser.
Na mentalidade do que era e do que sou, transformei-me, o que era escuro ficou claro; o que era morte ficou vida; o que não era, é.
Continuo a ser o que sempre fui: um ser inteligente que busca, na permanência do próprio ser, do Universo, a compreensão do seu ser.
terça-feira, agosto 01, 2006
A casa da minha infância
A casa: duas janelas fechadas, equilíbrio de vidros partidos, reflexos de desolação, um molho de ervas a morder a madeira da porta, folhas de cal a desprenderem-se das paredes, rachaduras.
As orquídias morreram ontem, quando eu não estava, há muitos anos. Era ali que eu brincava, na quinta ao lado da casa, num bocadinho de terra debaixo da figueira achacadiça, onde o ar sufocava e morria. brincava ás lojas: pedrinhas embrulhadas em papel de rebuçado, invólucrus de cigarros cheios e paus, frascos de perfume com água dentro; e o tempo corria a esconder-se no bibe azul, aos quadradinhos , da infância.
Fumo de flores secas num fogareiro, as orquídias, o chão ervado, abandono. Não conheço este silêncio, tenho de aprender a brincar outra vez, empurrar a porta e entrar...E de súbito preciso de ti, Maria da luz, na minha memória, no tempo em que o sol andava à nossa roda, e eu já escrevia poemas com os olhos, a olhar a beleza da natureza.
Tinhas oito anos e vestias um avental verde, bonito. Eu tinha seis anos e tinha vergonha de andar descalça. A minha irmã estava distraída a lavar roupa no tanque e nós afastámo-nos um pouco, atrás de borboletas que nem sequer víamos, que eu inventava para me seguires. E muito longe depois ficámos cansadas de correr, sentámo-nos a conversar no meio de um silêncio que nunca existiu, e tudo o que dissemos uma à outra, a minha mão na tua, parecia estar certo . Havia árvores nos teus olhos, uma formiga subia pela tua perna, o teu cabelo ardia às vezes quando te punhas de uma maneira que eu não sei explicar. Deixavas cair de propósito a minha mão no teu colo, e rias, quando despíamos a roupa, e iamos mergulhar no riacho. O avental verde confundiu-se com as ervas e não o encontrámos, vestido de bolinhas com botões de castanhas a sumir-se com as borboletas imaginárias, as tuas cuecas debaixo dos meus pés, e a minha irmã lá ao fundo a espetar os olhos em nós, espantada, com deus na boca, a correr na nossa direcção, e eu a fugir para detrás duma árvore a vê-la vestir-te.
Já não sei brincar assim, as orquídias morreram, a casa já não existe. Na minha memória desfilam agora todos os brinquedos da minha vida...mas tu foste, Maria da Luz, o brinquedo mais sério da minha infância.
Guardo para mim, os risos espontâneos e ingénuos, as cores, as brincadeiras, as traquinices, as partilhas, de toda a minha infância...De vez enquando ainda mostro o mesmo sorriso, ainda sinto vontade de me rebolar num campo de margaridas, como tantas vezes fazia...De vez enquando ainda sou aquela criança feliz e sonhadora...De vez enquando...
As orquídias morreram ontem, quando eu não estava, há muitos anos. Era ali que eu brincava, na quinta ao lado da casa, num bocadinho de terra debaixo da figueira achacadiça, onde o ar sufocava e morria. brincava ás lojas: pedrinhas embrulhadas em papel de rebuçado, invólucrus de cigarros cheios e paus, frascos de perfume com água dentro; e o tempo corria a esconder-se no bibe azul, aos quadradinhos , da infância.Fumo de flores secas num fogareiro, as orquídias, o chão ervado, abandono. Não conheço este silêncio, tenho de aprender a brincar outra vez, empurrar a porta e entrar...E de súbito preciso de ti, Maria da luz, na minha memória, no tempo em que o sol andava à nossa roda, e eu já escrevia poemas com os olhos, a olhar a beleza da natureza.
Tinhas oito anos e vestias um avental verde, bonito. Eu tinha seis anos e tinha vergonha de andar descalça. A minha irmã estava distraída a lavar roupa no tanque e nós afastámo-nos um pouco, atrás de borboletas que nem sequer víamos, que eu inventava para me seguires. E muito longe depois ficámos cansadas de correr, sentámo-nos a conversar no meio de um silêncio que nunca existiu, e tudo o que dissemos uma à outra, a minha mão na tua, parecia estar certo . Havia árvores nos teus olhos, uma formiga subia pela tua perna, o teu cabelo ardia às vezes quando te punhas de uma maneira que eu não sei explicar. Deixavas cair de propósito a minha mão no teu colo, e rias, quando despíamos a roupa, e iamos mergulhar no riacho. O avental verde confundiu-se com as ervas e não o encontrámos, vestido de bolinhas com botões de castanhas a sumir-se com as borboletas imaginárias, as tuas cuecas debaixo dos meus pés, e a minha irmã lá ao fundo a espetar os olhos em nós, espantada, com deus na boca, a correr na nossa direcção, e eu a fugir para detrás duma árvore a vê-la vestir-te.Já não sei brincar assim, as orquídias morreram, a casa já não existe. Na minha memória desfilam agora todos os brinquedos da minha vida...mas tu foste, Maria da Luz, o brinquedo mais sério da minha infância.

Guardo para mim, os risos espontâneos e ingénuos, as cores, as brincadeiras, as traquinices, as partilhas, de toda a minha infância...De vez enquando ainda mostro o mesmo sorriso, ainda sinto vontade de me rebolar num campo de margaridas, como tantas vezes fazia...De vez enquando ainda sou aquela criança feliz e sonhadora...De vez enquando...
quarta-feira, julho 26, 2006
HOJE
Hoje, como de resto, já aconteceu em muitos dias da minha vida, pergunto-me:O que é o amor? porque temos nós, afinal, esta necessidade de amar? Porque sentimos, todos nós, esta ânsia, este bater de coração, tão forte, tão forte, que por vezes chega a doer?
Para que queremos nós afinal, amar outra pessoa, quando racionalmente , já sabemos que esse amor, um dia, nos poderá trazer dor, amargura, ciúmes, despeito, insegurança, solidão.
Todos nós concordamos, que amar é bom...mas, por vezes, muito mau....
Será assim? Conheço alguém que uma vez me disse, que só se zanga, com as pessoas de quem gosta e ama...Será isso amor?
A minha visão de amor( ilusória, talvez), é bem-estar, ternura, segurança, satisfação, é dar( mais até, que receber)!
È sentirmo-nos bem na presença de quem gostamos, ouvir a sua voz, sentir o toque das suas mãos, o seu abraço, o seu olhar...
Porque se transforma este sentimento, que ao principio parecia não ter fím?
Porque será que o sol deixa de brilhar, o céu fica cinzento, a chuva bate na janela?
O amor é assim...como o tempo?!
Nas suas mil transformações ele, ou se torna forte e resiste a tudo, ou enfraquece e, acaba por desaparecer...Esquecerá alguém, uma pessoa que já amou intensamente?
Neste instante, surge-me na memória, as palavras de alguém, por quem tenho uma velada admiração, que me disse certa vez, algo que na altura quaze me escandalizou: Sou um amador de mulheres. E explicou o seu ponto de vista: ama todas as mulheres. Desde a mãe, a irmã, as namoradas e por aí fora, mas...nenhuma da mesma maneira! E as mulheres dele, guarda-as a todas no coração: recorda-as no seu melhor e no seu pior..
Será isto amor...Aquele sentimento mágico, único, mas que dói, que fere, mas que também nos dá tanta alegria, satisfação, paz interior, nos faz ver o mundo nas cores do arco-íris?
Será que o amor, afinal, é uma eterna magia, uma eterna ilusão? Shakespeare disse: Quando fala o amor, a voz de todos os Deuses deixa o céu embriagado de harmonia. Será isto verdadeiramente correcto?
Mas então, porque ao longo dos tempos , poetas escritores, filósofos e, mais recentemente psicólogos, tentam encontrar uma justifícação para o amor e suas penas?
Ninguém o consegue explicar verdadeiramente, porque afínal, todos já sofremos por amor.
Ah, o amor...Será que alguém me diz o que ele é verdadeiramente?...
CARÊNCIAS
Que importa o poder da luz do sol.Se a alma se recolhe na penumbra.
Num estado lastimável de carências.
Cultivadas nas suas entranhas.
São momentos de revolta interior.
Numa luta feroz sem adversário.
A mágoa vai crescendo a cada instante.
Num mar de lágrimas que se soltam.
Num soluçar incontrolável de dor.
Das profundezas são arrancados.
Gritos surdos que ecoam por todo o lado.
No desconhecido caminhamos.
No desconhecido nos relacionamos.
É assim que gradualmente evoluimos.
Será para o nada que um dia voltamos
sexta-feira, julho 21, 2006
ASSIM SOU EU
Um barco solitário à deriva.Assim sou eu.
Num mar calmo e plano.
A tempestade só existe em mim.
Olho em volta e a solidão impera.
Olho para mim e não me vejo.
Sou sombra e inexistência.
Sou passado que já não volta.
Com medo de olhar o futuro.
Nesse barco parado à luz da lua.
Tento construir o meu eu.
Tento juntar os meus pedaços soltos.
Tento recuperar a minha alma.
No barco ao sabor do mar flutuando.
Em direcção ao destino incerto.
Entrego o que sou.
Recupero o que perdi.
Esqueço o que pedi.
E procuro encontrar a minha vida.

No barco...sob a luz da lua.
Olho o mar plano e dourado.
E nele reflectido.
Está o que sonhei.
Sempre o mesmo sonho.
E no meio desta insanidade.
Resta-me a esperança da realidade.
Num destino não marcado.
Escolhido pela força do que quero.
Pela vontade do que sinto.
E por isso meu sonho perdido.
Neste barco à deriva.
Sob a luz da lua.
Espero pelo amor não esquecido.
Hoje.
Amanhã.
Eternamente.
quarta-feira, julho 19, 2006
JANELA
Hoje, pela madrugada abri a minha janela. Começou a romper o dia e um sol radioso. A manhã começava a raiar e eu acordar para um novo dia da minha vida.Olhei à minha volta, como que a observar os pormenores mais pequeninos e que, normalmente nem reparo neles.
Foi então, que o meu olhar fixou a linha do horizonte, logo imaginando-me lá... Viajar mentalmente é um exercício que pratico com muita frequência, pois transmite-me uma sensação de bem - estar indescritível. Sonhar com o mar, na sua imensidão e poder sonhar com as flores, na sua simplicidade e beleza. Sonhar com a harmonia, para mim e para o mundo. Sonhar com a montanha repleta de neve e descobrir o prazer da sua pureza.
Sonhar com o amor, porque não? Sou um ser humano e claro, necessito dele para viver e até para fortalecer o equilíbrio sentimental, tão útil à minha vida. Então fechei a janela, estava na hora de aterrar, pois haviam mil e uma tarefas para cumprir e o tempo não facilita muito a vida.
No entanto, o meu espírito estava já bem mais fortalecido, e havia um sorriso nos meus lábios...
quarta-feira, julho 12, 2006
Sossega coração
Sossega, coração!Não desesperes!Talvez um dia, para além dos dias.
Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias.
Atingirás a perfeição de seres.
Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
Pobre esperança a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabelo.
E em si mesmo se sente diferente.
Como faz mal ao sonho o concebê-lo!
Sossega, coração, contudo! dorme.
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme.
A grande, universal, solene pausa.
Antes que tudo em tudo se transforme.
Sossega coração e adormece!
terça-feira, julho 04, 2006
CORES DA VIDA
A vida é feita de momentos maus e bons. Com os problemas que a sociedade enfrenta, são cada vez mais os maus, em detrimento do ideal que seriam de facto, os bons.
Penso muitas vezes que a vida é uma paleta de cores que variam conforme os acontecimentos. Nesta paleta, todas as cores têm o seu papel e a sua importância. Os melhores momentos pintam-se de rosa, laranja, azul,verde, vermelho...
São quando o amor está bem de saúde, a vida vai fluindo de uma forma agradável, a saúde está tão regular que até a esqueço, a vida profissional está estacionada e os amigos são tão importantes como a família, em algumas situações talvez até mais, porque tive o privilégio de os escolher. Mas ao mesmo tempo podem misturar-se o preto e o cinzento!!!
E estas cores, não posso regeitar a sua presença.
São quando perco alguém que amo e me faz muita falta, quando chego à conclusão que afinal as pessoas que me rodeiam nem são o que eu esperava delas, e isso dói, de tal forma que faz repensar toda uma vivência. São também quando no meu universo de relações, alguém está com problemas estes a vários níveis.
É nesta altura que me sinto pequenina e impotente, face a estas adversidades. Para que a vida seja colorida, alegre e felis, não me posso martirizar com os momentos negros da vida, tenho sim, que arrumá-los na prateleira das emoções para serem utilizados em pequeníssimas quantidades e pouco frequentes de modo a não sobreporem os bons momentos.
Penso muitas vezes que a vida é uma paleta de cores que variam conforme os acontecimentos. Nesta paleta, todas as cores têm o seu papel e a sua importância. Os melhores momentos pintam-se de rosa, laranja, azul,verde, vermelho...

São quando o amor está bem de saúde, a vida vai fluindo de uma forma agradável, a saúde está tão regular que até a esqueço, a vida profissional está estacionada e os amigos são tão importantes como a família, em algumas situações talvez até mais, porque tive o privilégio de os escolher. Mas ao mesmo tempo podem misturar-se o preto e o cinzento!!!
E estas cores, não posso regeitar a sua presença.
São quando perco alguém que amo e me faz muita falta, quando chego à conclusão que afinal as pessoas que me rodeiam nem são o que eu esperava delas, e isso dói, de tal forma que faz repensar toda uma vivência. São também quando no meu universo de relações, alguém está com problemas estes a vários níveis.
É nesta altura que me sinto pequenina e impotente, face a estas adversidades. Para que a vida seja colorida, alegre e felis, não me posso martirizar com os momentos negros da vida, tenho sim, que arrumá-los na prateleira das emoções para serem utilizados em pequeníssimas quantidades e pouco frequentes de modo a não sobreporem os bons momentos.
sexta-feira, junho 30, 2006
RIBAMAR

De partida para mais uma semana de trabalho entrei no carro, ainda noite depois de deixar para trás tudo o que me dava felicidade e paz.
Ansiosa, agitada e algo nervosa pois o caminho era longo e também como única companhia tinha uma estação de rádio que ia desejando um bom acordar e tentando incutir aos seus ouvintes a boa disposição, necessária a encarar uma longa semana.
Enquanto a viagem decorria sentia o desejo cada vez maior de inverter o sentido de marcha e voltar para casa.
Mas não podia fraquejar, tinha de seguir em frente, pois estava um grupo de meninos do SASE com demasiadas expectativas à minha espera.
Quando ouvia uma música conhecida, os meus olhos enchiam-se de lágrimas, pelas recordações que me assaltavam o pensamento e, sei que em alguns momentos falava comigo própria.
Podia ser loucura, mas fazia-me bem. Claro que esta situação teve também o seu lado positivo, pois foi bom perder certos medos, de andar tão longe só.
Rezava literalmente, para não ter nem um furo ou outra avaria qualquer com receio de entrar em pânico e não saber o que fazer.
Alguém me ouviu, pois nunca tive qualquer problema.
Hoje lembro esses momentos com exactidão, mas com poucas saudades, pois corri muitos riscos a vários níveis.
Como a primeira viagem, não há mais nenhuma, mas sentir na pele o quanto custa abandonar a família principalmente os filhos, o medo de acontecer algo imprevisto, isto repetia-se todas as semanas de segunda a segunda...
Volvidos alguns anos, não é difícil caracterizar um misto de emoções e experiências vividas sempre no seu máximo e, claro aprender com o que de melhor tiver existido, no entanto, mesmo das situações mais negativas se podem tirar benefícios.
quarta-feira, junho 28, 2006
CHUVA
Já paraste para ouvir a chuva cair.
Em gotejo gordo e redondo.
Dizendo"estou aqui, estou aqui"...
Em experiência meditativa.
Ergo-me por detrás da vidraça.
E olho e vejo e sinto.
mais que isso: ouço.

O som macio afaga-me os sentimentos.
De fora para dentro lava-me.
E leva-me as agitações necessárias.
Semicerro o olhar.
E já não somos dois: a chuva e eu.
Ingresso no ser líquido.
Deixando-me ser.
Água e rio e corrente e mar...
Já experimentaste erguer-te ante a vidraça.
Para sentires o falar da chuva?
Em gotejo gordo e redondo.
Dizendo"estou aqui, estou aqui"...
Em experiência meditativa.
Ergo-me por detrás da vidraça.
E olho e vejo e sinto.
mais que isso: ouço.

O som macio afaga-me os sentimentos.
De fora para dentro lava-me.
E leva-me as agitações necessárias.
Semicerro o olhar.
E já não somos dois: a chuva e eu.
Ingresso no ser líquido.
Deixando-me ser.
Água e rio e corrente e mar...
Já experimentaste erguer-te ante a vidraça.
Para sentires o falar da chuva?
quarta-feira, junho 21, 2006
FALHAS
Mesmo sabendo que envelheço.A cada dia, cada ano que passa.
Não esmereço, nem esqueço o tempo que desliza.
Tudo tem um tempo ...Tudo passa.
Renasci...Para o sonho vivido.
Que se fez verdade, num tempo adormecido.
Despertei num amanhã incerto.
Nos braços que não me deste.
Prefiro o relógio da vida.
Que me comanda e, marca a verdade.
Somos em forma tão diferentes.
Por isso liberto-te das correntes.
Que as tuas palavras são a arma.
Dos teus pensamentos, sem balas.
mesmo quando pensas saber.
de tudo aquilo que magoas, que falas.
Debruço-me sobre o tempo.
Acaricio tuas vontades.
Que me despem de dor e não me dão prazer.
Não quero sentir sombras.
Do nosso amor, que me fez não ser...
Celebrarei sempre, os dias do amor.
Os que foram só nossos.
De que mesmo ainda amando.
Amarte-ei sem remorsos.
terça-feira, junho 20, 2006
José carlos
O inverno passou lento, pesado, frio, cortante e destruidor. Alguns idosos cuja fraca seiva vital se esgotou no maior consumo de energias enlutaram algumas famílias do bairro Lopes.
A primavera desejada voltou, trazendo consigo o calor do sol e os ventos cortantes de frio deram lugar às brisas das manhãs calmas.
Nas encostas batidas pelos raios solares e abrigadas da brisa mais fresca do mar nas noites ainda longas, as primeiras flores silvestres animaram a paisagem salpicada de pétalas branca e rosa.
Nas tardes mornas, a sombra dos salgueiros junto ao ribeiro que cantava de águas cristalinas, era o nosso ponte de encontro marcado, fora do bairro, libertos dos olhares indiscretos e recriminatórios das velhas, repositório da moral e dos bons costumes tradicionais. O nosso amor, a nossa meninice e a nossa pureza magoava as suas consciências cristalizadas de uma infância, distante, perdida e talvez mal vivida.
Saltitávamos de mão dada, pés descalços pela corrente fresca, segurando na outra mão os chinelos descalços que tinham que voltar secos.
Assustávamos os cardumes de pequenas enguias e os pássaros que, como nós, pipilavam na música da primavera renovadora da natureza no seu eterno movimento.
Guardo na memória José Carlos, e a frescura dessas tardes, a beleza da sua fresca meninice, o sabor dos seus beijos na face perfumados, a sinceridade ingénua das nossas promessas de amor e a sua lembrança serve-me de suave alento nos dias frios de inverno que se vai instalando no aproximar do outono da vida.
A primavera desejada voltou, trazendo consigo o calor do sol e os ventos cortantes de frio deram lugar às brisas das manhãs calmas.
Nas encostas batidas pelos raios solares e abrigadas da brisa mais fresca do mar nas noites ainda longas, as primeiras flores silvestres animaram a paisagem salpicada de pétalas branca e rosa.

Nas tardes mornas, a sombra dos salgueiros junto ao ribeiro que cantava de águas cristalinas, era o nosso ponte de encontro marcado, fora do bairro, libertos dos olhares indiscretos e recriminatórios das velhas, repositório da moral e dos bons costumes tradicionais. O nosso amor, a nossa meninice e a nossa pureza magoava as suas consciências cristalizadas de uma infância, distante, perdida e talvez mal vivida.
Saltitávamos de mão dada, pés descalços pela corrente fresca, segurando na outra mão os chinelos descalços que tinham que voltar secos.
Assustávamos os cardumes de pequenas enguias e os pássaros que, como nós, pipilavam na música da primavera renovadora da natureza no seu eterno movimento.

Guardo na memória José Carlos, e a frescura dessas tardes, a beleza da sua fresca meninice, o sabor dos seus beijos na face perfumados, a sinceridade ingénua das nossas promessas de amor e a sua lembrança serve-me de suave alento nos dias frios de inverno que se vai instalando no aproximar do outono da vida.
segunda-feira, junho 19, 2006
Sonho de criança
Sentada na fria soleira e abrigada do vento pela grossa cantaria oval da porta da igreja, eu esperei por ti... Mãe. Soprava das mãos o frio que tolhia os dedos, e batia no chão molhado os chinelos que não eram sufícientemente grossos para proteger os pés da humidade gelada daquela noite de Natal.
Prometeras vir e eu nem sequer me interrogava da verdade dessa presença que seria o presente mais importante que o Pai-Natal, em que eu já não acreditava, me poderia oferecer.

Como qualquer criança que coloca o sapatinho na chaminé e fica na cama, fingindo dormir, mas à escuta do mais leve ruído na cozinha, eu escutava quaisquer rangidos que me anunciassem os teus passos.
As badaladas do sino a cada quarto de hora, a cada hora, mantinham a minha cabeça desperta do sono e aumentavam a ansiedade e a angústia do tempo que passavam sem que deslumbrasse a tua imagem ao virar da esquina.
Segurava entre as mãos regeladas um frasquinho de lavanda, que comprei com as moedas tiradas do mealheiro com a ponta da faca, para que o meu pai não percebesse que gastava o dinheiro que pedia pelos santos populares, especialmente no dia de Santo Antonio.
Gostaria de ter um ramo de flores para te oferecer mas em Dezembro não havia flores, e assim, aquela água de colonia seria a minha primeira prenda, que irias guardar com tanta ansiedade como a que eu sentia quando a comprei sem conseguir evitar um sorriso trocista da Senhora da drogaria.
O sino bateu as doze badaladas e tu não apareceste. Em cada casa soavam as vozes alegres da ceia e os cântigos de graças pelo Menino que acabara de nascer.
Eu guardei o frasco na algibeira do bibe crispando as mãos e rangendo os dentes de frio, de dor e desilusão.
Na esquina da rua chocámos no nevoeiro, tu corrias ao meu encontro enquanto todos ceavam.
Aquela visão foi a minha melhor prenda de Natal.
Prometeras vir e eu nem sequer me interrogava da verdade dessa presença que seria o presente mais importante que o Pai-Natal, em que eu já não acreditava, me poderia oferecer.

Como qualquer criança que coloca o sapatinho na chaminé e fica na cama, fingindo dormir, mas à escuta do mais leve ruído na cozinha, eu escutava quaisquer rangidos que me anunciassem os teus passos.
As badaladas do sino a cada quarto de hora, a cada hora, mantinham a minha cabeça desperta do sono e aumentavam a ansiedade e a angústia do tempo que passavam sem que deslumbrasse a tua imagem ao virar da esquina.
Segurava entre as mãos regeladas um frasquinho de lavanda, que comprei com as moedas tiradas do mealheiro com a ponta da faca, para que o meu pai não percebesse que gastava o dinheiro que pedia pelos santos populares, especialmente no dia de Santo Antonio.
Gostaria de ter um ramo de flores para te oferecer mas em Dezembro não havia flores, e assim, aquela água de colonia seria a minha primeira prenda, que irias guardar com tanta ansiedade como a que eu sentia quando a comprei sem conseguir evitar um sorriso trocista da Senhora da drogaria.
O sino bateu as doze badaladas e tu não apareceste. Em cada casa soavam as vozes alegres da ceia e os cântigos de graças pelo Menino que acabara de nascer.
Eu guardei o frasco na algibeira do bibe crispando as mãos e rangendo os dentes de frio, de dor e desilusão.
Na esquina da rua chocámos no nevoeiro, tu corrias ao meu encontro enquanto todos ceavam.
Aquela visão foi a minha melhor prenda de Natal.
sexta-feira, junho 16, 2006
Ainda perplexa
A vida é uma estrada sinuosa que tem de ser percorrida com firmesa e esperança.
Foi com estas palavras que terminei um dos meus textos anteriores neste dia que não me apetecia escrever. Há momentos assim. Momentos em que parece haver qualquer coisa que nos avisa. Há quem lhe chame pressentimento. Não sei. Talvez a experiência nos avise de que, em todos os momentos da vida, nunca há certezas e quanto mais confiantes maior será a surpresa e a desilusão.
Muitos como eu estão neste momento sentindo o mesmo desalento, a mesma frustração, a mesma impotência perante o girar dos acontecimentos. Muitos como eu acreditaram que os homens inteligentes agiam com honestidade e de acordo com o valor da vida e das pessoas. Porém, por muito avidados que estejamos, há momentos em que esquecemos que todos os homens são falíveis e as suas acções obedecem a razões que desconhecemos.
Quanto maior é o amor mais se sente a traição. Quanto maior é a confiança maior é a desilusão.
Mudam-se os tempos , mudam-se as vontades. È bom que ao menos esqueçamos, e que amanhã saibamos de que lado devemos estar, e que as difículdades sirvam para unir aqueles que lutam pela mesma causa.
A vida é uma estrada sinuosa.

Foi com estas palavras que terminei um dos meus textos anteriores neste dia que não me apetecia escrever. Há momentos assim. Momentos em que parece haver qualquer coisa que nos avisa. Há quem lhe chame pressentimento. Não sei. Talvez a experiência nos avise de que, em todos os momentos da vida, nunca há certezas e quanto mais confiantes maior será a surpresa e a desilusão.
Muitos como eu estão neste momento sentindo o mesmo desalento, a mesma frustração, a mesma impotência perante o girar dos acontecimentos. Muitos como eu acreditaram que os homens inteligentes agiam com honestidade e de acordo com o valor da vida e das pessoas. Porém, por muito avidados que estejamos, há momentos em que esquecemos que todos os homens são falíveis e as suas acções obedecem a razões que desconhecemos.
Quanto maior é o amor mais se sente a traição. Quanto maior é a confiança maior é a desilusão.
Mudam-se os tempos , mudam-se as vontades. È bom que ao menos esqueçamos, e que amanhã saibamos de que lado devemos estar, e que as difículdades sirvam para unir aqueles que lutam pela mesma causa.
A vida é uma estrada sinuosa.
Hoje não consigo escrever
Não consigo mesmo. Há demasiadas coisas na minha cabeça. E quando há demasiadas ideias baralham-se, não se arrumam. Nunca mais acaba o futebol, estou farta. Entretanto o País continua suspenso duma crise política que não pedimos nem somos culpados mas em que aturamos os mais diversos disparates, desde um que fala como se já fosse primeiro ministro e não houvesse acima dela a quem deve respeito, a outro ( um alarve ), mas que faz parte do mesmo partido, que nos agride os tímpanos com asneiras de fazer corar qualquer besta.Apetecia-me falar de amor, de amizade, de carinho, de sentimentos de que o país anda tão parvo, mas as mãos crispam-se, os nervos retesam-se as palavras faltam.
Àqueles que habitualmente me lêem e àqueles que por acaso aqui passam, um abraço fraterno. É bom sabermos que, ao nosso lado, do outro lado, no fio do limite espacial, há sempre alguém que lê as nossas palavras, que entende a nossa mensagem, que pensa e sente como nós.
A vida é uma estrada sinuosa que tem de ser percorrida com firmeza e esperança
quarta-feira, junho 14, 2006
Saudade da minha Infância
É certo que se não tivéssemos vivido não seríamos hoje aquilo que somos. não seríamos nada. Ser alguma coisa, boa ou má, rica ou pobre, simples ou complexa, sábia ou ignorante, implica ter vivido.
Cada momento que vivemos deixou a sua marca, o seu traço, o seu caracter na escrita de cada página deste livro que é a nossa vida.
O passado, embora haja quem diga que não existe, o meu passado sou eu. Não vale a pena arrependermo-nos nem sequer voltar a trás. Não há movimento para trás. Não há retorno nem retrocesso, nem sequer podemos reduzir a velocidade, para descansar, fazer uma pausa.
Resta-nos esta maravilhosa faculdade da memória. É uma riqueza incalculável de que dispomos podermos evocar, na nossa mente, momentos distantes no tempo mas presentes em nós.
Como é bom poder estar hoje a ouvir música enquanto escrevo estas linhas e nelas vou registando, partilhando com quem vier a lê-las as lembranças da minha infância. A quinta com os seus vales e outeiros, as cores, a multiplicidade de cores que o campo nos oferece, os animais que fazem parte da família, a frescura do ribeiro, a música da corrente, o chilrear dos pássaros, a luz de cada manhã de primavera, o silêncio das noites do campo apenas quebrado pelo estridular dos grilos. os cheiros, os aromas da natureza, da terra, das plantas, das flores e dos frutos. O cheiro da noite, da terra húmida, do orvalho da manhã.
Lembro os livros que li. Não os livros nem os seus autores, nunca decoro o nome dos autores, o que eu lembro é o prazer que dava ler, às escondidas do meu pai, os livros que um amigo mais velho me emprestava. Aquela leitura escondida fazia de mim um ser importante, lia as coisas que os outros não liam, corria a minha mente por tempos e espaços que eram só meus, falava com aquelas personagens como se fossem minhas amigas elas faziam parte do meu mundo.
Com que saudade eu me lembro da Hirondina! Aquela manhã em que juntas almoçávamos pão com banha de porco junto ao pequeno ribeiro da quinta, à sombra das figueiras por onde a luz da manhã passava em reflexos de arco-íris. A Hirondina era mais velha que eu. As figueiras rodavam por cima de nós e eu sentia-me louca pendurada nos seus ramos, era uma sensação maravilhosa, até explodir e ficarmos ambas a arfar de cansaço e de alegria.
Como tenho saudade, desse tempo, da minha infância
Cada momento que vivemos deixou a sua marca, o seu traço, o seu caracter na escrita de cada página deste livro que é a nossa vida.
O passado, embora haja quem diga que não existe, o meu passado sou eu. Não vale a pena arrependermo-nos nem sequer voltar a trás. Não há movimento para trás. Não há retorno nem retrocesso, nem sequer podemos reduzir a velocidade, para descansar, fazer uma pausa.
Resta-nos esta maravilhosa faculdade da memória. É uma riqueza incalculável de que dispomos podermos evocar, na nossa mente, momentos distantes no tempo mas presentes em nós.

Como é bom poder estar hoje a ouvir música enquanto escrevo estas linhas e nelas vou registando, partilhando com quem vier a lê-las as lembranças da minha infância. A quinta com os seus vales e outeiros, as cores, a multiplicidade de cores que o campo nos oferece, os animais que fazem parte da família, a frescura do ribeiro, a música da corrente, o chilrear dos pássaros, a luz de cada manhã de primavera, o silêncio das noites do campo apenas quebrado pelo estridular dos grilos. os cheiros, os aromas da natureza, da terra, das plantas, das flores e dos frutos. O cheiro da noite, da terra húmida, do orvalho da manhã.
Lembro os livros que li. Não os livros nem os seus autores, nunca decoro o nome dos autores, o que eu lembro é o prazer que dava ler, às escondidas do meu pai, os livros que um amigo mais velho me emprestava. Aquela leitura escondida fazia de mim um ser importante, lia as coisas que os outros não liam, corria a minha mente por tempos e espaços que eram só meus, falava com aquelas personagens como se fossem minhas amigas elas faziam parte do meu mundo.
Com que saudade eu me lembro da Hirondina! Aquela manhã em que juntas almoçávamos pão com banha de porco junto ao pequeno ribeiro da quinta, à sombra das figueiras por onde a luz da manhã passava em reflexos de arco-íris. A Hirondina era mais velha que eu. As figueiras rodavam por cima de nós e eu sentia-me louca pendurada nos seus ramos, era uma sensação maravilhosa, até explodir e ficarmos ambas a arfar de cansaço e de alegria.
Como tenho saudade, desse tempo, da minha infância
sexta-feira, junho 02, 2006
QUANDO SE AMA
Basta-me abrir os olhos! Qualquer objecto que estiver ao meu redor, qualquer ser vivo ou inanimado que a natureza coloca ao nosso alcanse, qualquer sombra, astro, estrela, satélite, qualquer grão de areia, qualquer ser humano, permitirá que eu te veja, já que eu te encontro em tudo que meus olhos alcançam.
Basta-me aguçar os ouvidos! Qualquer som, qualquer música, qualquer melodia, qualquer palavra, o silvo do vento, a sinfonia dos pássaros, o balançar das árvores e flores, o som da chuva, ou das águas do mar, dos rios, das cascatas, ou das brincadeiras infantis, dos veículos no trânsito, da campainha de um telefone, do motor de um avião, do choro de uma criança ou, até mesmo, o som do silêncio, permitirá que eu te ouça, já que a tua voz está dentro dos meus ouvidos.
Basta-me fechar os olhos! Tornar-me surda, muda, ausentar-me do meu corpo, esquecer-me de mim. E sentirei minha alma abraçando a tua, os nossos anjos encontrando-se, o meu coração batendo à porta do teu, os meus pensamentos querendo adivinhar os teus, os meus sentimentos totalmente entregues ati.
Basta-me orar! E estarei rogando por ti, por tua saúde, por tua paz, por tua alegria, pela tua felicidade.
Não seria, então, muito melhor que essa luta incansável tenha um fím e que tu nos permitas viver com felicidade e harmonia, essa dávida que a vida nos deu? Jamais haverá grandes ou pequenas distâncias entre nós, ainda que elas possam existir fisicamente, porque o amor não sabe o que é isso, não aprova, não compactua, não reconhece, não deixa espaço entre almas que se pertencem. E a minha sempre te pertenceu!
Basta-me aguçar os ouvidos! Qualquer som, qualquer música, qualquer melodia, qualquer palavra, o silvo do vento, a sinfonia dos pássaros, o balançar das árvores e flores, o som da chuva, ou das águas do mar, dos rios, das cascatas, ou das brincadeiras infantis, dos veículos no trânsito, da campainha de um telefone, do motor de um avião, do choro de uma criança ou, até mesmo, o som do silêncio, permitirá que eu te ouça, já que a tua voz está dentro dos meus ouvidos.

Basta-me fechar os olhos! Tornar-me surda, muda, ausentar-me do meu corpo, esquecer-me de mim. E sentirei minha alma abraçando a tua, os nossos anjos encontrando-se, o meu coração batendo à porta do teu, os meus pensamentos querendo adivinhar os teus, os meus sentimentos totalmente entregues ati.
Basta-me orar! E estarei rogando por ti, por tua saúde, por tua paz, por tua alegria, pela tua felicidade.
Não seria, então, muito melhor que essa luta incansável tenha um fím e que tu nos permitas viver com felicidade e harmonia, essa dávida que a vida nos deu? Jamais haverá grandes ou pequenas distâncias entre nós, ainda que elas possam existir fisicamente, porque o amor não sabe o que é isso, não aprova, não compactua, não reconhece, não deixa espaço entre almas que se pertencem. E a minha sempre te pertenceu!
terça-feira, maio 30, 2006
DERIVA
Seja qual for o caminho que eu escolher, um poeta já passou por ele antes de mim. 
Era uma Quinta-Feira, como outra qualquer. Com os mesmos mistérios, as mesmas certezas. Era uma Quinta-Feira de pessoas cansadas, que ainda atordoadas na avenida da vida, no resquício de uma semana de sonhos. Acordar era preciso, mas as estrelas do fím do dia tardava com seu brilho inocente.
Era uma Quinta-Feira sem ventos. Minha nau errava pelo oceano dos trópicos, sem âncora nem tripulação. Meus gestos, minha sílabas e fonemas não eram poemas. Eram cenas.
Era uma Quinta-Feira, sem farois e lençóis, indecisa sobre si mesmo, mas que intuía. E à flor da pele, sentia a mudança das marés.
Era uma Quinta-Feira quando avistei tuas terras Em ilhas cintilantes, E em meio da aprendizagem, vi teu sorriso revelando as rotas por onde eu nunca navegara. Teus olhos eram bússolas precisas, tinham paz, não mentiam. E apontavam um porto luminado e seguro.
Era uma Quinta-Feira, quando ouvi tua voz...Podia aprisionar os deuses da dúvida e a tristeza dos que não navegam pelas estrelas. Falava de mim. Era uma Quinta-Feira quando percebi teus sinais e ancorei. Mas nada sei, do futuro. Os náufragos sempre amaram quem os salvam.
Era uma Quinta-Feira quando amei...

Era uma Quinta-Feira, como outra qualquer. Com os mesmos mistérios, as mesmas certezas. Era uma Quinta-Feira de pessoas cansadas, que ainda atordoadas na avenida da vida, no resquício de uma semana de sonhos. Acordar era preciso, mas as estrelas do fím do dia tardava com seu brilho inocente.
Era uma Quinta-Feira sem ventos. Minha nau errava pelo oceano dos trópicos, sem âncora nem tripulação. Meus gestos, minha sílabas e fonemas não eram poemas. Eram cenas.
Era uma Quinta-Feira, sem farois e lençóis, indecisa sobre si mesmo, mas que intuía. E à flor da pele, sentia a mudança das marés.
Era uma Quinta-Feira quando avistei tuas terras Em ilhas cintilantes, E em meio da aprendizagem, vi teu sorriso revelando as rotas por onde eu nunca navegara. Teus olhos eram bússolas precisas, tinham paz, não mentiam. E apontavam um porto luminado e seguro.
Era uma Quinta-Feira, quando ouvi tua voz...Podia aprisionar os deuses da dúvida e a tristeza dos que não navegam pelas estrelas. Falava de mim. Era uma Quinta-Feira quando percebi teus sinais e ancorei. Mas nada sei, do futuro. Os náufragos sempre amaram quem os salvam.
Era uma Quinta-Feira quando amei...
segunda-feira, maio 29, 2006
SENTIMENTOS
Frustrar alguém no amor é a mais terrível decepção, é uma perda eterna para a qual não há compensação, na vida ou na eternidade.pessoas são diferentes. Algumas enchergam a vida com olhos da realidade, outras com o coração. Algumas magoam-se por nada, por tudo. Outras apenas não se importam com nada, com ninguém. E ainda que não se pense o quanto podemos magoar alguém, é preciso lembrar que essas são as pessoas que passam na nossa vida...
Ah, eu sempre quis um amor que amasse.
quinta-feira, maio 25, 2006
SONHANDO
Ah meus sonhos, por onde andas que não os encontro?
porque me deixaste só e sofrendo???
Porque fostes embora junto com o vento.
Insensível e cruel.
Deixando-me sozinha e com tanta desilusão.
Perguntas e mais perguntas sem respostas.
Melhor é fechar os olhos e continuar a sonhar.
Pois apesar de tudo, o sonho é a unica maneira.
Onde a realidade me impede de chegar.

O que faz dum sonho especial!!!
Não é a quantidade do tempo que ele existe.
mas sim as partes que o compõe.
porque me deixaste só e sofrendo???
Porque fostes embora junto com o vento.
Insensível e cruel.
Deixando-me sozinha e com tanta desilusão.
Perguntas e mais perguntas sem respostas.
Melhor é fechar os olhos e continuar a sonhar.
Pois apesar de tudo, o sonho é a unica maneira.
Onde a realidade me impede de chegar.

O que faz dum sonho especial!!!
Não é a quantidade do tempo que ele existe.
mas sim as partes que o compõe.
Um pouco de mim
Mulher ainda menina...vivo no mundo da lua e isso causa-me problemas...confio muito nas pessoas e acabo sempre por me magoar...sou uma pessoa boa...uma boa amiga, e uma pessoa que gosta de poder ajudar. Sou apenas uma pessoa simples, que procura na vida, viver cada momento como se fosse o último, e sempre tento viver nas leis da vida e de Deus, intensamente.

Vivo na esperança, para mim não é um sonho, mas uma maneira de traduzir os sonhos em realidade.Cada erro na vida das pessoas serve apenas para nos mostrar o quanto é importante não desistir, fazendo de cada decepção uma lição de vida. Infelizmente nem todos conseguem concretizar seus sonhos, mas acredito que todos nós temos direito à esperança de um dia chegar lá! Faço sempre a minha estrela reluzir.
Estamos todos precisando de paz.

Vivo na esperança, para mim não é um sonho, mas uma maneira de traduzir os sonhos em realidade.Cada erro na vida das pessoas serve apenas para nos mostrar o quanto é importante não desistir, fazendo de cada decepção uma lição de vida. Infelizmente nem todos conseguem concretizar seus sonhos, mas acredito que todos nós temos direito à esperança de um dia chegar lá! Faço sempre a minha estrela reluzir.
Estamos todos precisando de paz.
segunda-feira, maio 22, 2006
BRUMAS

Madrugada sem dormir.
Espreitei pela janela.
Na bruma a lua chama-me.
Magnética e misteriosa.
Solitária como eu.
Em pensamento saio à rua.
Ao encontro da luz da lua.
Sigo o rasto por entre caminhos desertos.
Numa noite fria em que o vento murmura gemidos perdidos.
E as nuvens escuras falam de histórias inacabadas.
Caminho...lentamente e de destino escolhido.
Ao encontro das memórias de noites perdidas.
Junto ao mar e à luz da lua.
Noites partilhadas intermináveis.
Desertas de mágoa.
Plenas de silêncios e cumplicidade.
O frio na noite desperta-me.
A bruma que me envolve reconforta-me.
Porque hoje a minha alma é negra.
Plena de saudades e angústias.
E no meio da praia escura.
Onde finalmente aportei.
Sinto-me leve e solto as amarras.
Que me prendem à tristeza.
E envolvida pela luz da lua.
Renasço para lembranças.
E novamente junto-me a ti.
E sinto em mim. As tuas mãos.
No meu ouvido, os teus múrmurios.
E sei...que mesmo longe.
Estás aqui comigo.
Deito-me na areia.
Deixo o mar lavar-me a alma.
E com ele vem a calma.
Do soltar da angústia.
Do acabar do pesadelo.
E do chegar do momento.
Em que só e plena.
Me encontro connosco.
quinta-feira, maio 18, 2006
ESCREVER
A poesia surgiu em minha vida ainda nos sonhos de adolescente, quando menos esperava, lá estava eu com o papel e a caneta na mão, extravassando a minha emoção... Com o passar dos anos, acho que fui me perdendendo, esquecendo de como era bom embarcar nesta viagem.
Não segui carreira ligada ao mundo das letras, e pouco conhecimento tenho de Literatura. Escolhi relações públicas como profissão, pois nada se compara aos tesouros da alma.
Este dom maravilhoso de escrever ficou hibernado durante muitos anos, e como na vida nada acontece por acaso, foi um desses casos, na paixão, que ressurgiu a poetisa. Percebi que existiam em mim sentimentos que extasiavam meu coração, mas a única forma de vivenciá-la era atravéz de palavras. Meu estilo preferido é o lírico, onde escrevo sobre inquietações do coração.
O incentivo para continuar a escrever surgiu em Agosto/2004, quando publiquei uma das minhas poesias, no site poesia.
O reconhecimento e o carinho que recebi de algumas pessoas que me enviaram mensagens foi algo realmente muito gratificante e estimulante. Comecei a ver meus poemas espalhados pela Internet em sites de poesias, e aos poucos nasceu o desejo de ter o meu próprio espaço.
Aqui me exponho, de forma transparente. Neste espaço posso abrir as janelas do meu coração e espalhar ao mundo meus sentimentos, sonhos e fantasias em forma de poemas. A poesia para mim, é um desabafo da alma, às vezes apenas um sonho, ou simplesmente pura ilusão! Ela leva-me para onde desejo estar, e as fronteiras são muito fáceis de ultrapassar...apenas palavras!
A vida ultimamente tem sido muito generosa comigo, deu-me uma família linda, amigos maravilhosos, reais e virtuais!! A experiência mais agradável que a poesia me proporcionou foi redescobrir na alma! ou seguindo os caminhos que o meu coração ditar.
Não segui carreira ligada ao mundo das letras, e pouco conhecimento tenho de Literatura. Escolhi relações públicas como profissão, pois nada se compara aos tesouros da alma.Este dom maravilhoso de escrever ficou hibernado durante muitos anos, e como na vida nada acontece por acaso, foi um desses casos, na paixão, que ressurgiu a poetisa. Percebi que existiam em mim sentimentos que extasiavam meu coração, mas a única forma de vivenciá-la era atravéz de palavras. Meu estilo preferido é o lírico, onde escrevo sobre inquietações do coração.
O incentivo para continuar a escrever surgiu em Agosto/2004, quando publiquei uma das minhas poesias, no site poesia.
O reconhecimento e o carinho que recebi de algumas pessoas que me enviaram mensagens foi algo realmente muito gratificante e estimulante. Comecei a ver meus poemas espalhados pela Internet em sites de poesias, e aos poucos nasceu o desejo de ter o meu próprio espaço.
Aqui me exponho, de forma transparente. Neste espaço posso abrir as janelas do meu coração e espalhar ao mundo meus sentimentos, sonhos e fantasias em forma de poemas. A poesia para mim, é um desabafo da alma, às vezes apenas um sonho, ou simplesmente pura ilusão! Ela leva-me para onde desejo estar, e as fronteiras são muito fáceis de ultrapassar...apenas palavras!
A vida ultimamente tem sido muito generosa comigo, deu-me uma família linda, amigos maravilhosos, reais e virtuais!! A experiência mais agradável que a poesia me proporcionou foi redescobrir na alma! ou seguindo os caminhos que o meu coração ditar.
quarta-feira, maio 17, 2006
Nina pequenina
Neste dia ensolarado.Corre uma brisa leve.
E traz-me o teu sussuro.
na carícia das flores.
Tua mão alisa meu rosto.
Dissolvendo aquela lágrima teimosa.
Que não se conteve...
E tanto me dizias:
Nina pequenina não chores.
A mãe estará sempre aqui.
Não há ausência para o coração.
Para aqueles que se amam dentro da eternidade.
Dizias...Ensinavas...Repetias.
mas o que fazer mãe amada.
Se sou egoísta e queria-te aqui agora.
Sempre.
Sempre a meu lado.
segunda-feira, maio 15, 2006
CARTA
Reencontrei-me nas asas de uma estrela cadente, com o teu toque suave em minha pele, sentindo-me segura em teu abraço...Perdi-me nas ondas da tua voz, como se sempre tivesse navegado nesse mar de uma cálida calma, que me enfeitiçou sem o saber. Deixei-me embalar por cada gesto, fiz-me vento para te tocar visionando o teu sorriso, porque mesmo no silêncio daquela noite e na imobilidade dos nossos corpos eu era cada elemento que te tocava, embebedando-me de ti.

Hoje sou sangue, sangue que corre em ti, que percorre cada canto teu, do qual dependes, mesmo que não dês conta, sou o céu que acaricia a tua pele com cada raio de luz, sou a brisa que beija os teus cabelos tornando-os num ninho branco, onde deposito meus beijos, sou a lua que sorrateira abre a janela do teu leito apenas para te embalar. Torno-me os minutos da tua vida, esqueço-me, para me reencontrar em ti, porque tornei-me a tua imagem, a tua sombra.
Penso que nunca saberás o quanto o meu coração já se encontra dentro do teu, visto que já não sou dona dele, já esqueci a capacidade de algo te negar, pois o sorriso esboçado por esse orgão que muitos esquecem, é apenas conseguido quando o teu sorri.
Não conheço os passos que deste quando deixei de te poder tocar, já não me questiono sobre esse caminho, aprendi a respeitá-lo, a vê-lo apenas como companheiro, afinal mesmo na aflição que ardia dentro de mim ele trouxe-te de volta. A resposta não caminhou contigo, nem o teu coração sossegou, mas apenas a tua presença perto de mim se tornou a oferenda que não tenciono perder, porque é a pedra preciosa que guardo com a dedicação de uma amante temerosa, que pensa poder um dia perder os carinhos de quem mais amou.
Não posso deitar as cartas e tecer palavras bonitas a meu respeito, aliás nem sei se alguém as poder tecer, mas peço em silêncio com a força do meu coração que seja qual for os escritos do meu destino, eles apareção colados às linhas dos teus, e que...Eu nunca te perca...
Talvez nunca tenha dito numa voz marcante as palavras que enchem o meu coração, mas para que um dia as réstias das memorias contenham a coisa mais pura que um dia senti, farei com que o meu sentimento se torne eterno, sussurrando neste blog aquilo que me faz sentir...Amo-te meu amor

Hoje sou sangue, sangue que corre em ti, que percorre cada canto teu, do qual dependes, mesmo que não dês conta, sou o céu que acaricia a tua pele com cada raio de luz, sou a brisa que beija os teus cabelos tornando-os num ninho branco, onde deposito meus beijos, sou a lua que sorrateira abre a janela do teu leito apenas para te embalar. Torno-me os minutos da tua vida, esqueço-me, para me reencontrar em ti, porque tornei-me a tua imagem, a tua sombra.
Penso que nunca saberás o quanto o meu coração já se encontra dentro do teu, visto que já não sou dona dele, já esqueci a capacidade de algo te negar, pois o sorriso esboçado por esse orgão que muitos esquecem, é apenas conseguido quando o teu sorri.
Não conheço os passos que deste quando deixei de te poder tocar, já não me questiono sobre esse caminho, aprendi a respeitá-lo, a vê-lo apenas como companheiro, afinal mesmo na aflição que ardia dentro de mim ele trouxe-te de volta. A resposta não caminhou contigo, nem o teu coração sossegou, mas apenas a tua presença perto de mim se tornou a oferenda que não tenciono perder, porque é a pedra preciosa que guardo com a dedicação de uma amante temerosa, que pensa poder um dia perder os carinhos de quem mais amou.
Não posso deitar as cartas e tecer palavras bonitas a meu respeito, aliás nem sei se alguém as poder tecer, mas peço em silêncio com a força do meu coração que seja qual for os escritos do meu destino, eles apareção colados às linhas dos teus, e que...Eu nunca te perca...
Talvez nunca tenha dito numa voz marcante as palavras que enchem o meu coração, mas para que um dia as réstias das memorias contenham a coisa mais pura que um dia senti, farei com que o meu sentimento se torne eterno, sussurrando neste blog aquilo que me faz sentir...Amo-te meu amor
Hoje procurei-te por aí
Hoje a caminho do emprego, procurei-te por aí...
Entre as pessoas que passavam nos passeios.
Nos desenhos incertos da calçada.
Entre as caras que paravam ao lado do meu carro.
Nas vozes das músicas que tocavam.
Naquela avenida onde os pombos teimam ser estátuas em cima dos semáforos.
No pau de canela que mexia o meu café.
Por entre a multidão que dançava tango comigo.
À porta da drogaria entre vassouras, cordas e tachos.
Por entre as pessoas que caminhavam de cascol vermelho.
Dentro da livraria, na estante de poesia.
Na contra capa dos cds que peguei.
No sorriso simpático e contagiante do caixa.
Na farmácia no meio dos frascos parecidos com os pickles.
Nos cheiros novos que na perfumaria fizeram questão de me intoxicar.
No olhar que atravessou um montra em meu alcance...
Estavas sempre lá...
Entre as pessoas que passavam nos passeios.
Nos desenhos incertos da calçada.
Entre as caras que paravam ao lado do meu carro.
Nas vozes das músicas que tocavam.
Naquela avenida onde os pombos teimam ser estátuas em cima dos semáforos.
No pau de canela que mexia o meu café.
Por entre a multidão que dançava tango comigo.
À porta da drogaria entre vassouras, cordas e tachos.

Por entre as pessoas que caminhavam de cascol vermelho.
Dentro da livraria, na estante de poesia.
Na contra capa dos cds que peguei.
No sorriso simpático e contagiante do caixa.
Na farmácia no meio dos frascos parecidos com os pickles.
Nos cheiros novos que na perfumaria fizeram questão de me intoxicar.
No olhar que atravessou um montra em meu alcance...
Estavas sempre lá...
sexta-feira, maio 12, 2006
MEUS OLHOS DE POETA
Os meus olhos de água, são para reflectirem todas as cores do mundo, e as formas e as proporções exactas, mesmo das coisas que os sábios desconhecem.
Em meu olhar estão as distâncias sem mistério que há entre as estrelas, e estão as estrelas luzindo na penumbra dos bairros da miséria, com as silhuetas escuras dos meninos vadios esguedelhados ao vento. Em seu olhar estão as neves eternas dos himalaias vencidos, e as rugas maceradas das mães que perderam os filhos na luta entre as pátrias e o movimento ulutante das cidades marítimas onde se falam todas as linguas da terra e o gesto desolado dos homens que voltam ao lar com as mãos vazias e calejadas, e a luz do deserto incandescente e tremula, e os gestos dos pólos, brancos, brancos, e a sombra das pálpebras sobre o rosto das noivas que não noivaram.
E os tesouros dos oceanos desvendados maravilhando com contos-de-fada à hora da ninfa, e os trapos negros das mulheres dos pescadores esvoaçando como bandeiras aflitas correndo pela costa de mãos jogadas pró mar amaldiçoando a tempestade: Todas as cores, todas as formas do mundo se agitam e gritam nos olhos do poeta. Do seu olhar, que é um farol erguido no alto promontório, sai uma estrela voando nas trevas, tocando de esperança o coração dos homens de todas as latitudes. E os dias claros, inundados de vida, perdem o brilho nos olhos do poeta , que escreve poemas de revolta com tinta de sol na noite de angústia que pesa no mundo, e nos seus olhos de água. Dedicada, ao mundo dos meus olhos de água.
Em meu olhar estão as distâncias sem mistério que há entre as estrelas, e estão as estrelas luzindo na penumbra dos bairros da miséria, com as silhuetas escuras dos meninos vadios esguedelhados ao vento. Em seu olhar estão as neves eternas dos himalaias vencidos, e as rugas maceradas das mães que perderam os filhos na luta entre as pátrias e o movimento ulutante das cidades marítimas onde se falam todas as linguas da terra e o gesto desolado dos homens que voltam ao lar com as mãos vazias e calejadas, e a luz do deserto incandescente e tremula, e os gestos dos pólos, brancos, brancos, e a sombra das pálpebras sobre o rosto das noivas que não noivaram.

E os tesouros dos oceanos desvendados maravilhando com contos-de-fada à hora da ninfa, e os trapos negros das mulheres dos pescadores esvoaçando como bandeiras aflitas correndo pela costa de mãos jogadas pró mar amaldiçoando a tempestade: Todas as cores, todas as formas do mundo se agitam e gritam nos olhos do poeta. Do seu olhar, que é um farol erguido no alto promontório, sai uma estrela voando nas trevas, tocando de esperança o coração dos homens de todas as latitudes. E os dias claros, inundados de vida, perdem o brilho nos olhos do poeta , que escreve poemas de revolta com tinta de sol na noite de angústia que pesa no mundo, e nos seus olhos de água. Dedicada, ao mundo dos meus olhos de água.
quinta-feira, maio 11, 2006
DEDICATÓRIA
Esta mensagem é dedicada a todos os momentos que nós passamos juntos: Por cada beijo, cada abraço, e por cada lágrima que derramamos um pelo outro. É dedicada a cada precioso momento que nós criamos, apenas para estarmos um ao lado do outro. Por todas as vezes que lutamos, toda a angustia e lágrimas que nos rondavam. É dedicada a todas as coisas simples; pequenas coisas que fizeste e tens feito por mim.Que tornam cada segundo maravilhoso. É dedicada a todos os momentos em que tu estiveste lá, quando eu precisei de ti: Por todos os sacrifícios pessoais, que fizeste por mim.
Por todas as vezes que me compreendeste, e por todo o suporte que sempre me deste. É dedicada às belas lembranças do amor que nós fizemos e demos um ao outro. Por todo o carinho e amor que me tens dado, E principalmente, é dedicada a ti, para demonstrar o quanto tu és especial para mim, o quanto eu acredito nisso. Esta mensagem é do meu coração para agradecer por todas as coisas boas que fizeste por mim, e por todas as vezes que me esqueci de dizer, exatamente o que eu sentia por ti.
Esta mensagem tem por objectivo principal, lembrar-te que te amo, e sempre te amarei.
sexta-feira, maio 05, 2006
PALAVRAS
quinta-feira, maio 04, 2006
Estrelas
As estrelas gritam a saudade.Mas meu coração sossega aos passos do tempo.
Passos silenciosos.
Os quais só o coração ouve.
A vida se transforma numa canção linda.
Repleta de rimas, frases bonitas.
Palavras reais, fantasias são apenas miragens.
Conquistas são resultados de lutas.
Saudade sem limite.
Que se acalma quando o coração adormece.
E os sentimentos repousam.
Tempo que domina.
Sonhos que nascem.
Sentimentos que vão e vem.
Descobertas de grandes mistérios.
Mistério da vida.
Mistérios que o coração.
Desvenda a cada passo da felicidade.
Hoje nascem estrelas...
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